Bernardo Coimbra se destaca como ator e roteirista e prepara nova comédia teatral

Luca Moreira
10 Min Read
Bernardo Coimbra (Mariana Leite)
Bernardo Coimbra (Mariana Leite)

Após deixar a carreira em engenharia química para se dedicar à atuação, Bernardo Coimbra vem se consolidando como um nome promissor no teatro e no audiovisual. O ator e roteirista é conhecido pela websérie “Cidadão Não, Ator”, indicada a seis categorias no Riowebfest 2022, e por sucessos no teatro, como “A.M.I.G.A.S.”, dirigido por Ernesto Piccolo. Agora, Bernardo se prepara para lançar sua nova comédia “Alguma Coisa Falta Aqui”, com direção de Stella Rabello.

Bernardo, você deixou a carreira de engenharia química em 2019 para seguir o caminho da atuação. O que te levou a tomar essa decisão tão marcante? Foi um processo natural ou algo específico despertou esse desejo em você?

Atuação sempre foi algo que eu pensava que poderia fazer em algum momento da minha vida, mas muito pouco concreto. Fiz teatro durante 2 anos na escola, mas de 2009 até 2019, não tive nenhum contato com a área. Em 2018 eu vi o filme “Me Chame pelo Seu nome”, do Luca Guadagnino, e me despertou sensações que há muito tempo eu não passava. Uma delas foi perceber que passamos muito tempo tomando decisões em função do que as pessoas esperam da gente, comigo tanto em âmbitos como sexualidade, mas também com a carreira. Então decidi que não queria mais esperar, iria me formar, pegar o diploma e estudar atuação. Na época eu pensava que se eu não gostasse, era só voltar, hoje eu penso, ‘como demorei tanto tempo pra fazer essa escolha?’.

A websérie “Cidadão Não, Ator” foi um projeto que você não só atuou, como também idealizou e roteirizou. Como foi conciliar essas diferentes funções e o que você aprendeu sobre si mesmo durante esse processo criativo?

“Cidadão Não, Ator” é o meu xodó. Tenho um carinho enorme por esse projeto. Foi idealizado por mim e construído junto com o meu grupo de amigos da CAL. Um grupo de cinco estudantes tentando montar um produto audiovisual, sendo que nenhum havia trabalhado com isso. Foi bem divertido, a primeira temporada foi caótica por causa desse acúmulo de funções, mas foi essencial pro desenvolvimento pessoal e criativo. Eu escrevia, a gente gravava e montava. Caso a gente não gostasse, eu escrevia tudo novamente e repetíamos o processo. Por cinco meses fizemos dessa forma. Isso me possibilitou a aprender roteiro na prática. Ver um resultado final de algo que você escreveu é muito satisfatório.

Você foi indicado em seis categorias no Riowebfest 2022, incluindo a de melhor ator. Como foi para você receber esse reconhecimento tão cedo na sua carreira? Isso mudou de alguma forma sua visão sobre o futuro profissional?

Na segunda temporada da série, a gente investiu mais dinheiro do próprio bolso, chamou uma equipe maior para fazer a parte técnica, então, as seis indicações no Riowebfest 2022 foram muito gratificantes. Indicações a prêmios sempre dão um gás e uma certa afirmação sobre o trabalho que você está fazendo, principalmente vindo de um projeto que é muito a minha cara. Estar presente como um dos indicados também me ajudou a entender um caminho pela comédia, que é uma área que sempre me interessei muito.

Bernardo Coimbra (Mariana Leite)
Bernardo Coimbra (Mariana Leite)

Em “A.M.I.G.A.S.” você esteve em cartaz por mais de seis meses, com grande sucesso de público. O que você acha que fez essa peça se conectar tanto com as pessoas? Houve algum momento marcante nos bastidores que você poderia compartilhar?

