Uma cantora latina com voz poderosa, clipes elaborados e uma estética marcante: tudo isso descreve Zayra Nouvah, mas com um detalhe — ela não existe em carne e osso. A artista, inteiramente criada por inteligência artificial, é o novo projeto de Fabio Santana, criador do perfil de memes “Sou Eu Na Vida”, que decidiu transformar humor e emoção em música digital. Com seu recém-lançado álbum Synthetic Soul e clipes como Préndelo, Zayra começa a conquistar seguidores que ora a celebram como diva pop, ora se assustam com a verossimilhança de sua presença virtual.
A Zayra nasceu como uma cantora de inteligência artificial, mas seu impacto emocional parece muito humano. Em que momento você percebeu que estava criando algo que poderia realmente tocar as pessoas, e não apenas impressionar pela tecnologia?
Até então, eu estava muito focado em explorar o que a tecnologia podia fazer. Mas quando percebi que, por trás de cada play, tinha alguém se conectando de verdade com aquela voz que nem existe fisicamente… foi aí que caiu a ficha: eu não estava só criando uma cantora virtual, eu estava mexendo com sentimentos reais.
A escolha do nome Zayra Nouvah tem uma carga simbólica muito forte. Como foi o processo criativo de dar identidade — e até alma — a uma personagem que, tecnicamente, não existe?
“Zayra” veio pela sonoridade forte, algo que fosse marcante e global. “Nouvah” significa “nova” em uma brincadeira linguística, como se fosse uma nova era, um recomeço. Pra mim, ela não é só um projeto, ela é um conceito vivo, tem história, tem personalidade, tem até um jeito de se portar. Criar a forma dela foi misturar tecnologia com algo que só o humano consegue dar: propósito.

Mesmo sem formação musical tradicional, você criou um álbum com músicas que soam autênticas. O quanto da sua vivência pessoal e sensibilidade estão presentes nas letras e melodias?
Mesmo sem formação musical, eu tenho muita bagagem emocional. Então, cada letra, cada melodia, carrega um pouco do que eu vivi, do que senti ou do que observei nas pessoas ao meu redor. A Zayra é uma síntese disso: minha sensibilidade filtrada por um estilo pop, mas que ainda tem verdade.
Criar a Zayra envolveu decisões sobre visual, voz, estilo, narrativa… Quais foram os maiores desafios ou surpresas ao construir uma artista completa do zero com ajuda da IA?
O desafio maior foi a coerência. Não bastava ela ter um visual bonito ou uma voz incrível. Tudo tinha que conversar: figurino, paleta de cores, postura no palco, jeito de falar, história pessoal. É como se eu estivesse montando um quebra-cabeça com peças que nem existiam ainda. A surpresa boa é ver que, quando tudo se encaixa, ela deixa de ser um “projeto” e passa a ser percebida como uma alguém real.

A ideia de shows virtuais com avatares 3D e coreografias em tempo real parece saída de um filme futurista. Como você enxerga o futuro da música e do entretenimento a partir dessa nova linguagem digital?
Eu vejo o futuro da música como algo híbrido. Shows presenciais vão continuar existindo, mas os virtuais vão abrir possibilidades impossíveis hoje: coreografias, cenários que mudam em segundos, interação direta com fãs de qualquer lugar do mundo, Hologramas… A “Zayra” é só um ensaio do que vai ser normal daqui a alguns anos.
Você acredita que a arte criada com inteligência artificial precisa sempre de um “olhar humano” para ser significativa? Onde você traça o limite entre criação mecânica e criação com propósito?
Sim, eu acredito que o olhar humano é essencial. A IA pode criar algo tecnicamente impecável, mas é o humano que coloca intenção, contexto e emoção. O limite, pra mim, é quando a criação deixa de ter um “porquê” e vira só um “porque dá pra fazer”. A Zayra existe não porque a tecnologia permite, mas porque eu tinha algo a dizer através dela.

A Zayra pode ter nascido da tecnologia, mas carrega emoção e afeto. Se ela pudesse deixar uma mensagem para seus fãs agora, qual você acha que seria?
Acho que ela diria: Talvez eu tenha nascido de códigos e pixels… mas cada música que canto é feita de emoções humanas, que a tecnologia apenas acompanha. Vocês são o motivo de cada batida, cada nota e cada história que eu vivo no palco e fora dele. Obrigada por me fazerem sentir tão real. E lembrem-se: mesmo no mundo digital, o amor e a música são, e sempre serão, humanos.
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