“Discipline”: Novo single de Pris reflete sobre autodisciplina e lançamento de álbum marca nova fase da artista

Pris (Felipe Cunha)
Pris (Felipe Cunha)

A cantora e compositora paulistana Pris lança o single “Discipline”, disponível em todas as plataformas de música a partir de agora, e que reflete sobre o potencial criativo desperdiçado por distrações e a importância da autodisciplina. O lançamento do single é um prelúdio para o primeiro álbum de carreira da artista, intitulado “Multidimensional”, previsto para este ano. Com influências de neo soul, rap-jazz, bossa nova e lo-fi, o álbum explora a não linearidade da vida e a multidimensionalidade humana.

Você mencionou que o single “Discipline” reflete a importância da autodisciplina. Como você percebe que a autodisciplina influenciou sua própria jornada como artista?

Acho que o primeiro ponto para mim foi entender o impacto que a ausência da autodisciplina teve em minha jornada como artista. Eu sempre sonhei alto, sempre fui criativa e sempre tive muitos interesses. E isso, para a parte da criação artística é muito importante. Porém, sem a disciplina necessária para organizar esses aspectos e tangibilizá-los até que se materializem, eu noto que acabei adicionando um tempo além do necessário para realizar muitos dos meus objetivos musicais. Sem foco, sonhos permanecem sonhos. Quando comecei a trabalhar em mim para desenvolver a disciplina, notei que as coisas começaram a acontecer num ritmo diferente dos anos em que eu me movi pela vida de forma desordenada. Minha autoestima melhorou, porque passei a cumprir mais os compromissos que estabelecia comigo mesma e isso foi gerando um senso de respeito próprio que jamais me lembro de ter tido. Meu senso de bem estar aumentou muito, porque eu me tornei mais disciplinada também em me cuidar e garantir que as minhas necessidades sejam supridas (exercício, boa alimentação, práticas meditativas/espirituais, alimentar minha mente com informações de valor e autoconhecimento). Isso tudo fez com que minha carreira fluísse melhor do que no passado. E ouso dizer que estou apenas no começo dessa jornada, sempre dá pra melhorar e muito!

O que te inspirou a explorar o conceito de multidimensionalidade em seu novo álbum “Multidimensional”? Como isso se reflete nas músicas e no processo criativo?

Nos meus estudos sobre desenvolvimento da consciência humana e autoconhecimento, me deparei com o entendimento (se é que posso chamar assim, pois sabemos tão pouco do que realmente existe) de que nossa vida não é linear. Apesar de o nosso mundo físico ser dual, nossa consciência não é. Não existimos apenas em pólos: bom X ruim, quente X frio, problema X solução. O que define como será a nossa experiência de vida é a percepção e o significado que damos aos acontecimentos. Quanto mais ângulos eu puder enxergar de uma mesma situação, mais escolha eu tenho sobre como posso responder a ela. O tanto de escolha que eu enxergo, é o tanto de dimensões que se tornam disponíveis ali naquele momento. O multiverso explicado de uma forma simplista, talvez. Se eu vivo algo e escolho apenas enxergar pela ótica de que é um problema, por exemplo, estarei limitando minha experiência a isso, apenas enxergarei aquele ângulo e isso influenciará em todas as minhas decisões. Quando entendo que sou multidimensional e tomo o controle da minha narrativa, sem me limitar apenas a um espectro desfavorável, todo o meu relacionamento com a vida muda. As músicas em geral falam sobre isso. Não tanto de um ponto de vista metafísico, mas aplicando esse entendimento para situações cotidianas que eu vivi e em que tentei enxergar/me relacionar através de perspectivas que iam além do que os olhos poderiam ver, que me faziam aprender e (quiçá) evoluir como pessoa.

Pris (Felipe Cunha)
Pris (Felipe Cunha)

Você falou sobre a influência da moda e dos visuais no projeto Multidimensional. Como você acredita que a estética e a moda podem complementar e enriquecer a experiência musical?

Eu acredito que a moda e os elementos visuais são extensões do trabalho musical. A música não é apenas o som que se escuta, são os sentimentos que ela evoca, as imagens mentais que nós produzimos ao nos conectarmos com ela, o encaixe que damos a ela em uma determinada fase de nossa vida. Então, quanto mais elementos pudermos adicionar para dar vida ao projeto musical, mais rica e talvez inspiradora fica a experiência para o ouvinte. Nós somos seres auditivos, visuais e sinestésicos então eu acho muito importante explorar todos esses aspectos, principalmente em se tratando de um álbum que é um trabalho que exige uma maior profundidade.

Como foi o processo de criação e produção do seu primeiro álbum, especialmente ao combinar elementos de neo soul, rap-jazz, bossa nova e lo-fi? Houve algum desafio específico em misturar esses estilos?

