A síndrome da boazinha: mulheres relatam dificuldade em dizer não e sofrem com sobrecarga emocional

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Estudos apontam que a falta de limites está ligada ao aumento da ansiedade, da baixa autoestima e até do burnout feminino

Um dos maiores desafios emocionais das mulheres modernas não é apenas a sobrecarga de papéis, mas a incapacidade de estabelecer limites. Conhecida popularmente como “síndrome da boazinha”, essa dificuldade em dizer “não” leva muitas mulheres a aceitarem mais responsabilidades do que conseguem suportar, com impactos diretos em sua saúde mental e emocional.

Um estudo da Psychology Today revela que pessoas com dificuldade de negar pedidos apresentam níveis mais elevados de estresse e propensão a quadros depressivos. No Brasil, pesquisa do Ibope (2023) mostrou que 64% das mulheres afirmam já ter adoecido por tentar agradar a todos, mesmo contra sua vontade.

Para a psicóloga e terapeuta integrativa Laura Zambotto, essa realidade é recorrente no consultório. “Muitas mulheres sentem culpa só de imaginar dizer não. Elas acreditam que precisam ser sempre agradáveis e disponíveis. O resultado é um acúmulo de demandas que as afasta de si mesmas e gera esgotamento emocional”, afirma.

Especialistas em comportamento humano explicam que essa dificuldade está ligada a fatores culturais e sociais. “A mulher foi educada, por séculos, a ocupar o lugar de cuidadora e servidora. Essa expectativa permanece, mesmo quando ela ocupa papéis de liderança ou busca autonomia na vida pessoal”, acrescenta Laura.

O preço da boazinha, porém, é alto: ansiedade, baixa autoestima, depressão, esgotamento, dificuldade em relacionamentos e sintomas físicos como insônia, enxaquecas e dores musculares. Estudos recentes da USP também apontam que a falta de assertividade está relacionada ao aumento de casos de burnout entre mulheres, especialmente as que acumulam jornada dupla.

Para romper esse ciclo, especialistas defendem a importância de práticas de autoconhecimento e do fortalecimento da autoestima. “Aprender a dizer não é um ato de amor próprio e coragem. Quando a mulher se coloca em primeiro lugar, ela conquista relações mais equilibradas e preserva sua saúde emocional. A mulher pode continuar sendo uma pessoa boa, com princípios e valores, sem precisar agradar a todos ao seu redor”, conclui Laura.

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