A atriz Aryè Campos, que conquistou o público brasileiro ainda na infância no programa de Silvio Santos, compartilha momentos emocionantes ao relembrar a partida do apresentador, uma figura chave no início de sua carreira. Em uma trajetória que passa por grandes produções como “Rio Connection”, “Dois é Demais em Orlando” e a série de sucesso “S.W.A.T.”, Aryè reflete sobre sua evolução como atriz, os desafios de transitar entre o Brasil e os Estados Unidos, e revela as nuances de interpretar uma personagem complexa que a levou ao elenco de “S.W.A.T.”.
Como foi para você receber a notícia do falecimento de Silvio Santos, uma figura tão importante na sua carreira?
Foi muito triste, mas não foi uma grande surpresa. O Silvio já tinha 93 anos, então uma parte de mim já esperava por esse dia, mas eu não queria que ele chegasse. Tinha até perguntado à minha mãe dias atrás como ele estava, pois ela acompanha mais a mídia do Brasil. Então, mesmo sendo algo que já havia passado pela minha cabeça, ainda assim me tocou profundamente… como se uma parte de mim e da minha infância tivesse partido.
Você tem alguma lembrança especial ou conselho que Silvio Santos te deu e que ainda leva consigo?
Eu era muito novinha quando participei do programa dele, então, infelizmente, não me lembro de muitos detalhes. Mas o que ficou em minha memória não foram palavras, e sim atitudes, o que, para mim, é mais importante. Ele sempre foi uma pessoa importante, famosa, ocupada, mas quando estava comigo, era como se fosse da minha família. Eu sempre me senti no mesmo nível que ele, como se fosse aquele tiozão legal, sabe? Esse respeito que ele sempre demonstrou, não só comigo, mas com todos que trabalhavam ao seu lado, é algo que jamais esquecerei e que levarei comigo para sempre.

Como foi a transição da sua carreira no Brasil para as grandes produções internacionais como “S.W.A.T.”?
A transição foi longa… Vim para os EUA com 11 anos e meio, e nos primeiros anos foquei em aprender o inglês e estudar. Depois que consegui dominar a língua, voltei a atuar, participando de peças musicais na escola e na universidade.
Mas não foi até muitos anos depois, já com 22 anos, que mudei da Flórida para Los Angeles e finalmente pude voltar para o audiovisual. E mesmo assim foi demorado, pois a indústria em Los Angeles é muito competitiva. Passei anos estudando em várias escolas, enquanto fazia pequenos projetos, teatro e trabalhava como consultora financeira. Até que chegou um momento na minha vida em que decidi deixar as finanças e me dedicar 100% à atuação.
Mas até chegar nesse ponto, foram muitos anos de esforço, luta e muito estudo. E mesmo quando consegui me dedicar mais à carreira, ainda levou tempo até que as oportunidades certas surgissem. E ainda hoje, estudo constantemente e continuo batalhando para o próximo projeto. Como eu disse, talento é o que não falta aqui em Los Angeles, então, para continuar obtendo grandes oportunidades como SWAT e outros projetos importantes, preciso sempre manter o foco, estudar e evoluir como atriz.
O que você acha que chamou a atenção dos diretores de “S.W.A.T.” para você ser escalada no elenco?
Ah, se eu soubesse… mas acho que o que chamou atenção foi que eu não interpretei a personagem como uma vilã, mas sim como uma mãe desesperada para rever o filho. Humanizei-a, e acredito que isso foi importante no processo de seleção.

Ǫual foi o maior desafio ao interpretar seu papel na série “S.W.A.T.” e como você lidou com ele?
O maior desafio foi justamente o que acho que me ajudou a conseguir o papel: encontrar a humanidade da personagem e não vê-la como uma vilã, mas como uma vítima do sistema. Ter que ameaçar uma senhora (no caso, a sogra) e quase morrer no processo, tudo para poder falar com o filho… alguém precisa estar muito desesperado e ter muito amor para fazer algo assim. Como ainda não sou mãe, foi um desafio entender esse tipo de amor e desespero. Lidei com isso lembrando que, mesmo que as circunstâncias sejam diferentes, certos sentimentos são universais. Então, embora eu não seja mãe, sou filha, e se algo semelhante acontecesse comigo, eu faria o mesmo para ver minha mãe. Acredito que entender esse lado humano e amoroso foi essencial para enfrentar esse desafio.
Você sente que sua experiência em produções brasileiras te preparou de alguma forma para os projetos internacionais?
Na verdade, acho que foi o oposto. Saí do Brasil muito nova, então a maioria dos trabalhos profissionais que fiz como adulta foram nos EUA. Foi com Passaporte para Liberdade que finalmente retornei às produções brasileiras, e foi graças a muitos anos de estudo e aos diversos filmes e séries que fiz aqui nos EUA que me preparei para conseguir abrir as portas e voltar a atuar no Brasil.

Como você equilibra sua carreira entre o Brasil e os Estados Unidos, e quais são suas próximas ambições no cinema ou TV?
Meu equilíbrio entre EUA e Brasil varia conforme o mercado. Como minha vida, casa e marido estão nos EUA, priorizo os trabalhos aqui, pois estar perto da minha família é importante. Mas, no final das contas, vou onde a oportunidade mais interessante está. No caso de Passaporte para Liberdade, trabalhar com o Jayme Monjardim novamente depois de tantos anos me trouxe de volta ao Brasil. Pela segunda vez, o papel de “Amanda Singleton” e sua história me trouxeram de volta para fazer Rio Connection, entre outros. Minhas próximas ambições são variadas; quero continuar trabalhando em projetos globais com alcance mundial e seguir atuando em várias línguas, como inglês, português, espanhol e italiano. O mais importante é contar histórias que emocionem e inspirem o público de forma positiva.
Depois de atuar em produções como “Rio Connection” e “Dois é Demais em Orlando”, como você enxerga sua evolução como atriz ao longo dos anos?
Acredito que estou crescendo e evoluindo como atriz. Rio Connection foi um dos maiores papéis da minha carreira e com ele consegui abrir muitas portas nos EUA para projetos como She’s Obsessed with my Husband, SWAT, Death Valley Abduction, além da oportunidade de atuar em português novamente em Dois e Demais. Ao mesmo tempo, todos esses personagens são completamente diferentes uns dos outros, o que para mim é um ótimo sinal de evolução como atriz. Quero continuar fazendo isso: papéis diferentes e desafiadores para seguir crescendo e evoluindo na minha carreira.

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