Considerado um especialista em social hacking, conceito que criou com base nos estudos do neurocientista Howard Gardner da Universidade Havard, Elcio Coronato já é uma figura amplamente conhecida pela comunicação. Famoso pelos seus testes de comportamento exibidos em vários momentos de sua carreira, principalmente durante sua passagem pelo “Legendários”, ele garante seu domínio em experimentos que envolvam câmeras escondidas e testes sociais.
Além de sua passagem por outras emissoras como a MTV, FizTV e SBT, Coronato esteve envolvido na história de diversos projetos como o “Kibe Loco”, “Desimpedidos”, entre outros, assumindo em 2017, o posto de diretor de conteúdo e único embaixador da Playboy no Brasil.
Venha conferir um pouco mais da trajetória da carreira do comunicador e descubra um pouco dos bastidores de suas matérias.
Nos últimos tempos, você vem se destacando como um especialista em “social hacking’. Para os que ainda não sabem o que isso significa, poderia nos explicar um pouco mais sobre esse estudo e quais são seus efeitos e aplicações?
Em 1983, o psicólogo e neurocientista norte-americano Howard Gardner, da Universidade Harvard desenvolveu A Teoria das Inteligências Múltiplas, revolucionando o conceito de inteligência.
Derrubou a tese de que a inteligência humana se resume ao quociente intelectual, ou seja, à capacidade de resolver questões lógico-matemáticas. Dividiu as inteligências humanas em, atualmente, nove categorias: Lógico-matemática, emocional, social, linguística, espacial, corporal-cinestésica, existencial, naturalista e musical.
Inteligência social é a capacidade de se conectar, exercer empatia, entender as pessoas e conquistar a cooperação delas. É a inteligência que une grandes líderes, comunicadores, personalidades políticas, vendedores e negociadores, por exemplo. Personalidades como Silvio Santos, Oprah Winfrey, Napoleão Bonaparte, John F. Kennedy, Cleópatra, Martin Luther King Jr., Barack Obama e Ellen Degeneres são exemplos de pessoas com alta inteligência social.
Um grande autor que aborda o tema com profundidade a inteligência social é Daniel Goleman, ele mesmo não dizendo literalmente sugere nas entrelinhas que a inteligência social é fruto da inteligência emocional. O que apresento é uma inversão na ordem dos fatores desta operação. O que molda nossa inteligência emocional é nossa inteligência social, e não o contrário.
Já social hacking é um conceito criado e batizado por mim, que são as técnicas aplicadas dentro da inteligência social.
Não podemos confundir com o termo social hacking utilizado por algumas pessoas por exemplo nos EUA. O conceito que apresento e ensino sobre social hacking é diferente, como disse, são as técnicas que envolvem a inteligência social.
Em seu período na TV Record, você realizou diversos testes de comportamento, já sendo mais de 54 vídeos disponíveis em seu canal no YouTube. Poderia contar um pouco sobre como funciona os bastidores e as montagens dessas situações? Há uma certa preocupação com a execução dos atores que são postos em situações públicas?
Não sei estimar um número exato, mas com certeza foram mais de 300 testes criados e gravados em minha carreira.
Os bastidores das gravações dos testes variam muito. Cada teste é único. Existem testes de simples execução e testes extremamente complexos em todos os níveis, de criação, produção, captação, edição e principalmente a questão humana envolvida. Desde a equipe de produtores, câmeras, atores, contrarregras.
Já houveram gravações que haviam mais de 50 profissionais envolvidos em todo o processo de um único teste. Importante frisar que mesmo com tudo isso é um produto arriscado, existe a possibilidade de algo falhar. É um projeto que envolve o imprevisível. Tudo pode acontecer. Inclusive nada.
Na sua época de faculdade, o seu trabalho com produções de películas de vídeos acabou se tornando virtual entre os demais alunos, e logo foram para na internet, mostrando através de câmeras escondidas, alguns flagras de atitudes hipócritas da sociedade. Como foi o seu avanço para as reportagens feitas nos dias de hoje e como a tecnologia auxiliou o trabalho do jornalista nesse quesito?
Com certeza! Hoje tudo é muito mais fácil. Quase todo mundo tem um celular na mão capaz de captar imagens de altíssima qualidade. Inclusive, é possível editar um vídeo no próprio celular. Isso facilitou monstruosamente a produção de vídeos. De qualquer forma mesmo com este acesso a todas essas ferramentas, são poucos que realmente sabem utilizá-las.
E deixando a modéstia de lado, quando o assunto é teste social e câmeras escondidas, não existe ninguém no Brasil que domine mais este universo que eu.
Antes mesmo da chegada do YouTube, existia o site chamado TVCaos, em uma época em que a internet ainda era muito lenta, porém, o site chegava a ter mais de 10 mil visitas por dia. Como foi a chegada dessa nova plataforma?
