Do Niterói Rugby para a Seleção Brasileira: conheça a trajetória de Diogo Hubner no handebol

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Natural de Niterói, Diogo Hubner teve o primeiro contato com o Handebol em 1992, aos oito anos. O professor Luiz Antônio Brasil o viu jogando Futsal e convidou Diogo para começar no Handebol. Logo, ele já se dedicava em tempo integral ao esporte e sonhava e chegar longe no esporte. Três anos depois, Diogo começou a jogar pelo tradicional Niterói Rugby, clube que é referência no estado. Ele permaneceu ali por quatro anos e considera que foi uma fase de muito aprendizado. Em 1999, Diogo foi pela primeira vez a São Paulo, para jogar na então Metodista/São Bernardo/Petrobrás. A passagem durou apenas quatro meses, porque fatores como a distância da família pesaram. No entanto, em 2002, ele veio para ficar. E ficou por onze anos.

A determinação incessante em melhorar e o ritmo de jogo numa das melhores equipes do país logo chamaram a atenção da comissão técnica da Seleção Brasileira. Mas nem mesmo o próprio Diogo imaginava quão grande seria o resultado que viria. Primeiro, um Sul-Americano Cadete onde é capitão do time, artilheiro da competição e eleito o MVP. Depois, em 2003, o Mundial Júnior, onde ajudou o Brasil a conquistar a oitava colocação. Era o posto mais alto já atingido pela Seleção na categoria. Em janeiro de 2005, Diogo viajou para a Tunísia com a Seleção Brasileira Adulta. Numa época em que o Brasil buscava um crescimento sólido no cenário internacional, Diogo foi peça chave para classificar à Seleção à fase eliminatória. Diogo vem fazendo história até hoje, confira a entrevista e saiba um pouco mais de sua história!

Sabemos que o seu interesse pelo esporte surgiu em 1992, enquanto estudava no Centro Educacional de Niterói (CEN). Poderia nos contar um pouco mais sobre o começo de sua ligação com o handebol?

Eu comecei a jogar no Centro Educacional de Niterói, aí em Niterói, no Rio de Janeiro, e, na verdade, eu comecei jogando como goleiro de futsal. Na época, eu era bem alto e tive o convite do Professor Luiz Antônio Brasil, que era o mesmo professor do futsal e do handebol, para participar das aulas eletivas de handebol no colégio, e foi paixão à primeira vista. Desde o primeiro treino, eu me apaixonei pela modalidade, e sabia que era o que eu queria participar na escola. Durante um tempo ainda pratiquei as duas, mas logo já fui direcionado e fiquei no handebol.

Foto: Reprodução/Instagram

A partir de 1995, você ficou quase quatro anos atuando para o clube local Niterói Rugby, tentando aos 16 anos migrar para São Paulo em busca de aprimoramento profissional. Como foi sua experiência em São Paulo, e o que o fez querer sair do Metodista e voltar?

Então, 1995 foi o meu primeiro ano no clube, no Niterói Rugby e fiquei jogando até 1998. No finalzinho desse último ano surgiu o convite da Metodista/São Bernardo de São Paulo, eu comecei lá no início de 1999, foi uma experiência muito boa, mas, ao mesmo tempo meio frustrante. Eu fiquei pouco tempo lá, na verdade, eu não estava pronto, não estava preparado psicologicamente para ficar longe de casa, para sair da saia da mãe mesmo, e acabei ficando apenas seis meses em São Paulo. Então, foi o primeiro contato, vamos dizer assim, com o handebol profissional, porém muito jovem ainda, e acabou que “o melhor dos mundos” não foi como eu imaginei, era só glória, só jogar e coisas legais, mais não. Eu tinha minhas responsabilidades, e para um menino de 16 anos, foi meio difícil de se lidar, ainda mais de escola e de acordar sozinho. Sempre tive muita mão em casa, e infelizmente ou felizmente não deu certo.

Durante sua passagem pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, uma decepção profissional de época, quase o fez abandonar o esporte. Você já parou para pensar em tudo que iria ter perdido com essa decisão? Como você enxerga esse momento que aconteceu em sua vida?

Saindo de São Paulo com 16 anos, eu voltei para o Niterói Rugby, terminando a temporada de 1999, e no ano de 2000, o Clube de Regatas Vasco da Gama montou um projeto olímpico enorme, então levou muitos jogadores de várias modalidades olímpicas para dentro do clube, e com o handebol não foi diferente, eu ainda muito jovem, entrei nesse projeto na categoria juvenil. Às vezes, tínhamos a oportunidade de treinar com adultos que era a base da Seleção Brasileira na época, e se passaram dois anos no Vasco. No final de 2001, tive um contato da equipe de Campos, uma equipe que teve a intenção de se iniciar, mais acabou não dando certo. No início de 2002, foi ficar um mês treinando lá, e nós soubemos que a equipe não iria existir.
Nesse momento, eu falei “cara, deu para mim de handebol”, vou estudar, correr atrás da minha vida, estava com 19 anos, pensando em ingressar em uma faculdade, e trilhar o caminho que a maioria das pessoas trilham. Nesse momento a Metodista que me fez outro convite para retornar para São Paulo. Foi um momento difícil, mas também curto, porque foi pouco tempo entre o fim sem começo da equipe de Campos e o convite da Metodista. Foi um espaço de uma semana, então não deu nem tempo de pensar muito do que seria da minha vida sem o handebol.

