Cibele Brito lança obra sobre autoconhecimento e empoderamento feminino

Luca Moreira
12 Min Read
Cibele Brito
Cibele Brito

A terapeuta, palestrante e pastora Cibele Brito apresenta Feito para Mulheres, um livro que explora os desafios e potencialidades da experiência feminina. A obra aborda temas como carreira, relacionamentos, saúde mental e espiritualidade, incentivando as leitoras a reconhecerem seu valor e a verdadeira felicidade. Com uma abordagem leve e reflexiva, Cibele utiliza arquétipos e exemplos do cotidiano para ajudar mulheres a se reconectarem consigo mesmas e fortalecerem sua identidade.

Ao lançar o livro “Feito para Mulheres”, você mergulhou em diferentes arquétipos e personalidades femininas. O que mais te surpreendeu durante essa jornada de reflexão sobre os múltiplos universos que compõem a experiência feminina?

Imergir nas muitas formas que uma mulher vive e atua é maravilhoso. A mulher consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, e, cada vez que penso nisso, sou surpreendida de uma maneira diferente, justamente porque também vivo assim. Dentro do nosso cérebro, existem muitas caixas, as quais conseguimos abrir várias num mesmo momento, como resolver uma questão no trabalho; o look  que o filho usará numa data festiva; o aniversário do parceiro; as roupas para lavar; o alimento da dieta; o horário do autocuidado; a ajuda aos pais; a amiga que está aguardando um conselho; o sapato pelo qual se apaixonou e quer adquiri-lo. Tudo está rodando dentro da  mente de uma só vez à medida que é executado.  Cada experiência é composta por ações que trazem dentro de si mundos inteiros, os quais constituem história, valor, fé, identidade, estilo e temperamento. Mas, para exercer cada ação, faz-se necessário ser feliz, plena, equilibrada e protagonista, entre outros arquétipos.

O livro aborda temas como carreira, relacionamentos, saúde mental e espiritualidade. Para você, qual desses aspectos costuma ser o mais desafiador para as mulheres atualmente? E por quê?

A saúde mental, com certeza. Mesmo tendo essa habilidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo, não significa que, em suas muitas atribuições, a mulher não sinta uma certa pressão em momentos variados. Existem muitas mulheres que cedem à sobrecarga mental no exercício de seus múltiplos papéis. Ainda que diversas conquistas tenham sido alcançadas por mulheres de outras gerações, continua sendo um desafio simplesmente ser mulher.

Se a saúde mental não estiver em dia, sua carreira não avançará, seus relacionamentos sofrerão muitas instabilidades e haverá confusão em sua espiritualidade, visto que esta traz um sentido especial ao viver. Onde aplicamos nossos pensamentos é o que vai comandar nossas ações, por isso é necessário priorizar a saúde mental. Quando não estiver dando conta, é fundamental buscar apoio emocional, porque ajudará a manter em ordem todas as outras áreas da vida.

Você fala sobre a importância de reconhecer a própria identidade e buscar necessidades reais, longe das idealizações e modismos. Houve algum momento na sua trajetória em que você precisou se reconectar com a sua essência? Como foi essa experiência?

Sim, pois discordo de ter que ficar se ajustando a outros moldes só para caber em determinados lugares. Acredito que temos de estar onde somos aceitas do jeito que somos. Tive uma experiência um tanto engraçada: quando cheguei à fé cristã, fui para uma organização onde tudo era muito diferente do meu jeito de ser, então, para me ajustar e não sobressair, mudei radicalmente. Só que o tempo foi passando e fui amadurecendo e entendendo que essa versão que criei para alcançar as expectativas ao meu redor não refletia quem eu era de verdade. Então aconteceu uma situação no local, de oposição, junto com críticas destrutivas e julgamentos que vieram inclusive de outra mulher. Foi aí que iniciei o caminho de volta, reconectando-me ao meu verdadeiro eu e recuperando minha essência. Por fim, essa ocorrência me trouxe uma grande lição, que carrego até hoje, e me ajuda a adaptar-se em qualquer lugar com autenticidade.

Uma das mensagens do seu livro é incentivar a união e compreensão entre mulheres de diferentes contextos. Na sua visão, o que ainda dificulta essa sororidade e como podemos cultivar mais empatia no dia a dia?

Na minha opinião, quem dificulta essa união é a própria mulher por vários fatores. Entre eles estão a rivalidade e a competição, sobre as quais eu sempre digo: se o que queremos é de outra pessoa, devemos escolher outra coisa para querer. Por isso, a educação, as instruções recebidas e as experiências vividas contam muito, sem falar nas redes sociais que nem sempre mostram a verdadeira realidade. Para propagar a empatia, devemos incentivar as mulheres a afastarem-se das competições desleais e dos julgamentos sem fundamentos.