A.M.I.G.A.S. foi um presente na minha vida. Cheguei a convite da Bel, Luiza e Julia para fazer os personagens masculinos e não tínhamos ideia do sucesso que ia ser. Acho que a peça conversa muito com o público jovem, principalmente feminino, sobre assuntos como sexo, paixões e amizades de uma forma muito relacionável, leve e divertida. Eu fazia 18 personagens que as meninas se relacionavam ao longo do espetáculo e me dava a possibilidade de mostrar o quão ridículo podem ser alguns comportamentos de homens que passam na nossa vida. Muitas pessoas no final da peça vêm me falar como eu pareço algum ‘boy lixo’ que já ficaram. Acho que uma curiosidade dos bastidores é que ao longo dos 6 meses de temporada, eu e as meninas gostávamos de dar uma inovada no texto, então costumávamos fazer piadas novas sem avisar aos outros do elenco, isso acabava gerando muitas risadas nossas durante a cena porque sempre era uma surpresa o que poderia vir.

Agora você está prestes a estrear “Alguma Coisa Falta Aqui”, uma comédia de texto seu e direção de Stella Rabello. Como surgiu a ideia para essa peça e como tem sido o processo de construção desse novo trabalho?

“Alguma Coisa Falta Aqui” é um projeto que surgiu em 2021 com a ideia de montar uma peça de esquetes de comédia. Foi meu primeiro texto para teatro, então, foi mais uma possibilidade de experimentar o que eu gostava, ou não, na escrita. E fico feliz que tenham se passado esses quatro anos desde o início do processo porque acho que amadureceu muito de lá para cá. Gosto de pensar que a comédia não tem que ser necessariamente um lugar para rir e entreter só. A comédia serve para as pessoas conseguirem relacionar questões profundas suas através da graça. A Stella se juntou a nós esse ano e devemos começar o processo de ensaios já! A previsão de estreia é para o segundo semestre de 2025.

Você já transitou por diferentes formatos — cinema, TV, teatro e webséries. Existe algum meio que você considera mais desafiador ou que te dá mais liberdade como artista?

A maior experiência que eu tenho entre esses meios com certeza é o teatro. É um local que eu entendo bem como eu funciono e como gosto de trabalhar. Acho que os longos processos de teatro e o fato de ser algo coletivo, me dão uma liberdade de experimentação e criação que me deixa muito animado e confortável. Mais desafiador considero a TV pela velocidade de entrega do seu trabalho e por abranger um público muito grande.

Trabalhar com diretores renomados como Esmir Filho e Ernesto Piccolo deve ter sido uma experiência enriquecedora. Qual foi o maior aprendizado que você levou dessas colaborações para o seu trabalho como ator e roteirista?

O Neco (Ernesto Piccolo) foi um dos diretores mais legais de teatro que já trabalhei. Além do texto ser muito divertido, ele já havia feito o personagem que eu iria assumir na nova versão de A.M.I.G.A.S., então tivemos uma troca muito boa. É um diretor muito atencioso, muito aberto a novas propostas e com uma visão do todo incrível. Aprendi muito com ele. O Esmir tinha um tato muito bom com o elenco e uma relação ótima com a equipe. Já admirava o trabalho dele há um tempo, então fiquei muito feliz com a oportunidade de trabalhar com ele num filme tão potente como ‘Homem com H’.

Olhando para tudo que você já conquistou até aqui — das telas aos palcos —, o que você diria para aquele Bernardo que estava deixando a engenharia para seguir a arte? Você acha que ele ficaria surpreso com o que conquistou até agora?

Com certeza ele ficaria bem feliz e surpreso com o rumo que a vida tem levado. Quando a gente troca de profissão, costuma colocar um prazo de validade para as coisas ‘darem certo’. É tão ingênuo isso. Como se ‘dar certo’ fosse continuar em uma profissão que não te faz feliz. Sou muito apaixonado pelo meu trabalho e fascinado com tudo que absorvi depois da minha saída do mundo das exatas. Acho que eu diria praquele Bernardo ansioso com a mudança: “Calma vida, tá de boa!”, ele não conheceria a música ainda, mas com certeza não precisaria ficar tão preocupado com o futuro.

Acompanhe Bernardo Coimbra no Instagram

Share this Article

Você não pode copiar conteúdo desta página