Foto: Reprodução/Instagram

Depois da sua saída do Vasco da Gama, o ADC Metodista de São Bernardo o convidou para integrar o elenco de jogadores. O que mudou em sua carreira após esse começo no time?

Quando fui convidado para jogar no Metodista pela segunda vez em 2002, aí eu realmente sabia que eu queria jogar handebol, me tornar um atleta, e de fato mergulhar na modalidade. Tudo passou a mudar, a dedicação, ainda tinha uma preocupação muito grande com os estudos por parte da Metodista, pela Universidade Metodista de São Paulo, a UMESP, ser a mantenedora da equipe, existia essa cobrança muito grande para que os atletas estudassem e se formarem. Porém, apesar de ter sempre essa preocupação acadêmica, sempre tive o foco no handebol, objetivando me tornar um atleta de ponta, disputando as principais competições com o clube também, deslumbrando as Seleções Brasileiras, as categorias de base e seleção adulta. Aquele momento foi um divisor de águas, porque agora era ir de cabeça na modalidade.

Desde 2001 e 2004, você participava de campeonatos Pan-Americanos nas categorias júnior e juvenil. Guarda boas lembranças dessa época?

As lembranças das categorias de base, seleção juvenil e júnior são maravilhosas! Os primeiros contatos com a camiseta da seleção, com o hino nacional em competições internacionais, representando o seu país, são lembranças maravilhosas. É o esporte pelo esporte, você luta para estar ali na seleção e o momento que você está representando o país, uma nação, realmente é incrível. Eu guardo com muito carinho na memória, e vou guardar para sempre, não tem como ser diferente.

Foto: Reprodução/Instagram

No ano de 2015, tivemos a sua conquista como medalhista de ouro nos Jogos Pan-Americanos que ocorreram na cidade de Toronto, Canadá, sendo que no ano anterior, já tinha ganho medalha de ouro do Sul-Americano em Santiago, no Chile. Como foi comemorar essa conquista dupla?

Falando sobre Toronto e os Jogos Sul-Americanos de 2014 que foram realizados no Chile, eu também guardo com muito carinho. Eu penso que como qualquer título, como qualquer competição que você disputa e está com a seleção são competições especiais. Realmente o Pan-Americano de Toronto foi uma competição muito especial, tem um fato até curioso, que eu estava muito bem no jogo, estava jogando e exercendo o meu papel muito bem, a competição estava sendo muito efetiva, principalmente nas cobranças de tiro de sete metros, o pênalti do handebol. Eu estava 9/9 na competição, eu tinha cobrado nove tiros de sete metros, aí faltando dois segundos para encerar a partida no tempo normal, o jogo estava empatado, e eu tive uma cobrança de sete metros na minha mão, e infelizmente eu errei os sete metros, aí o jogo foi para a prorrogação. Graças a Deus! Foi tudo certo, nós fomos campeões, porque, eu acredito que se a gente não tivesse sido, teria se transformado em uma mancha na minha carreira, mais graças a Deus deu tudo certo. Foram duas conquistas que eu guardo com muito carinho também.

Tive outras competições com a seleção, algumas derrotas que também marcaram muito, mais essas com certeza têm um gosto especial.

Você esteve integrou a Seleção Brasileira de Handebol Masculino nos Jogos Olímpicos de 2016, que foi a última edição do evento, onde o Rio de Janeiro foi o anfitrião. Como você descreve esse momento em sua vida e como avalia a sua trajetória até o momento atual?

A participação nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, com certeza fechou um ciclo meu com a seleção, foram períodos que eu sempre buscar estar ao lado da seleção quando ela iria participar dos eventos olímpicos. Não tive sucesso nas Olimpíadas anteriores, mas nessa edição do Rio, eu consegui me manter dentro do grupo, e combinar com a minha participação nos Jogos Olímpicos no Rio.

Após as Olimpíadas do Rio, eu encerrei o meu ciclo com a seleção, foram muitos anos defendendo a Seleção Brasileira, e acredito que não teve maneira melhor de encerar minha participação do que nos Jogos Olímpicos dentro de casa, na minha cidade natal, com toda a minha família presente na arquibancada, amigos e fãs. Foi um momento muito especial na minha carreira, e hoje ela segue dentro da modalidade, estou no Pinheiros já há quatro temporadas. O meu desejo é o de melhorar a cada dia, dependendo da minha idade, hoje eu estou com 37 anos, mais eu quero melhorar, eu quero vencer a próxima competição, me preocupo com o meu preparo, para que isso se torne sempre uma realidade dentro das temporadas que ainda restam na minha carreira.

Última fase de treinamentos antes dos jogos olímpicos do Rio 2016 (Foto: Reprodução/Instagram)
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