A atriz Camilla Camargo comemora duas décadas de carreira em 2025 consolidando-se como um dos nomes mais versáteis de sua geração. Após encerrar a temporada do espetáculo “Aqui Jazz” em São Paulo, ela se prepara para dois novos desafios no cinema: o thriller “A Caipora”, em que interpreta a investigadora Débora ao lado de Kayky Britto e Nill Marcondes, e o drama musical “Coração Sertanejo”, ambientado no interior paulista, onde vive Bruna, uma produtora que aposta em um casal de músicos em busca do sucesso. Com mais de 20 espetáculos no currículo e passagens marcantes por produções como “Zorro – O Musical”, “Carinha de Anjo” e “Tudo Igual… SQN”, Camilla segue expandindo seu repertório e reafirmando sua força artística dentro e fora dos palcos.
Camilla, completar 20 anos de carreira é uma conquista marcante. Quando você olha para trás, qual foi o momento que mais te transformou — como artista e como mulher?
Primeiramente, obrigada! Realmente, fazer vinte anos de carreira é uma data muito marcante e muito significativa pra mim. Eu acho que, quando olho para trás, tem vários momentos que me marcaram e me transformaram como artista. Fica difícil dizer o momento exato porque eu acho que essa transformação se dá ao longo dos anos mesmo, com os trabalhos, com amadurecimento, como pessoa, com a idade, com as experiências, com as trocas, com outros artistas com as pesquisas de cada personagem… Acho que tudo isso vai transformando a gente como artista ao longo dos anos. Como mulher também seria a mesma coisa, mas eu diria que a maternidade é um ponto muito impactante que realmente transforma muito a vida de qualquer mulher.
Em “A Caipora”, você mergulha no universo do suspense e do sobrenatural. Que desafios essa atmosfera trouxe para você como atriz — principalmente interpretando uma investigadora diante do inexplicável?
‘A Caipora’ me trouxe vários desafios. Primeiro por ser meu primeiro thriller, e depois por viver uma personagem com transtorno borderline, que me fez ir por outro caminho. Eu confesso que eu não conhecia, e me fez ir a fundo nesse transtorno, que é muito difícil. E o filme também me trouxe a experiência de poder ir numa aldeia indígena real e conviver com eles, aprender. Me trouxe várias oportunidades, e é esse tipo de exemplo que eu dei, que transforma a gente como pessoa e como artista.
Já em “Coração Sertanejo”, o clima muda completamente. Como foi essa transição para um drama musical e o que mais te tocou na história de Bruna, sua personagem?
“Coração Sertanejo” foi outro tipo de trabalho. A Bruna fez eu reviver um pouco a minha experiência como formanda de Rádio e TV, por lidar mais com essas questões de produção, já que ela é quem produz o concurso da história. Então, me fez um pouco revisitar esse meu passado, na época da faculdade.

Você vem equilibrando produções teatrais, como “Aqui Jazz” e “O Livro Vivo”, com trabalhos no audiovisual. O que o palco te oferece que as câmeras não — e vice-versa?
Eu acho que são linguagens diferentes, né? O teatro te traz o ao vivo: você lida com a plateia no momento, aprende a enfrentar os improvisos que muitas vezes acontecem no palco, e isso é muito prazeroso. O ao vivo é uma experiência deliciosa, com aquele frio na barriga antes de o espetáculo começar. Às vezes, uma piada funciona num dia e no outro não; às vezes, a plateia reage de um modo completamente inesperado. Tudo isso é encantador. Já o audiovisual permite, sobretudo a televisão, entrar na casa das pessoas, no cotidiano, no dia a dia delas. Enquanto no teatro o público vai até o espetáculo, no audiovisual é você quem chega até as pessoas, o que amplia o alcance e a possibilidade de contato com um número muito maior de espectadores, especialmente hoje, com os streamings, que fazem com que os filmes do cinema cheguem a essas plataformas e atinjam ainda mais gente.
São mais de 20 espetáculos e vários papéis marcantes na TV e no cinema. Existe algum personagem que ainda vive em você, mesmo depois que as luzes se apagam?
Ah, são muitos, muitos personagens. São como filhos; é difícil escolher um só. Mas, claro, há aqueles que marcam muito a gente, como a Luiza, que interpretei em “Zorro – O Musical”, minha primeira protagonista em um musical, com Jarbas Homem de Mello e direção de Roberto Lage. É um trabalho pelo qual tenho enorme carinho. Outro foi “Caros Ouvintes”, de que também gosto muito. Era uma história incrível, e tive a oportunidade de viver uma personagem muito diferente, da década de sessenta, que enfrentava grande preconceito por ser desquitada, fumar e ser cantora de rádio. Há personagens que realmente nos marcam, como a Diana, de “Carinha de Anjo”, que me trouxe uma popularização muito grande, especialmente por trabalhar com crianças e para crianças. São personagens muito queridas. Também há a Marina, de “Travessia”, em que pude interpretar uma soteropolitana, aprender muito e conviver com o povo da Bahia. É um trabalho menos verborrágico, que me trouxe outra perspectiva. E agora a Marina de “Aqui Jazz” foi um grande presente, uma das personagens mais deliciosas que já fiz, que me desafiou a cantar jazz e a lidar com a complexidade dramatúrgica da própria personagem. É uma figura por quem tenho hoje um amor e um carinho imensos.
“Travessia”, “Carinha de Anjo”, “Intervenção”, “Tudo Igual… SQN” — sua trajetória mistura drama, ação e produções voltadas ao público jovem. O que te faz escolher um projeto hoje em dia?
O que me faz escolher um projeto são várias coisas: o momento que eu estou vivendo, o desafio daquela personagem, a distinção da personagem para outras que eu já fiz, a dramaturgia por completo, muitas vezes, quem está envolvido nesse projeto… Existem vários contextos assim para me fazer escolher um trabalho.

Olhando para o cenário atual do entretenimento, como você enxerga o papel das mulheres na indústria e a importância de contar histórias sob novas perspectivas femininas?
Eu acho incrível. Acho que o mercado tem se aberto para as mulheres. Eu vejo mais mulheres nas produções, nas direções, em cargos grandes, como protagonistas não só na frente das câmeras mas atrás delas, e eu acho que isso é fundamental, é incrível. Eu acho que o olhar feminino traz uma outra perspectiva que é fundamental, que é necessária nos trabalhos, e é muito bom ver esse cenário mudando ao longo dos anos. Que cada vez mais mulheres possam ser protagonistas de suas histórias, que a gente possa contar histórias dessas mulheres e tê-las, tanto na frente das câmeras como atrás, brilhado.
Para encerrar, se pudesse resumir esses 20 anos em uma palavra — e escolher outra para definir o futuro — quais seriam?
Eu acho que para resumir esses vinte anos seria “resiliência”. E outra, para definir o meu futuro, seria “determinação”. Não sei se daria pro meu futuro ser uma só, mas acho que, na verdade, seria “determinação”, “foco” e “fé”.
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