Decola, um rapper brasileiro radicado em Portugal, está conquistando novos horizontes além-mar com o lançamento de sua primeira mixtape, intitulada “Deadline”. Com nove faixas que abordam temas como vida, morte, luta pelo sucesso e sua relação com Deus, o álbum reflete a urgência de seus versos afiados. “Deadline” já está disponível nas principais plataformas de música.
A mixtape marca a confluência das jornadas de Decola, que começou como designer e encontrou na música uma forma de expressão poderosa. O título “Deadline” faz referência ao prazo máximo de um trabalho, evidenciando a ânsia do rapper em compartilhar sua mensagem através do flow do rap.
A faixa-título da mixtape serve como um manifesto artístico de Decola, revelando sua decisão de abandonar outros projetos para se dedicar inteiramente à música. Como um carioca vivendo na Europa, Decola enfrentou desafios como imigrante em busca de seu espaço na cena do rap. Seu nome artístico surgiu de sua experiência de voar de avião para alcançar seus objetivos, expressando suas vivências e raízes sem perder suas origens.
As letras de Decola são inspiradas em sua própria luta contra a depressão, o desemprego e a perda de amigos de infância. Suas composições transitam entre a sátira e assuntos sérios, combinando o clássico braggadocio do rap com um humor autodepreciativo. As faixas apresentam uma fusão de estilos musicais como soul, rock, samba e house music.
Decola adota uma filosofia de trabalho inspirada por artistas como Russ e BONES, lançando música de forma frequente e interagindo constantemente com seus fãs. Essa abordagem resultou em um aprimoramento das bases orgânicas de divulgação e na construção de conexões ao longo dos últimos quatro anos. Com dois EPs e quatro singles já lançados, Decola está em plena ascensão, preparando-se para o lançamento de sua segunda mixtape, “Radar”, prevista para o segundo semestre de 2023.
Como surgiu a sua paixão pelo rap e o que o motivou a abandonar outros projetos para se dedicar integralmente à música?
Minha paixão pelo rap começou ainda em 2003, quando eu tinha 13 anos, quando entrei em contato pela primeira vez com rappers como 50 cent, Eminem, Racionais, Black Alien e Marcelo D2. Na época os discos que eu mais ouvia era “Get Rich or Die Tryin”, “A procura da Batida perfeita” e “Babylon By Gus”. Mas foi apenas em 2019 que pensei pela primeira vez em tentar uma carreira na música. A Decisão veio da minha experiência nesse ano, que ao me ver sem trabalho e empobrecendo muito rápido com a desvalorização do real, virei corretor de imóveis na cidade que vivo em Portugal. Depois de 7 meses de muita dificuldade e imensos desafios eu consegui realizar uma série de negócios que me dê um imenso sentimento de potência. O sentimento me deu uma sensação de que eu era capaz de qualquer coisa, e seu eu pudesse fazer qualquer coisa, eu gostaria de cantar.
Quais são as principais inspirações por trás das letras das suas músicas? Como a sua luta contra a depressão e outras dificuldades pessoais influencia a sua arte?
Meu principal material de inspiração é o espaço entre o material e o imaterial. Sou obcecado pela força das ideias e de como elas são capazes de mudar nossa realidade. Meu nome artístico vem do fato de eu ter virado rapper depois de ter passado por avião e mudado de país, mas também faz alusão ao carácter aéreo da minha personalidade e com quero “inspirar” as pessoas a vencer seus próprios desafios. Convivo com a depressão desde os 11 anos, ela é uma acompanhante bem mais comum e presente do que gostaria de admitir, até porque convivo com intensas variações de humor.
Como foi o processo de criação e produção da mixtape “Deadline”? Quais foram os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas durante esse processo?
DEADLINE é meu projeto mais ambicioso até agora porque é o mais longo e acredito que minha maior força está na produção, tenho convicção que sou um dos artistas com maior volume de intensidade de trabalho no Brasil e em Portugal. Só creio que tenham artistas com uma intensidade semelhante à minha, mas maior não, porque eu aposto que eu trabalho mais que a maioria. Meu gás vem da força do meu desejo de me estabelecer como artista, mas também do que aprendi nos desafios como um corretor de imóveis em um país estrangeiro, onde trabalhei por horas com fome, no calor e no frio. Estamos falando de DEADLINE, mas minha próxima tape já está pronta e estou nesse momento produzindo material já para 2024. O maior desafio é o dinheiro, é caro se manter na música e lutar por um espaço no “mar de notoriedade”. Mas eu tenho paciência e principalmente, eu tenho muita música pra lançar.
