Alberto Dal Molin Filho nos transporta pela emocionante jornada de ‘Quer ser meu pai?’

Luca Moreira
13 Min Read
Alberto Dal Molin Filho

Um encontro casual na praia, uma pergunta espontânea de um menino, e assim começa a envolvente narrativa do mais recente livro do autor Alberto Dal Molin Filho. Intitulado “Quer ser meu pai?”, o romance tece uma história repleta de emoções e reviravoltas, capaz de tocar profundamente os leitores.

Através de uma prosa fluida que entrelaça diálogos com as reflexões internas dos personagens, o autor traça a jornada de uma família que se forma quase por acaso. Ronei, um homem solitário e proprietário de uma empresa de seguros, encontra um garoto na praia que muda o curso de sua vida. Esse encontro o leva a se apaixonar pela mãe do menino, Márnei. No entanto, eles precisam confrontar seus próprios passados marcados por solidão e relacionamentos frustrados para construírem um amor sólido.

O livro se desdobra em oito partes, atravessando o tempo e acompanhando o amadurecimento desse relacionamento peculiar. À medida que os anos passam, os filhos crescem e seguem seus próprios caminhos. Mas é a personagem central, dotada de habilidades extrassensoriais e sonhos premonitórios, que enfrenta uma tragédia ao ser diagnosticada com leucemia. A partir desse ponto crucial, os membros da família são desafiados a lidar com a perda da mulher que sempre ocupou um lugar fundamental em suas vidas.

“Quer ser meu pai?” não é apenas uma história; é uma exploração profunda de significados. O livro ressalta a importância de dar ouvidos às vozes das crianças e, ao mesmo tempo, aborda o enfrentamento de vazios emocionais. Nesse contexto, trata das experiências humanas universais, como os laços familiares, as pequenas conquistas do dia a dia, a busca por propósito e a necessidade de conexões genuínas.

O autor, nascido no Rio Grande do Sul, Alberto Dal Molin Filho, é um mestre em Engenharia Mecânica e possui pós-graduações em Ecologia Humana, bem como graduações em História Natural e Ciências Jurídicas e Sociais. Além disso, é um mestre em Programação Neurolinguística. Com cinco livros já publicados, incluindo “Quer ser meu pai?”, Dal Molin Filho é um contador de histórias comprometido em explorar os aspectos mais profundos das relações humanas e emoções.

O título do seu livro “Quer ser meu pai?” chama a atenção logo de início. Pode nos contar um pouco sobre a inspiração por trás desse título intrigante?

Como fazia em todos os dias de verão pela manhã, eu saí para correr na praia de Xangri-lá, RS, até a Plataforma de Atlântica, cujo trajeto dá em torno de 10 km. O dia estava ensolarado e agradável. Na volta, eu passei por um menino loiro de uns 5 anos, que sorriu para mim. A sua mãe, bem jovem, loira e muito linda, também, sorriu, acompanhando o gesto do filho. Naquele momento, enquanto eu voltava, eu tive o insigne do título e de todos os capítulos do livro. Cheguei em casa e os escrevi. Nos dias seguintes, passei a desenvolver cada um deles.

A narrativa do livro equilibra diálogos com reflexões internas dos personagens. Como você desenvolveu esse estilo narrativo e qual foi o desafio em criar esse equilíbrio?

Na realidade, quando eu escrevo um livro, eu vivo o personagem, sinto o que ele sente e descrevo as suas atitudes sempre levando em conta os seus valores e o seu desejo de superação. Desta forma os personagens atuam e refletem as suas mais íntimas intenções dentro da realidade em que estão vivendo.

A história de “Quer ser meu pai?” gira em torno da formação de uma família quase por acaso. O que o levou a escolher esse tema e explorar essa abordagem?

O que me fez escolher esse tema foi o olhar do menino, conforme já relatei, que estava me dizendo: quer ser meu pai? E, pelo momento em que estamos passando em nossa sociedade, aquela pergunta mobilizou os meus sentimentos, a fim de tornar possível, que aquele pedido fosse satisfeito e uma nova família fosse formada.

Alberto Dal Molin Filho

Um dos elementos do enredo é a habilidade extrassensorial da personagem principal. Como você abordou esse aspecto mais fantástico na história?

Diante de qualquer fato em nossas vidas, a nossa imaginação flutua em todas as direções. Desta forma eu transferi para as personagens essa capacidade de deixar livre a imaginação. Contudo, mesmo entre nós, muitas pessoas têm a capacidade de vislumbrar os acontecimentos do futuro e, estes, se realizarem – habilidade extrassensorial. Assim, eu coloquei na personagem algo que é possível de acontecer conosco, e, que, estava adequado ao seu perfil.

A obra aborda vários temas complexos, como relacionamentos, enfrentamento de vazios emocionais e perda. Qual mensagem você espera transmitir aos leitores por meio desses temas?

O livro mostra como as pessoas podem sair do vazio emocional em que se encontram, se estiveram abertas ao fluxo dos apelos do universo que as rodeia: aos gestos, aos sorrisos, às palavras, aos carinhos e às emoções. Mostra que um relacionamento, tal como uma semente brota e se transforma numa linda flor, precisa ser cuidado, acompanhado e nutrido com palavras, carinhos e muito diálogo. Mostra que o casal precisa conhecer as regras que cada um estabeleceu para si, a fim de que cada um possa respeitá-las. Mostra que a perda é inerente ao seu humano e que é possível ressignificá-la, e, assim, transformá-la numa lembrança, que edifica, que ilumina e que estimula às pessoas a seguir pela vida com uma linda recordação.

