Com 38 anos dedicados à música, mergulhando nas raízes da tradição árabe e reinventando o alaúde (oud) com sua assinatura única, Sami Bordokan faz uma transição memorável dos concertos para o palco teatral. Nascido em São Paulo, filho de libaneses, sua vida tem sido uma ponte cultural vibrante, misturando melodias ancestrais com a rica diversidade do Brasil. Agora, em sua estreia como ator no aclamado espetáculo “O Profeta”, Sami promete envolver o público em uma experiência espiritual e emocional inesquecível. De peças eruditas árabes a composições autorais que atravessam séculos, sua jornada musical agora se une ao teatro para contar histórias que tocam a alma.

Sami, desde a infância você esteve imerso na música árabe, inspirado principalmente por seu pai. Como essas raízes familiares influenciaram sua jornada musical até hoje?

A música é uma jornada espiritual, uma viagem ao nosso verdadeiro eu, à nossa essência. Ela tem um início, mas não tem fim. É uma busca constante.

Você traz uma abordagem única para a música árabe, fundindo diversas influências, desde o canto Bizantino até o flamenco. Como você descreveria o processo de incorporar essas diferentes tradições em seu estilo pessoal de tocar o alaúde e cantar?

Todos temos uma identidade pessoal na forma de tocar e de cantar, mas ao mesmo tempo, somos influenciados pela música ao nosso redor. É muito importante estar aberto às sonoridades que estão à nossa volta, mas também ter senso crítico e poder selecionar o que há de mais nobre.

A sua busca incansável pelas raízes da música clássica árabe o levou a explorar diversos países, como Líbano, Síria e Egito. Como essas experiências moldaram sua compreensão e interpretação da música árabe?

Foi durante esse processo de estudo profundo no oriente que fui descobrindo que a música era algo muito mais complexo e sofisticado. Ali, fiquei sabendo que, no século X, a música era um ramo da medicina e que o alaúde era um instrumento terapêutico e que era imprescindível para ser médico, ser um exímio filósofo e um exímio músico. Naquela época não se tratava a doença, mas o doente. O alaúde possuía 4 cordas que representavam os 4 elementos da natureza e então foi acrescida uma quinta corda chamada a corda da alma que é o título do meu primeiro álbum.

Sami Bordokan (João Caldas)
Sami Bordokan (João Caldas)

Além de músico e cantor, você está fazendo sua estreia como ator na peça “O Profeta”. Como foi para você explorar esse novo território artístico e dar vida ao personagem principal da obra?

Estar no palco como ator tem sido uma experiência incrível porque me fez sair da minha zona de conforto e tem contribuído muito para o meu desenvolvimento pessoal.

“O Profeta” tem sido um sucesso em várias cidades, envolvendo o público de maneira profunda e emocional. O que você acredita que torna essa peça tão poderosa e como você vê o papel da música na transmissão dessa mensagem emocional?

“O Profeta “ traz aquilo que temos de mais nobre, os nossos anseios, a nossa voz interna, o que vem do nosso coração e da nossa alma.

Você tem uma carreira artística de 38 anos e contribuiu para uma variedade de projetos musicais, incluindo trilhas sonoras para televisão e teatro. Como você seleciona os projetos em que deseja se envolver e qual é o critério fundamental para você?

Acho que não sou eu quem seleciona os projetos, pois todas as vezes que eles aparecem, parece que foram feitos sob medida para mim. No caso do Profeta, o livro do Gibran é meu livro de cabeceira, um dos meus preferidos desde a infância. Mas é óbvio que tenho um critério rigoroso: precisa fazer o bem para quem toca e principalmente para quem ouve e assiste.

Sami Bordokan (João Caldas)
Sami Bordokan (João Caldas)

Sua música é descrita como tendo um “lado místico e terapêutico”. Como você vê o papel da música na cura e na conexão espiritual, tanto para você quanto para seu público?

Assim como precisamos afinar o instrumento para que ele soe bem, nós também precisamos afinar o nosso instrumento interno, harmonizar o corpo, a mente e a alma. É disso que se trata a minha música.

Você tem se dedicado a difundir a arte da música árabe no Brasil, através de palestras, oficinas e concertos. Qual é a importância para você de compartilhar essa tradição cultural em um contexto tão diversificado como o brasileiro?

Todo conhecimento só é útil quando aplicado na prática.  É algo que deve ser compartilhado, difundido. A música árabe clássica possui características únicas, e que não existem na música ocidental, e nem em outro lugar do mundo. No meu caso, falo ambas as línguas, o português e o árabe, acho que faço isso de uma forma muito natural.

Ao longo de sua carreira, você explorou uma ampla gama de estilos musicais e colaborou com uma variedade de artistas. Existe algum projeto ou colaboração em particular que se destaque como especialmente significativo para você?

São muitos projetos significativos, mas a Orquestra Mediterrânea do Sesc, em 2006, me marcou muito. Éramos 25 músicos, das mais diversas regiões do mediterrâneo e do Brasil, tocando juntos. Foi inesquecível.

Finalmente, olhando para o futuro, quais são seus próximos passos na música e nas artes cênicas? Há algum projeto em que você esteja particularmente empolgado em trabalhar nos próximos anos?

Vamos gravar a trilha sonora da peça “O Profeta”. É algo que estou muito ansioso para fazer!

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