Quase duas décadas após desembarcar em Miami em busca do sonho de ser atriz — e enfrentar um início marcado por dificuldades, trabalhando como faxineira e babá —, a brasileira Carolla Parmejano celebra uma carreira consolidada e internacional. Reconhecida por papéis em O Faixa Preta (HBO Max), Solteira Quase Surtando e pelas dublagens em Chica Vampiro e La Casa de las Flores, além da indicação ao Oscar da Dublagem (SOVAS) por Dead Space: Aftermath, a artista estreia agora no longa Blow for Blow, da Prime Video, lançado em 18 de setembro.
No filme, Carolla interpreta Martha, uma mãe que representa o olhar de cuidado e proteção em uma trama sobre bullying e superação por meio do jiu-jitsu. Paralelamente, a atriz também vive Jaclyn em Secrets of an Influencer, outro suspense da Prime Video, que discute o impacto das redes sociais e consolidou seu nome como estrela internacional. Entre sets nos Estados Unidos e um novo projeto em filmagem no Brasil, Carolla reafirma seu talento, versatilidade e determinação — transformando obstáculos em inspiração e levando o carisma brasileiro para as telas do mundo.
Sua trajetória é marcada por muita coragem — de viver nas ruas até conquistar espaço em produções internacionais. Quando você olha para trás, o que mais te emociona nessa caminhada entre vulnerabilidade e superação?
O que mais me emociona é perceber o quanto cada dor e cada queda me prepararam para estar onde estou hoje. Eu já vivi nas ruas, e naquele momento parecia o fim, mas hoje entendo que foi ali que comecei a construir minha força, minha empatia e meu olhar humano. Quando olho pra trás, sinto gratidão — porque sem aquelas vulnerabilidades, eu nunca teria conhecido a potência da superação.
Em Blow for Blow, você interpreta uma mãe que representa cuidado e força dentro da família. Como foi construir essa personagem que une afeto e firmeza em um contexto de bullying e autoconhecimento?
Construir essa mãe foi muito especial, porque ela é o coração da história. Ela representa o amor que cura, mas também o amor que educa, que coloca limites com doçura. Busquei trazer a verdade de muitas mulheres que conheço, que enfrentam situações parecidas com seus filhos e vivem a dor com dignidade e coragem. De certa forma, essa personagem ensina uma nova maneira de cuidar.
O filme fala sobre disciplina, respeito e transformação através do jiu-jitsu. Há alguma filosofia pessoal que você carrega e que te ajuda a se reerguer, assim como a sua personagem inspira o filho?
Eu acredito muito na filosofia de que a vida é uma luta gentil — a gente cai, aprende e se levanta com mais consciência. No jiu-jitsu, assim como na vida, não se trata de vencer o outro, mas de vencer a si mesmo. Carrego comigo a disciplina da fé e da gratidão. Mesmo nos dias mais difíceis, escolho acreditar que existe um propósito em tudo.

Em Secrets of an Influencer, você mergulha em um universo de aparências e ilusões nas redes sociais. Que tipo de reflexão pessoal essa experiência te trouxe sobre verdade, imagem e autenticidade na era digital?
Secrets of an Influencer me fez refletir sobre o quanto, às vezes, a imagem pode se tornar uma prisão. As redes sociais mostram brilho, mas nem sempre mostram verdade. Saí desse projeto com um desejo ainda maior de ser autêntica, de não esconder minhas vulnerabilidades — porque é nelas que mora a conexão real com as pessoas.
A Jaclyn é uma antagonista, um papel distante da sua essência. Como foi o processo de se permitir ser “outra” sem perder a sua verdade como artista e como pessoa?
Foi um grande desafio ser a Jaclyn, porque ela é uma mulher movida por vaidade, ambição e insegurança — tudo o que eu já trabalhei para curar em mim. Mas foi libertador. Aprendi que interpretar um “outro” não é perder quem você é, e sim expandir. Como artista, busco sempre trazer humanidade até mesmo para quem erra.
Você sempre menciona o carinho em levar um pedacinho do Brasil para os sets internacionais — inclusive com o brigadeiro! O que esse gesto representa pra você e como o Brasil vive em cada trabalho que faz lá fora?
O brigadeiro virou um símbolo do meu amor pelo Brasil (risos). É o meu jeito de levar um pouco da minha cultura, da minha infância e do meu afeto para os sets. Quando compartilho brigadeiro, compartilho história. É um abraço em forma de doce. O Brasil vive em mim todos os dias — na minha energia, no meu jeito de falar, de sentir e de criar.

Depois de tantos anos nos Estados Unidos, como é retornar ao país e filmar novamente no Brasil? Há um tipo de emoção diferente quando o set é em casa?
Voltar a filmar no Brasil é sempre uma emoção diferente. É como respirar de novo o ar das minhas origens. Ouvir o português no set, sentir o calor humano, o improviso e a criatividade do brasileiro… tudo isso me toca profundamente. Lá fora, eu represento o Brasil; aqui, eu me reencontro com ele.
Sua história é um exemplo de resiliência e fé na arte. Se pudesse deixar uma mensagem para artistas brasileiros que sonham em trilhar o mesmo caminho, o que você diria para eles hoje?
Eu diria a cada artista brasileiro: nunca desista de sonhar, mesmo quando o mundo disser que não dá. Eu sou a prova viva de que dá. Acredite na sua voz, na sua história, e transforme a dor em combustível. O caminho é difícil, mas a arte é maior que o medo. E quando você segue com verdade, o universo conspira a favor.
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