Alfredo Sá Almeida propõe despertar coletivo para enfrentar as crises do mundo moderno

Luca Moreira
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Alfredo Sá Almeida
Alfredo Sá Almeida

Em A consciência da humanidade – a coerência do mundo?, o bioquímico e escritor Alfredo Sá Almeida analisa as múltiplas crises que assolam a sociedade contemporânea — ambientais, éticas, políticas e sociais — e propõe uma resposta baseada na construção de uma consciência humana e coletiva. Unindo ciência, espiritualidade e responsabilidade social, o autor defende que a transformação do planeta começa pelo reconhecimento da interdependência entre todas as formas de vida e pela adoção de práticas sustentáveis e solidárias que devolvam harmonia ao mundo fragmentado em que vivemos.

O título do livro traz uma pergunta provocadora: “A coerência do mundo?”. Na sua visão, o que simboliza essa interrogação — é um convite à dúvida, à esperança ou à urgência de repensarmos nossos caminhos?

O subtítulo do livro “A coerência do Mundo?” é um convite à esperança e à urgência de repensarmos os nossos caminhos do Futuro. A verdade é que o Homem de hoje, ainda não possui uma Consciência Coletiva Global pelo facto de estar focado essencialmente na sua vida e na sua consciência pessoal, devido às carências de toda a espécie (económicas, educacionais, de vivências limitadas, etc.). Alargar horizontes é fundamental. Urgente.

Vivemos em uma época em que a informação é abundante, mas a sabedoria parece escassa. Como o senhor acredita que podemos transformar o excesso de dados em verdadeira consciência humana?

A informação abundante é um fator positivo, apesar de uma boa parte dessa informação ser pouco importante, por estar ‘infetada’ com fake-news, crenças e conhecimentos deturpados. A sabedoria é escassa por falta de uma educação orientadora de mentes humanas e de investigação científica consistente com as necessidades humanas. Estamos necessitados de formação em Cidadania e Valores Humanos ao longo de todo o percurso escolar.

Alfredo Sá Almeida
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A obra fala sobre uma “consciência coletiva” como base para um futuro mais equilibrado. Quais seriam, na prática, os primeiros passos para despertar essa consciência em meio a uma sociedade tão individualista?

A Sociedade é muito individualista devido ao poder monetário exercido sobre TODOS. As Pessoas estão essencialmente focadas na sua vida, no seu Ser e vencer pessoalmente em todas as situações, independentemente de qualquer outro Ser. São poucos aqueles que sabem viver em comunidade estável e com sabedoria intrínseca. Mas a vivência em comunhão de ideias e princípios é possível e desejável com uma Educação específica. Veja-se o exemplo da Educação Japonesa.

O senhor destaca a importância da saúde mental e do pensamento crítico. Em um mundo cada vez mais acelerado, como cultivar lucidez sem cair na apatia ou no pessimismo diante das crises?

Independentemente da aceleração do Mundo, o Pensamento Crítico pode ser ensinado e contribuir para evitar transtornos mentais. São tantas as matérias sobre o Ser Humano, a nível individual e coletivo, que não nos ensinam por preconceitos ‘estúpidos’, que acabamos por não estar bem preparados para a Vida, seja individual ou coletiva. As pressões de origem monetária são demolidoras. A que mundo queremos pertencer, ao mundo do Ser ou do Ter?

Alfredo Sá Almeida
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O conceito de interdependência da vida — humana e não humana — aparece com força no livro. Como a ciência e a espiritualidade podem caminhar juntas nesse entendimento mais amplo da existência?

O conceito de interdependência da Vida, deveria ser transmitida a TODOS desde muito cedo na nossa Vida. A espiritualidade é muito pessoal, mas a Ciência é coletiva. Devem caminhar juntas na condição de não se atrapalharem mutuamente. A existência Humana neste Planeta será fulcral para um Futuro melhor para TODOS. Por favor, ver uma imagem que anexo a todas estas questões. Pois seremos os únicos com os conhecimentos adequados.

Alfredo Sá Almeida
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O livro propõe um olhar ético e responsável sobre o planeta. Como o senhor enxerga o papel da educação e da cultura na construção dessa ética global de cuidado?

Tudo o que o Homem já destruiu neste Planeta só nos está a conduzir para o Ponto de não Retorno. Quando ultrapassarmos esse Ponto, poderemos apelidarmo-nos de Seres Humanos, ou apenas conseguiremos viver como animais? A Educação deve focar os aspetos da Sustentabilidade da Vida e da Ética Global, associadas a avaliações do Valor Humano, a qualquer Ser Humano. O Valor Humano é essencial à Vida deste Planeta.

Ao longo da sua trajetória, o senhor passou da ciência à filosofia e à escrita. Em que momento percebeu que precisava transformar suas reflexões em literatura para alcançar mais pessoas?

Como sabem, eu estive ‘mergulhado’ em investigação científica (pura e aplicada) durante 15 anos da minha vida. A Ciência conduz-nos a muitos questionamentos e a tentar conhecer as inter-relações entre eles. A Bioquímica assim o exige por estar relacionada diretamente com sistemas vivos. Quando me inseri no mundo da Gestão, aprendi a lidar com as contradições da Vida, âmbito da Filosofia. Como sempre transmiti tudo o que investigava e o modo como entendia a Gestão, a Escrita aparece na sequência.

Para o leitor que vive as tensões e incertezas da atualidade, qual seria a principal mensagem que o senhor espera que A consciência da humanidade – a coerência do mundo? desperte?

As tensões e incertezas da atualidade prendem-se essencialmente com a falta de Educação (em todos os domínios) e a uma falta de aprendizagem de Vida em Comunidade e de tradições de Democracia. A Vida dos Seres Humanos, a nível Global, tem de ser mais respeitada e dignificada. Priorizar a Educação a todos os níveis. A Consciência é a harmonia interior que somos capazes de estabelecer, dependendo da nossa vida. É a nossa coerência!

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