Cantor Lobo fala sobre sentimentos e bastidores do EP “Lágrimas de um Vencedor”

Lobo (ACT - Matheus Pinho)

Gabriel, niteroiense de 23 anos, popularmente conhecido como Lobo, é um artista, cantor e compositor que usa de seu swing carioca e sua potência vocal para trazer uma sonoridade especial dentro do R&B/Trap brasileiro. Atualmente, o cantor está em um novo momento de sua carreira, apresentando uma identidade musical que mistura letras, batidas e melodias de diversos estilos.

“Lágrimas de um Vencedor” ou “L.U.V.” é o primeiro projeto conceitual da carreira de Lobo. Com o lançamento de um EP. de 6 faixas, o cantor espera poder transmitir para o público um pouco de tudo que se passa em sua mente. A identidade musical do projeto gira em torno do Trap, puxando para um lado mais romântico, com a presença bem forte de referências do R&B e outros estilos da própria música brasileira.

O conceito principal do projeto é abordar de formas diferentes o fim de um relacionamento, passando pelos seus ciclos, como a rejeição, a aceitação, o desejo e no fim, a superação. Cada faixa, mesmo que de maneira sutíl, conta um pouco dessa história, explorando sonoridades e líricas diferentes ao longo do EP, principalmente através da energia que Lobo exala em cada uma delas, destacando os momentos vividos dentro da narrativa.

Idealizado e dirigido pela dupla criativa “ACT”, o audiovisual conta a história de um sequestro em que Lobo foi a vítima principal. Mandante por trás do crime, o público é apresentado à “BANDIDA”, personagem obcecada pelo cantor que está disposta a fazer de tudo para tê-lo.

Ao longo de 2 clipes e 4 visualizers são mostradas diversas etapas do sequestro. Momentos em que a criminosa se arruma, planeja o seu ataque e o pós, com Lobo já refém, são responsáveis por dar corpo à narrativa, fazendo com que o espectador se prenda à toda a linha do tempo construída.

Seu novo EP “L.U.V.” explora temas complexos em torno do fim de relacionamentos. O que o inspirou a criar um projeto conceitual tão profundo?

Eu acredito que toda criação, seja na música, nas artes ou no cinema, sempre surge de uma experiência. No meu caso, não foi diferente. O conceito do “love” abrange muito a questão do encerramento de ciclos, do início e do fim desses ciclos. Isso quer dizer que esse conceito parte do encerramento de um ciclo, passando por um trauma, superando esse trauma e entrando em novos ciclos. O “love” trata basicamente disso, e o que me inspirou foi minha própria vivência. Minhas experiências com relacionamentos me motivaram a expor e transformar isso em música.

Pode nos contar um pouco sobre o processo criativo por trás deste EP? Como você selecionou as faixas e desenvolveu o conceito em torno delas?

O processo criativo por trás do álbum é bem interessante, pois é bastante extenso. A primeira composição que faz parte do rap foi escrita no dia 1º de dezembro de 2021, o que significa que, dois anos atrás. Ao longo desses dois anos, mais de 25 músicas foram criadas para o álbum. No entanto, apenas seis músicas acabaram fazendo parte do álbum final. Queríamos que essa história tivesse um ciclo, com um início, meio e fim, porque acredito que os ciclos nem sempre têm um começo, meio e fim. Às vezes, vivemos em um ciclo contínuo, iniciando e terminando ciclos. O processo criativo foi focado no trap, e acredito que isso não é exclusivo de pessoas criativas.

O projeto tem uma forte presença de referências do R&B. Quais artistas ou músicos influenciaram sua abordagem ao criar essas faixas?

Ele é um álbum de trap, mas incorpora diversos estilos musicais. Sua principal referência é, sem dúvida, o trap, mas também apresenta influências muito fortes da música latina e da música brasileira. Além disso, duas referências pessoais que sempre cito são fundamentais para este álbum. A primeira delas é Luccas Carlos, que hoje é um grande amigo meu e sempre foi uma inspiração musical para mim. Suas influências estão presentes neste álbum. A segunda referência é Rihanna, que é uma das maiores influências em toda a minha vida. Especialmente a fase dos anos 2000 de Rihanna, que é marcada por uma musicalidade única. Além disso, o estilo beach e a forma de cantar também são referências desse período. Por último, tenho um grande apreço por Don Toliver, cuja pegada trap mais melódica tem sido uma fonte significativa de inspiração para mim.

O audiovisual associado ao EP apresenta uma narrativa intrigante com o personagem “BANDIDA”. Como surgiu a ideia para essa história e como você a desenvolveu?

Dentro da narrativa de todo o rap, surgiu a história da ‘Bandida’. Ela foi a primeira música a ser composta e, a partir daí, começamos a desenvolver o hip-hop. Como a ‘Bandida’ foi a primeira música a ser composta, pensamos que deveria ter uma conexão direta com a história. Pessoalmente, tenho o hábito de usar o termo ‘mina bandida’ como um adjetivo. Sempre digo ao meu parceiro: ‘Aquela mina é bandida’. Para mim, uma ‘mina bandida’ é aquela garota que é confiante, tem uma presença forte, capta a atenção apenas com um olhar, é ousada, e tem atitude, só de olhar você já sabe. No audiovisual do projeto, representamos isso de forma marcante, com a bandida usando balaclava em vários momentos. Focamos nos detalhes, como o olhar e a boca, para destacar a atitude. A história gira em torno da ‘Bandida’, passando por um sequestro, no qual ela é a principal mandante, e eu, a vítima. O restante, você terá que assistir para descobrir.

