Adlih Alvarado faz participação especial na série All’s Fair, de Ryan Murphy, no Hulu

Luca Moreira
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Adlih Alvarado (Coke Riera)
Adlih Alvarado (Coke Riera)

A atriz porto-riquenha-americana Adlih Alvarado consolida sua ascensão no audiovisual ao integrar o elenco da nova série de Ryan Murphy, “All’s Fair”, produção do Hulu que reúne alguns dos maiores nomes da televisão contemporânea. No drama jurídico estrelado por Sarah Paulson, Naomi Watts e Glenn Close, Alvarado interpreta Esperanza Torres, ampliando sua presença em projetos de alto impacto enquanto reafirma seu compromisso com narrativas que valorizam identidade, diversidade e representatividade cultural.

Sua trajetória passa por três lugares que ajudaram a moldar quem você é — Porto Rico, Orlando e Madri. Como essas culturas vivem dentro de você quando cria uma personagem?

É quase como jogar The Sims. Você já tem tudo ali pronto e, quando chega a hora de criar uma personagem, começa a adicionar pequenos detalhes que absorveu de amigos e da família. Tenho uma família grande, e cada pessoa é praticamente uma personagem, com seu próprio arquétipo. Quando se trata de sotaque e gírias, é aí que as coisas podem mudar bastante.

Em This Is Us, você interpretou a jovem Beatriz Rivas em uma série conhecida por sua profundidade emocional. O que essa experiência deixou em você como artista e como pessoa?

Foi uma experiência interessante fazer esse papel. Eu não cheguei a conhecer a atriz que interpretava a versão adulta da Beatriz antes das filmagens, então precisei confiar totalmente em mim mesma e nos meus instintos.

O curioso é que consegui me identificar muito com a Beatriz, porque nós duas temos uma irmã com necessidades especiais. No meu caso, minha irmã é mais velha, mas eu praticamente tive que amadurecer cedo para ajudar minha mãe a cuidar dela. Nós nos mudamos bastante, de Porto Rico para Orlando e depois para a Espanha.

De certa forma, esse papel me curou e me tranquilizou, me mostrando que eu sempre estive exatamente onde deveria estar. Eu me sinto abençoada por poder compartilhar isso com as pessoas.

Adlih Alvarado (James Pratt)
Adlih Alvarado (James Pratt)

Seu novo papel em All’s Fair coloca você ao lado de ícones como Sarah Paulson, Naomi Watts e Glenn Close. Houve um momento no set em que você olhou ao redor e pensou: “Uau… eu realmente cheguei até aqui”?

Acho que isso aconteceu no meio de uma das cenas, quando eu estava literalmente espremida entre elas. Nada como perceber que você chegou lá quando está cercada por ícones, né? [risos]

É curioso porque eu lembro de ficar muito nervosa durante as provas de figurino e também enquanto me preparava para o set, mas, na hora de atuar, parecia que meu corpo já sabia exatamente o que fazer. Eu só queria mostrar que eu também merecia estar ali, ao lado de lendas.

E, mesmo que não tenha sido um pensamento claro de “eu realmente cheguei”, foi mais como um “bem-vinda de volta, guardamos um lugar para você — pega um prato e fique à vontade”. Eu as admiro profundamente e as vejo como inspirações, tanto na carreira quanto na vida.

Esperanza Torres existe em um universo intenso, competitivo e emocionalmente complexo. O que te atraiu nessa personagem e o que mais te desafiou ao dar vida a ela?

Acho que algo que acontece muito é que, quando nós, “atrizes”, recebemos cenas de um teste e vemos que o papel é, por exemplo, de uma “empregada doméstica”, muitas vezes parece algo pequeno à primeira vista. Então acabamos indo direto para a ideia mais óbvia.

Com Esperanza, ela não era a personagem principal, mas isso porque a história não girava em torno do dia a dia dela — ela servia a algo maior. Não havia uma temporada anterior ou spin-off para guiar o tom da narrativa, então, com pouco tempo para me preparar, fui assistir à primeira temporada de Devious Maids. Queria entender como seria uma empregada em Beverly Hills ou em uma casa extremamente rica.

Descobri muitas camadas. Ela é forte, leal e durona, mas por baixo disso tudo tem muito amor para dar e é extremamente sensível. Foi difícil vê-la passar pelo desfecho de All’s Fair, mas fico animada para saber se a série vai explorar as decisões dolorosas que ela precisou tomar.

Adlih Alvarado (James Pratt)
Adlih Alvarado (James Pratt)

Sua herança porto-riquenha é uma parte central da sua identidade artística. Em que momento da carreira você sentiu que a representatividade realmente fez diferença — para você e para o público?

Acho que foi quando consegui This Is Us. Até o almoço no set tinha comida porto-riquenha — foi o melhor dia de todos! Eu tento incorporar isso em todos os projetos que faço. Recentemente, participei de uma peça chamada Fernandomania!, na qual pude atuar tanto em inglês quanto em espanhol, e levei um tempero porto-riquenho para as personagens.

Busco inspiração nos membros da minha família e incorporo essas pequenas nuances, então Porto Rico está sempre comigo. Espero conseguir causar um impacto como o Bad Bunny fez com a música dele — quero fazer o mesmo com a atuação.

Ryan Murphy é conhecido por criar universos narrativos ousados e emocionalmente intensos. Como foi entrar no ecossistema criativo dele pela primeira vez?

Um sonho realizado. Eu acompanho o trabalho dele há muito tempo. Quando morava na Espanha, maratonei American Horror Story e, no ano passado, estava assistindo Grotesquerie e a temporada Monster sobre os irmãos Menendez. Eu vivia dizendo aos meus amigos: “Um dia vou trabalhar com ele. Vou fazer parte desse universo.”

Quando recebi o teste, ele vinha com um codinome, então parecia apenas uma série nova. Acho que isso me libertou da pressão de ser perfeita na audição. Mas quando meu empresário me contou que era para o novo projeto do Ryan Murphy com a Kim Kardashian… eu surtei!

Tive uma enxaqueca naquela noite, estava me arrumando para ir trabalhar, mas nada mais importava — eu ia estar em uma série do Ryan Murphy! Eu adoraria trabalhar com ele em algo ainda mais insano. Quero ser uma assassina ou algum tipo de monstro.

Se você pudesse enviar uma mensagem para a Adlih que estava começando em filmes estudantis, que conselho daria hoje, vivendo esse momento tão marcante da sua carreira?

Eu diria para a Adlih mais jovem: continue insistindo. Não importa como as coisas se desenrolem, tudo é uma bênção disfarçada. Nunca sinta que ficou para trás ou que chegou tarde ao seu sucesso. Absorva tudo.

Continue sendo essa pessoa gentil, mesmo quando o mundo parecer escuro. Você é a luz — então continue brilhando. E quando disserem para você diminuir o brilho porque está incomodando os outros, coloque ainda mais combustível e brilhe mais forte. A Glenn Close está te esperando. E isso é só o começo.

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