Foi um processo realmente incrível. Talvez uma das top 3 experiências da minha vida até o momento. Eu vivi todas as etapas da concepção desse álbum com tanta presença que parece que durou anos e ao mesmo tempo foi como se tivesse iniciado ontem. Paradoxal, eu sei, mas a vida também é, né? Se tem uma coisa que eu amo na composição musical é misturar estilos diferentes num mesmo som. Pegar elementos de jazz e misturar ao rap, criar uma bossa nova mas com uma toada moderna, buscar referências clássicas e também atuais, é algo que me brilha muito os olhos. O desafio que envolve é que você precisa se manter muito consciente no processo, para que não vire uma grande salada de frutas (risos) e para que esses estilos se misturem de forma fluída e criem uma unidade.

Paris
Paris

Qual foi a experiência mais marcante para você durante a produção do álbum “Multidimensional”? Houve algum momento ou sessão de gravação que se destacou?

Difícil dizer qual foi o mais marcante porque foram muitos! Cada música teve o seu momento A-HÁ e felizmente nós capturamos todo o processo em vídeo para documentar quase tudo o que foi envolvido na criação desse álbum. Eu diria que a primeira e a segunda sessão de gravação (foram várias) se destacaram em relação às seguintes, porque foram aquelas em que pegamos algo muito cru e começamos a modelar para chegar no resultado  desejado. Cheguei no estúdio apenas com as letras e melodia e harmonia (preliminares) no violão e começamos a realmente transformar aquilo (de acordo com as referências) em naquilo que eu tinha visualizado meses antes quando decidi gravar o álbum. E como é um som totalmente diferente do que eu já havia feito na minha carreira, eu fiquei ainda mais impressionada com o resultado, porque matou o medo que eu estava de não dar conta de bancar aquela mudança e me aproximar das minhas referências em termos de qualidade. Quando eu ouvi as primeiras versões das músicas que gravamos, eu fiquei maravilhada com o fato de que aquilo que eu tinha imaginado estava tomando forma. É tipo pegar um grande pedaço disforme de argila e transformar num lindo vaso.

Você mencionou referências de artistas como Tom Misch, Mac Miller e Billie Eilish em seu trabalho. De que forma essas influências ajudaram a moldar o som e a estética do seu álbum?

As referências são muito importantes para dar um ponto de partida e servirem de guia durante o processo de concepção. Eu tinha uma ideia bastante específica do tipo de música que gostaria de fazer, porém como estamos falando da mistura elementos de diversos estilos diferentes, sem ter uma base poderia acabar dando um tiro no pé. Eu realmente não queria fazer um som Pop e essa foi uma diretriz específica que seguimos. Queria me distanciar disso para conseguir criar algo bem diferente do que eu costumava fazer e ter as referências musicais pré-estabelecidas foi fundamental para redirecionar a rota quando acabávamos caindo em um caminho conhecido. E eu acho que além disso existe também o fator inspiração. Esses artistas são pessoas que admiro muito e que eu realmente amo escutar, então me conectar com eles me inspirou muito para criar o meu próprio som. A admiração quando se torna inspiração, move montanhas.

O clipe da canção “Discipline” foi lançado no YouTube. Como você decidiu que a parte visual e o clipe deveriam capturar a essência da música e do álbum?

Discipline é como se fosse uma síntese do álbum. Ela traz muitos dos elementos chave que permearam esse trabalho em todas as músicas e por isso optei por fazer um clipe que fosse a representação disso: cenas do processo de criação, produção e gravação. Acho que dessa forma procurei cristalizar em uma das músicas o todo desses momentos tão especiais que mudaram a forma como me enxergo como artista, a forma que faço música e que trouxeram tanta evolução.

Qual é a sua expectativa para o impacto que o álbum “Multidimensional” terá na sua carreira e na forma como seus fãs percebem sua música? Há algo específico que você espera alcançar com este lançamento?

Esse álbum representa uma mudança fundamental na minha sonoridade como artista. Eu usei os anos iniciais da minha carreira para experimentar diferentes estilos musicais, para me conhecer mais nesse sentido e para, à partir desse autoconhecimento, poder me direcionar para o que eu mais gostaria de fazer. Porém, quando decidi fazer esse álbum, não estava mais buscando experimentação. Eu sabia muito bem o que eu gostaria de criar, sabia onde gostaria de chegar e queria seguir um caminho específico. Foi um trabalho muito mais consciente do que o que eu havia feito no passado. Eu espero que isso seja sentido pelas pessoas que decidirem acompanhar o meu trabalho, porque colocamos intenções muito mais fortes em sua criação e acredito que nunca fiz um som que representasse tanto quem eu estou sendo/quero ser, quanto o desse disco. Espero que motive as pessoas a refletirem e buscarem esse tipo de autoconhecimento em suas próprias vidas, ao mesmo tempo que sirva como uma ponte que as transporte para momentos de descompressão no dia-a-dia, relaxamento, alívio ou o que quer que estejam buscando para se sentirem bem ao ouvirem música.

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