Como você descreveria o estilo musical e as influências presentes na mixtape? Como você combinou diferentes gêneros musicais para criar um som único?
Minhas maiores inspirações na música são ASAP Rocky, Black Alien e e Kendrick Lamar. Mas tenho uma forte ligação com Raul Seixas e The Blues Brothers. Então acho que pode se dizer que o Decola é o resultado dessas inspirações todas com meu estilo diferente de cantar e interpretar.
Quais são as principais mensagens que você espera transmitir aos ouvintes por meio das suas letras e do seu flow?
Meu maior objetivo com a música é prestar homenagem a própria música negra. Minha musa nas minhas letras são o próprio Hip-hop, que as vezes está “disfarçado” de uma mulher, de uma droga ou de dinheiro. Mas posso simplificar dizendo que o quero mais é inspirar pessoas, fazê-las levantar do chão.
Como tem sido a recepção do público em relação aos seus lançamentos anteriores, como os EPs e os singles? O que você espera alcançar com a mixtape “Deadline” em termos de impacto e alcance?
O objetivo de DEADLINE é me estabelecer como artista. Eu sei o que sou capaz, e quero mostrar minha imensa versatilidade e disposição para me tornar um nome relevante no cenário de rap. O que faço é diferente dos demais, e sei que com os contactos e as apostas certas, tenho condição de me tornar um dos maiores nomes da cultura hip-hop no Brasil.
Você mencionou que segue uma filosofia de trabalho baseada na constante interação com os fãs. Como você utiliza as redes sociais e outras plataformas para promover sua música e se conectar com seu público?
Eu tento fazer isso através de dados, porque sentimentos são como nuvens, podem ser belos, mas mudam constantemente. Por isso, tento me ater aos dados, fornecidos pelas plataformas de streaming, para aprender com as reações das minhas músicas os próximos passos a tomar. Mas também não tento “adivinhar” e muito menos me “adequar” ao mercado. A demanda é sempre “deformada” pela força dos marketings, mas como diz o Black Alien “música boa é pra sempre” e o que quero fazer é música boa.
Quais são os próximos passos da sua carreira? Você pode compartilhar algumas informações sobre os projetos futuros, como a segunda mixtape “Radar”?
Meu próximo passo vai ser o lançamento dos singles da minha próxima tape “RADAR”, que vai ser um projeto quase todo dedicado ao conceito de “Inspiração vs trabalho”. Esse projeto vai ser de longe o meu mais refinado, pois agora estou trabalhando com uma equipe maior e cheia de gente que acredita no meu potencial.
Como é a sua abordagem em relação aos shows ao vivo? O que os fãs podem esperar das suas performances no palco?
Para ser sincero eu não penso muito em show nesse momento, porque estou 100% concentrado em criar músicas. Algo que certamente irá diferenciar meu trabalho de outros rappers será meu volume de lançamentos, porque pretendo manter uma “média” de pelo menos 4 lançamentos de álbuns/mixtapes por anos. Neste ano será 1 EP e duas MIXTAPES, mas ainda não fiz nem um ano de carreira. Sei que para muitos artistas o grande sonho é tocar um grande festival, mas para mim é realmente só criar, nesse sentido vivo meu sonho todos os dias em que faço música.
Como você descreveria a sua jornada como artista até agora? Quais foram os momentos mais marcantes e as lições aprendidas ao longo do caminho?
O mais marcante foi contar para minha família que iria mudar de direção tão bruscamente, mas na verdade encontrei mais apoio do que imaginei. Não é fácil acreditar num artista ainda em ascensão, com muitas promessas e algumas, mas ainda poucas, conquistas. Mas meu volume de trabalho fala muito alto, quem entra em contato comigo percebe que tenho uma energia e sentido urgência muito elevado. Minha maior qualidade é a criatividade, sou capaz de fazer letras e música para qualquer artista, por isso sinto e sei do espaço que está à minha espera. Acho que a maior lição é que não existe demarcador para o que é o sucesso, nós é que o definimos. Eu não estou perto de onde quero estar ainda, mas sei que a cada trabalho que lanço eu estou mais perto.
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