Como você descreveria a sonoridade e a energia que os ouvintes podem esperar de “L.U.V.”?

Esse é o foco principal do álbum: fazer você se levantar da cadeira, independentemente do tópico principal da música. Seja sobre o fim de um relacionamento, apreciar a vida ou superar alguém, todas as músicas do ‘Love’ vêm com uma energia muito forte, para que você cante do fundo do peito e sinta a música intensamente. Espero que essa energia contagie a todos que a ouvirem.

Lobo (Rodrigo Apolinário – Caio Rocha)

A fusão de estilos musicais é notável neste projeto. Como você vê essa mistura de influências contribuindo para a sua identidade musical?

Eu sou uma fusão de diversos estilos. Desde jovem, fui muito influenciado pelo samba e pelo pagode. Conforme fui crescendo e tendo acesso a diferentes tipos de música, comecei a ouvir muito R&B americano, principalmente. À medida que fui ficando mais velho, comecei a consumir música de outros lugares, como Inglaterra, França e Portugal. Então, minha música é um mix de diversas influências, mas sempre tendo a música brasileira como a maior referência. Embora o álbum tenha foco no trap, ele incorpora elementos de várias partes do mundo. Estou criando uma identidade musical baseada em tudo que consumo, trazendo referências dos anos 2000, música inglesa, americana, brasileira e latina. Sempre espero me adaptar e compartilhar com meus fãs o que estou ouvindo.

Cada faixa do EP parece representar diferentes estágios de um relacionamento. Existe uma faixa que tenha uma conexão pessoal particular para você?

Para ser bem sincero com você, acho que todas as faixas têm uma conexão particular comigo. Cada uma delas foi escrita em uma fase específica. O álbum “Love” começou a ser escrito logo após o término de um relacionamento. Vivenciei o fim, o luto, mas também o início de uma nova fase, a curtição, festas e, obviamente, conheci novas pessoas e me apeguei a outras. Todo esse processo é contado no EP. No entanto, se eu tivesse que escolher uma faixa com a qual me identifico mais, acredito que seria “Safadinho”, que fala sobre gostar da vida, sobreviver e não se preocupar com o dia de amanhã, sobre conhecer gente nova. Então, acho que se eu tivesse que escolher uma, seria essa.

O EP aborda temas emocionais, como rejeição, aceitação, desejo e superação. Como você espera que a música impacte emocionalmente seus ouvintes?

O impacto maior dessas músicas ocorre nas pessoas que estão vivendo o que eu canto em minhas letras. Se alguém estiver passando por um pós-relacionamento em que deseja superar, mas ainda está encontrando dificuldades, talvez a faixa ‘Bandida’ a afete de forma significativa. Ela pode ouvir a música e pensar: ‘Olha, eu consigo superar. Vou conseguir passar por isso.’ Agora, se essa pessoa já estiver conhecendo alguém novo, superando um ciclo antigo e fazendo novas amizades, talvez a música ‘É Loucura Demais’ a faça olhar e pensar: ‘Opá, acho que estou me apegando aqui e conhecendo gente nova.’ Ela pode se identificar com a música e aproveitar o momento que está vivendo. Essa é a maneira pela qual espero impactar positivamente meus ouvintes.

Você colaborou com a dupla criativa “ACT” para trazer a narrativa do EP à vida visualmente. Pode nos falar sobre como essa colaboração aconteceu e como foi trabalhar com eles?

Sobre a ‘Lágrimas de um Vencedor’, é uma dupla criativa composta por duas mulheres incríveis que conheço há muito tempo e que têm sido parte fundamental da minha jornada. Tanto Ágata quanto Catherine são pessoas que conheci na faculdade, e desde 2018 ou 2019, unimos forças para criar algo único no cenário musical.

Nossa parceria começou com uma proposta diferente, mas com o tempo, fomos refinando nossa abordagem até chegarmos ao projeto ‘Love’. Trabalhar com elas como minhas duas diretoras criativas é incrivelmente fluido. Nossa troca de ideias, sessões de brainstorm e sugestões fluem naturalmente. Elas são muito receptivas às minhas sugestões, o que facilita a comunicação e a concretização dos conceitos. O resultado é um projeto muito bem elaborado e harmônico, como é o caso de ‘Love’.

Espero que essa conexão e essa arte cheguem até vocês da melhor forma, porque foi planejada com cuidado e carinho, tanto por mim quanto pelas meninas da ‘Lágrimas de um Vencedor’, para que todos possam desfrutar do álbum da melhor maneira possível.

Qual mensagem ou sentimento você gostaria que os ouvintes levassem consigo após ouvir “L.U.V.”?

A imagem que eu gostaria que os ouvintes levassem depois de ouvir ‘Lágrimas de um Vencedor’ está contida no próprio nome. Ele reflete a ideia de que, mesmo em tempos difíceis, mesmo quando estamos enfrentando desafios e sofrendo, ainda podemos ser vencedores. O álbum transmite a mensagem de que, mesmo quando estamos passando por momentos difíceis, podemos lutar, perseverar e superar. Isso é algo com o qual muitos de nós podem se identificar.

Minha experiência pessoal reflete essa ideia, especialmente quando enfrentei o fim de um ciclo em minha vida e me encontrei em um período difícil. Mesmo nessas situações, eu continuava lutando, mantendo um sorriso no rosto e acreditando que poderia superar os obstáculos. Hoje, posso dizer que fui capaz de superar esses desafios, e é por isso que escolhi o nome ‘Lágrimas de um Vencedor’ para o álbum. Espero sinceramente que esse conceito e essa mensagem possam tocar os corações e mentes de todos que ouvirem o álbum.

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