Outro fator importante é encorajá-las a festejar o sucesso da outra, para criar formas de dividir dificuldades e, acima de tudo, ter apoio. Cada uma deve começar com pequenas mudanças em si, entendendo que, quando ela levanta outra mulher, torna-se mais forte, e demonstra que aprendeu a amar. Isso gera um efeito multiplicador de inspiração, impulsionando outras a agirem da mesma forma.

Sua trajetória inclui experiências no mundo corporativo, na área da beleza, no ministério pastoral e como terapeuta. De que forma essas diferentes vivências contribuíram para a construção do “Feito para Mulheres”?

Verdade, atuei nessas áreas e, em algumas, continuo atuando. Todas elas contribuíram muito para a execução do livro. Cada uma dessas experiências foi vivida de forma marcante e intensa, então trago delas uma vivência que se iguala a diversas faculdades na prática.

No mundo corporativo, eu era muito jovem, mas foi um período de aprendizado e novas descobertas. Logo entendi que tinha um chamado para lidar com mulheres, e isso foi se aperfeiçoando com a abertura do espaço de beleza, onde, entre feiras, eventos e atendimentos, percebi que precisava enfatizar a mensagem que a verdadeira beleza vem do interior. Tudo foi se conduzindo automaticamente, pois dizem que profissionais de beleza são terapeutas de tempo integral. Assim, para melhor aconselhar, resolvi estudar e me aperfeiçoar. O ministério pastoral é onde desemboca tudo, pois ele significa cuidado e direcionamento.

O humor e a leveza são marcantes no seu livro, mesmo ao abordar temas complexos da rotina moderna. Qual foi o seu segredo para equilibrar essas tonalidades no processo de escrita?

O segredo do equilíbrio está na maturidade. Assim como todas as mulheres, passo por dias difíceis e pesados, mas hoje compreendo que a vida é simples e está em nossas mãos descomplicá-la. No livro, recomendei até um roteiro para alcançar equilíbrio, porque vejo a necessidade de sermos leves, pois viver uma vida inteira com fardos imensos, no estresse do dia a dia, trará consequências irreversíveis para a saúde física e mental.

Precisamos fazer a nossa parte para alcançar uma vida estável, mesmo que tudo não esteja exatamente do jeito que queremos. Tente andar com uma pessoa mal-humorada e você perceberá que ela mesma só enxerga problemas e nunca foca seus olhos em soluções. Além do que a maturidade sempre nos levará para um ambiente equilibrado, onde obteremos muitos benefícios como: repouso, fortalecimento e vigor – assim, nossos dias serão mais cheios de paz.

Receber o Prêmio Livro Destaque da Bienal do Livro de 2024 pela Literarte foi, sem dúvida, um grande reconhecimento. O que esse prêmio representa para você, tanto como autora quanto como mulher que compartilha suas experiências com o público?

Eu considero esse prêmio uma validação do meu trabalho. Foi maravilhoso receber palmas, troféu e certificado, mas o mais formidável foi ser reconhecida como uma escritora que se destacou. Ver meu trabalho gerando frutos é sensacional, pois foi elaborado com muita dedicação, para atingir um alvo específico que são as mulheres. Como mulher, sinto-me prestigiada, porque continuamos lutando por espaços, enfrentando diversos desafios e buscando notoriedade para conquistar alguns ambientes.

Um prêmio sempre será um prêmio, ele nos faz querer mais, persistir no caminho e seguir adiante com novos ideais. Ademais, qualquer prêmio que ganhamos não se consolida só no título que recebemos, mas no efeito que a escrita causou nas mentes e nos corações. Ser destaque em uma Bienal Internacional traz realce, evidência e visibilidade para minha vida não só como autora, mas também como mulher.

Se pudesse deixar uma mensagem para uma mulher que hoje se sente perdida ou sem valor, o que você diria? Qual é o primeiro passo para essa jornada de reencontro consigo mesma?

Aí estou no meu território, o que mais faço é enviar mensagens para que as mulheres se levantem e se sintam valorizadas. Pois cada uma é única e é um projeto especial, elaborado por um Criador que a fez com muito amor. Meu recado é para que elas busquem reforçar o seu valor não em coisas passageiras, mas em coisas que são eternas. Valores reais não se perdem com o tempo, porque desvalorizou ou ficou obsoleto, mas eles permanecem para sempre enquanto cada uma delas viverem. Jamais uma mulher deve sentir-se diminuída, perdida, desprezada e sem valor, pois o que elas sentirem em sua alma, assim a enxergarão também. Cada uma é especial com suas peculiaridades, e sempre haverá uma saída, um escape, uma direção, que virá do Alto. Além disso, manter-se firme, concentrar-se na força como mulher, colocar a fé em prática e dar o próximo passo para uma mudança pode ser a leitura desse livro.

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