Como acabei de dizer, hoje tudo é muito mais fácil existem inúmeras plataformas para você hospedar e divulgar seus vídeos gratuitamente. No século passado de onde eu vim não era assim, eu tive que criar o meu próprio YouTube, antes mesmo dele existir.
Em algumas matérias de testes, uma das que mais me chamou atenção foi a dos manobristas ladrões, onde houve casos em que você precisa confrontar outras pessoas envolvidas. Já teve alguma história onde as discussões passaram do limite? Essa profissão envolve muitos riscos?
Sim, inúmeras vezes e por mais incrível que sejam as imagens captadas, muitas vezes as situações mais arriscadas acontecem nos bastidores onde não existem câmeras gravando. Poderia ficar dias contando sobre episódios onde literalmente ter sobrevivido foi por um detalhe.
Em 2008, você passou a assumir três projetos simultâneos, o “Formigas e Gafanhotos”, as “videocrônicas” no YouTube, além de ter feito sua entrada como apresentador do Kibe Loco, a convite de Antonio Tabet. Como foram os seus anos no site e os melhores momentos de reportagens?
Trabalhar com o Antonio Tabet foi uma honra. Nos tornamos amigos e foi um salto dentro da internet sair da TVCaos, criada por mim para apresentar o Kibe Loco Repórter. O Formigas e Gafanhotos foi minha primeira experiência realmente como contratado para apresentar um programa de televisão. Esses dois projetos foram fundamentais para minha ida para MTV, e daí por diante dar prosseguimento na minha carreira na televisão aberta.
Um de seus grandes reconhecimentos vem do programa “Legendários”, onde foi chamado por Marcos Mion, dentre os testes que apresentava em seu quadro, alguma vez, já deu algo errado ao te reconhecerem como figura pública estando à paisana como observador?
Os testes que eu dava a cara a tapa sem disfarces foram gravados todos no começo do programa. As pessoas me viam como anônimo nas ruas. Quando o quadro se tornou um sucesso de audiência, buscamos recursos como disfarces ou eu estava controlando a situação através de atores com ponto eletrônico.
Durante esse mesmo programa, tivemos a sua tentativa em iniciar uma suposta carreira como cantor, porém até hoje só foi feito o single “Garota Legendária”. Como foi essa tentativa de tentar se lançar em um novo mercado? O projeto já está abandonado ou ainda é um sonho?
Nunca foi um sonho. A proposta foi mostrar os bastidores da construção de um cantor pop que nem sempre tem talento.
Um de seus trabalhos na internet foi no envolvimento com a construção do canal Desimpedidos, como surgiu a sua ligação com o projeto e como é o relacionamento de vocês nos dias de hoje?
Quando o Legendários se tornou um programa mais de atrações de palco e musicais, eu entendi que tinha cumprido meu papel na atração e decidi sair, sendo eternamente grato ao Mion, Cesinha, Detto e toda equipe da Record que sempre acreditou em mim.
Neste momento o Antonio Tabet estava montando o Desimpedidos e me convidou para ajudar a desenvolver o canal. Foi uma época muito boa e divertida. Esta nova forma que criamos em 2013 de falar sobre futebol se perpetua até hoje, não só no Desimpedidos mas em vários outros canais de YouTube, e até mesmo na televisão.
Em setembro de 2014, ocorreu o lançamento do canal “Coronhada”, onde apresenta matérias abordando tabus da sociedade contemporânea, principalmente o sexo. Foi nessa mesma época que assumiu a direção de conteúdo da Playboy no Brasil, e tornando-se o embaixador da marca?
Sim. Esta é uma grande e longa história, da criação do Coronhada até me tornar o diretor de conteúdo e único embaixador da história da Playboy Brasil. Sem exageros, envolve episódios que nem o mais ousado roteirista de Hollywood seria capaz de criar.
O ano passado veio cheio de novidades, com o seu projeto sobre inteligência social e social hacking, além de ministrar um curso sobre o assunto. Como funciona esse estudo e quais os benefícios um entendedor de social hacking consegue ter em sua vida?
Os alunos aprendem a desenvolver suas habilidades sociais. Inteligência social é a inteligência em se relacionar e entender pessoas. Social hacking são as técnicas que envolvem esta inteligência para saber interagir e ser bem-sucedido em qualquer interação social, seja ela profissional, pessoal ou amorosa.
Denomino com social hackers pessoas com alta inteligência social. São pessoas que acabam naturalmente desenvolvendo o carisma e encantando a todos nas mais diversas situações. Se expressam de forma com que todos querem ouvir. Cativa as pessoas de forma especial. Tem o poder de se conectar, conquistar, comunicar e convencer.
