Com uma vida praticamente dedicada á educação do país, a pedagoga Claudia Regina Braz de Souza possui mais de 28 anos de magistrado. Sua experiência já foi comprovada pelas suas passagens pelas principais instituições educacionais da cidade de Niterói, e hoje, ela assume com orgulho a direção pedagógica do Colégio Salesiano Região Oceânica, localizado no bairro de Piratininga.
Em entrevista ao jornalista Luca Moreira, a educadora comentou como está sendo trabalhar com as mudanças constantes que estão sendo impostas na educação nos tempos de pandemia e comenta sua experiência na gestão escolar. Confira a entrevista!
Nesse mês de março, a educação no Brasil sofreu um “efeito montanha-russa” devido às complicações da pandemia e o medo do contágio pelo novo coronavirus. Foram questões de dias, e o que não faltou foram discussões a respeito desse tema entre os pais. Qual é o seu posicionamento em relação ao momento atual que a educação está vivendo?
Não só neste mês de março, mas estamos vivendo dias incertos desde março de 2020. O nosso posicionamento, assim como nossas ações, são sempre em acordo com as orientações das Secretarias de Saúde e de Educação. São momentos delicados, que requer flexibilidade nos planejamentos, bom senso, sabedoria e muita tranquilidade para encararmos os desafios.
Atualmente, a senhora está como diretora pedagógica do Colégio Salesiano Região Oceânica, uma instituição de renome não só em Niterói, mas no Brasil inteiro. Sendo responsável pelas atividades do colégio, quais as principais mudanças que pode notar em relação ao comportamento dos alunos em relação com o ambiente estudantil, e como o ensino à distância afetou o desenvolvimento dos alunos?
Com a experiência de 2020, percebemos que apesar da distância física, nunca estivemos tão próximos. A equipe docente se reinventou, e apesar do início difícil e novo para todos nós, demos continuidade ao processo ensino-aprendizagem no formato remoto com a mesma excelência de sempre! Os alunos nos surpreenderam, demonstrando conhecimento tecnológico (muitas vezes até nos ajudando) e uma maturidade incrível para lidar com o cenário, ajudando uns aos outros nos momentos mais difíceis.
Durante seus anos na educação, a senhora já esteve à frente de diversas bancas de criação de questões para concursos públicos da CESGRANRIO, responsável pela admissão na UFRJ, Petrobrás, entre outros. É comum vermos relatos de pessoas que ficam nervosas em relação há algumas provas, então, pensando nisso, vem a pergunta que nunca tem fim: quais são os principais erros que observa na hora dos candidatos irem realizar os exames?
Cada exame externo tem sua peculiaridade, e é importante o alunado conhecer o perfil de cada prova. Mas, uma vez bem preparados, o que pode atrapalhar é o lado emocional. Então é importante trabalharmos também essa questão com os nossos alunos, para que se sintam seguros num momento de avaliação.
Como muitos anos de vida dedicados ao ensino, já se foram várias décadas em que teve passagens pelo La Salle Abel, MV1 Icaraí, Centro Educacional de Itaipuaçu, Cirandinha e Instituto Elo, antes de ingressar na Rede Salesiana. Quais foram as principais mudanças que pode perceber nas salas de aula nessa nova geração de alunos que está tendo hoje, e como essas mudanças refletiram na convivência social deles?
Muita coisa mudou nessas três décadas dedicadas à Educação. O tempo é outro, a sociedade é outra, e todas as mudanças refletem na sala de aula. Mas vejo ganhos muito interessantes, como por exemplo na relação professor-aluno, que hoje é muito mais próxima e menos hierárquica. E isso é ótimo! Ambos aprendem, e o conhecimento flui mais naturalmente.
A grande maioria da sua atuação curricular foi direcionada para área de educação infantil e ensino fundamental. A transição dos estímulos que os alunos recebem nas salas do fundamental para o ensino médio, que são duas fases da trajetória escolar, o sentimento de mudança chega a ser sentida de maneira muito repentina pelos estudantes?
Trabalhei em todos os segmentos de ensino, e cada transição tem seus desafios, interesses e curiosidade. A passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, onde em geral a criança sai de uma rotina mais coletiva, incluindo o mobiliário da sala de aula, e passa a desenvolver atividades mais individuais, é um crescimento. A passagem dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, para os Anos Finais, também é recheada de expectativa, onde normalmente o aluno deixa de ter uma só professora regente (referência) e passa a ter uma série de professores. Cada um com características próprias e a criança (agora um pré-adolescente) tem que aprender a lidar com as diferenças. E mais pra frente com a passagem do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, onde se espera (e se exige) mais maturidade do aluno e o preparo para sua escolha profissional. Cada fase, um desafio. Cada fase, um aprendizado. E é maravilhoso acompanha-los!
Apesar de não constar nenhum colégio público em seu currículo, você deve estar ciente da situação precária que várias instituições que são administradas pelos governos passam durante suas trajetórias em termos de infraestrutura e materiais didáticos. Qual é a opinião da senhora em relação á essa crise que vem decorrendo há anos?
Minha experiência no ensino público realmente é pequena, mas fui concursada da Prefeitura de Niterói, e lá trabalhei por dois anos, numa creche municipal.
Infelizmente o que vemos é a falta de investimento na Educação, um ambiente desfavorável, e toda consequência disso tudo. Mas por outro lado conheço professores que atuam nos setores públicos com muita dedicação e amor. Para não entrarmos em outra seara, o que posso afirmar, é que não há progresso nacional sem valor e investimento na Educação de um país.
A educação constitui-se um ponto estratégico para o desenvolvimento social. Refletindo sobre os desafios enfrentados na atualidade, a senhora acredita que mesmo em tempos de pandemia é possível provocar transformações dentro desta relação da educação com a sociedade?
Com certeza! É através da Educação que uma sociedade se transforma, se educa, se sensibiliza e contribui para um mundo melhor!
Tenho muita honra e gratidão pela oportunidade de trabalhar numa escola com uma proposta pedagógica e pastoral, onde o currículo é permeado por valores sociais e espirituais, cujo lema é formar bons cristãos e honestos cidadãos.
Com a experiência das aulas online colocada em prática durante o período de isolamento, essa questão colocou as instituições educacionais diante de alguns dilemas, como fazer um bom aproveitamento do potencial pedagógico com a utilização da tecnologia. Como a senhora tem lidado com essa questão?
Trabalho numa instituição que tem a vantagem de já ter seu material didático digital. Isso facilitou o processo de migração para o ensino remoto de forma um pouco mais tranquila. Mas todos nós aprendemos essa nova forma de ensinar e aprender. Certamente não sairemos os mesmos dessa experiência.
Agora, com o ensino híbrido, mais desafios e mais aprendizados. Percebemos que podemos ter a tecnologia a nosso favor contribuindo para o processo ensino-aprendizagem, de maneira mais lúdica e gostosa, e encurtando distâncias.
Acompanhe o Salesiano Niterói no Instagram