Capim Cósmico lança “Delírim Blues”, single que une blues psicodélico e lirismo poético

Luca Moreira
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Capim Cósmico
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No dia 26 de setembro, o projeto Capim Cósmico apresentou ao público seu novo single “Delírim Blues”, lançado pela Marã Música em todas as plataformas digitais. A faixa, que mistura blues psicodélico com influências de folk rock e referências como Bob Dylan e The Beatles, nasce de uma experiência pessoal intensa do músico Mateus Cursino, transformada em poesia e som. Com arranjos assinados em parceria com Matheus Leite e Zé Abreu, o lançamento marca o encerramento do primeiro ciclo do projeto e abre caminho para o álbum de estreia.

“Delírim Blues” nasceu de uma experiência pessoal intensa. Como foi transformar algo tão delicado em poesia e música sem perder a autenticidade da vivência?

A minha necessidade de compor sempre partiu de alguma experiência concreta. Apesar de apresentar alguns elementos psicodélicos, em Delirim não foi diferente. A vivência real aparece em algumas passagens, mas de maneira geral está submersa nas entrelinhas.

A canção carrega um equilíbrio entre dor, prazer e libertação. Quando vocês pensam nesse “blues delirante”, qual sensação gostariam que o público levasse consigo após ouvir?

O blues, na essência, é uma música de lamentação criada pelos negros norte-americanos. O termo “blues” vem de blue devils (demônios azuis), que se referia a alucinações e sentimentos de desânimo e perturbação. Delirim Blues é densa, não tem refrão, apenas colagens sonoras e passagens alucinantes. É uma bad trip em formato de canção.

Capim Cósmico
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Vocês citaram referências como Bob Dylan e Beatles. De que forma esses artistas dialogaram com o lado psicodélico e existencial da faixa?

Dialoga totalmente com Bob Dylan. Desolation Row é uma das referências claras. Dylan fala de algum fato real, mas de maneira tão surreal que não fica evidente na canção, parece apenas uma “doideira”. Já no instrumental, com arranjos de Matheus Leite e Zé Abreu, há uma pegada que dialoga fortemente com o álbum Revolver, dos Beatles.

O single se conecta com “Montanha”, fechando um ciclo do Capim Cósmico. O que mudou em vocês do lançamento do primeiro single até este momento de conclusão?

Na verdade, não há uma mudança sonora significativa. As duas músicas foram produzidas pela dupla Matheus Leite e Zé Abreu, basicamente no mesmo contexto. Eu tinha uma demo e, juntamente com os produtores, trabalhamos nos arranjos. Gravei vozes e violão no meu estúdio e enviei para eles finalizarem junto com a demo que já havia feito anteriormente. As duas faixas fazem parte desse primeiro ciclo do projeto Capim Cósmico, antes do lançamento do disco.

Capim Cósmico
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O nome Capim Cósmico é carregado de metáforas existenciais e transcendentais. Como esse conceito se relaciona com a visão de mundo que vocês trazem na música?

Capim Cósmico é um projeto basicamente solo. Não quis usar o nome Mateus Cursino no front. Uma das minhas principais influências é a banda Os Mutantes. Há uma música deles, no álbum Os Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, chamada Todo Mundo Pastou. E por um momento da minha vida, eu também “pastei”. O Capim representa isso, enquanto o Cósmico simboliza o carma (ou karma) que todos nós carregamos.

Vocês trabalharam com parceiros nos arranjos de bateria, baixo e guitarra. Como esse processo coletivo ajudou a dar vida a uma canção que nasceu de algo tão íntimo?

No disco completo, que será lançado pelo selo Marã Música, senti a necessidade de fazer algo sozinho e mais íntimo. Em uma semana gravei tudo, rapidamente. Porém, nesses dois singles (Montanha e Delirim Blues), que não estarão no disco, senti a necessidade de ter mais gente envolvida. Tive a sorte de contar com dois músicos e produtores especiais: Zé Abreu, baterista e técnico, responsável pela mixagem e masterização; e Matheus Leite, parceiro de outros projetos que tive, um ótimo músico e compositor no projeto Trem do Nada.

Capim Cósmico
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O som mistura folk, blues e psicodelia. Vocês se veem mais como exploradores musicais ou como tradutores das próprias experiências em diferentes linguagens sonoras?

Em Montanha, utilizei o rock rural como referência. Já em Delirim Blues, trouxe o folk norte-americano. Tanto o blues quanto o folk estão fortemente presentes na minha carga sonora e nesses dois primeiros singles do Capim Cósmico.

“Delírim Blues” abre espaço para o álbum completo que está a caminho. Que tipo de jornada vocês querem oferecer ao ouvinte com esse próximo trabalho?

Delirim Blues prepara o terreno para o disco que virá em breve. É um trabalho denso, cru e real, carregado de experiências e alucinações genuínas, feito organicamente por uma pessoa solitária. Não sei qual será o alcance desse disco, pode ser que nem seja muito ouvido, já que hoje em dia as pessoas preferem playlists. Mas é um álbum autêntico, feito na raça. Toquei bateria, baixo e guitarra, e a mixagem ficou por conta do produtor Renato Cortez.

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