“Quer ser meu pai?” é dividido em oito partes que atravessam o tempo e o amadurecimento dos personagens. Como você estruturou a narrativa para abranger essa evolução ao longo dos anos?

Eu trouxe para a narrativa do livro: Quer Ser Meu Pai?, a sequência dos momentos que acontecem numa família. Desde o momento do nascimento do amor entre as pessoas, que haviam prometido a si próprias que não estrariam em outro relacionamento, como também, o fruto desse amor, que passa a ser um dos focos de atenção de toda a família. Sem, contudo, esquecer do contexto que envolvia os dois filhos, que também faziam parte dessa família. O livro mostra que a evolução do tempo pode permitir um enlace cada vez maior, se houver o comprometimento de todos em contribuir para que isso ocorra.

A personagem principal do livro enfrenta uma leucemia, um momento trágico na história. Como você abordou a delicadeza desse tema, mantendo o equilíbrio entre o drama e a esperança?

Àquela mãe dedicada, que acompanhava com sorrisos, gestos e lindas palavras a cada momento em que todos estavam ao seu lado; àquela mãe, que ouvia, que se dedicava, que estava ao lado de cada um dos filhos ou do esposo; àquela mãe, que iluminava qualquer ambiente onde estivesse, com sua delicadeza, seu carinho, para com todos quantos estivessem ao seu lado. A essa mãe, a família passou a amar em qualquer circunstância: quer quando convidava todos para um lindo jantar à luz de velas, e, a dançar com seu esposo, quer quando se maquiava para evitar que seu filho, que estudava nos EUA, descobrisse que ela estava gravemente doente. A essa mãe, que todos amavam tanto, quando acometida por uma grave doença, continuava a ser amada como antes, porém, um amor que leva em conta que ela pode os deixar, sem, contudo, deixar de amá-la, como aconteceu.

Além da história emocional, seu livro também aborda temas como a importância de escutar as crianças e a formação de relações profundas. Como você acredita que esses temas podem ressoar com os leitores?

As crianças, em sua inocência e espontaneidade, sentem, porém não têm como expressar os seus sentimentos. Todas as pessoas que convivem com essas crianças, desde os pais, professoras do jardim, babás, médicos, têm que interpretar o que elas gostariam de dizer. O livro: Quer Ser Meu Pai, procura dar voz a esse apelo das crianças de serem mais bem compreendidas. Mostra, sim, que devemos ouvi-las mais; que temos que levar em conta o que elas dizem em meias palavras, ou em gestos, ou em choro e lágrimas. A criança, que foi a protagonista desse livro, mostra o quanto era necessário para ela ter um pai. E mais, que ela, em sua inocência, foi responsável pela formação de uma família que lhe trouxe muito amor e carinho.

Como autor de cinco livros, você possui uma variedade de temas em sua bibliografia. Como você escolhe os tópicos que deseja explorar em suas histórias?

Eu não escolho um tema previamente para escrever um livro. Eu tenho a inspiração para um determinado tema em razão do momento e do sentimento que esse fato gera em mim. Contudo, uma vez escolhido o tema, eu escrevo os livros, como: 1. AS FACES DA GRATIDÃO – com fatos da vida de minha família – em que em 1918, devido à gripe espanhola, milhares de pessoas morreram, inclusive os meus avós, sobrando, apenas, cinco órfãos, sendo um deles minha mãe. 2. UMA CAIXA DE BOMBONS – em que um morador de rua e drogado ganha uma caixa de bombons e uma missão, e, ao cumprir a missão, consegue superar-se, sendo capaz de vencer suas dificuldades e se transformar em um grande empresário. 3. QUERES SER MEU PAI? – em que as palavras de um menino feitas a um estranho transformam a sua vida, criam laços de amor e formam uma nova família. 4. MÂNI. A CIÊNCIA DO AMANHÃ – em que o protagonista empenha sua fortuna para criar um instituto capaz de desenvolver uma ciência capaz de descobrir os sequestradores e assassinos do seu pai e mostra, que a ciência é capaz de resolver a maioria dos problemas. 5. COMO ME SENTI QUANDO VOCÊ PARTIU – em que um empresário, que se dedicava muito às suas folhagens, num determinado momento da vida, quando acometido por uma doença grave, passa a ter nessas plantas as suas confidentes, que descrevem a vida do empresário.

Além de escritor, você tem formação em diversas áreas, incluindo Engenharia Mecânica e Programação Neurolinguística. Como essas experiências influenciam sua abordagem à escrita e à criação de personagens?

Sem dúvida, a minha formação auxiliou, tanto na percepção dos perfis que as personagens têm, como também nos posicionamentos que elas tomam em determinadas situações. Contudo, a grande ideia para um escritor é fundamental. E tanto a ideia quanto o ineditismo que ela representa são as pérolas preciosas que os escritores procuram. Por outro lado, a minha vivência em áreas distintas do conhecimento, bem como a minha experiência pessoal, estão me trazendo grandes benefícios, pois me permitem escrever sobre diversos temas, que no momento são tão significativos.

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