O combate entre Wanderlei Silva e Acelino “Popó” Freitas, que deveria celebrar o boxe em sua grandeza, acabou maculado por gestos que fugiram à essência do esporte. Golpes ilegais, ajoelhadas, atitudes que transbordaram os limites da regra e do respeito. O árbitro, com justiça, desclassificou Wanderlei.
Mas foi então que a luta deixou de ser técnica e virou turbilhão. As equipes, antes expectadoras da glória dos seus atletas, transformaram-se em antagonistas da própria honra. Vozes elevadas, gritos, insultos, o corpo a corpo que não cabe em nenhum manual da nobreza esportiva.
No centro do caos, Popó ídolo de gerações ergueu-se como pacificador. Tentou conter, separar, acalmar. Mas a sombra da violência não escolhe alvos: foi ele quem recebeu chutes, socos e empurrões covardes, vindos de onde não se via, de braços que não sabiam parar.
Wanderlei, também tragado pelo furor, terminou ao chão, golpeado pela queda, recolhido agora à recuperação. Em torno deles, um enxame de corpos: uma dezena, talvez duas, no ringue, num espetáculo de insanidade coletiva, que insistia em prolongar-se para além das cordas.
E como se não bastasse, a violência extravasou os limites da arena. Na saída, nos corredores e até diante dos veículos de transporte, a fúria ainda ecoava.
Resta-nos, agora, o silêncio reflexivo. O receio do que pode vir, e a esperança do que deve prevalecer. Que se levante mais alto o espírito nobre do boxe. Que vença o respeito, o reconhecimento, o gesto que cura: o pedido de perdão, o aperto de mãos, o abraço sincero.
É isso o que o Brasil quer ver. É isso o que o mundo espera.
Que a pancadaria de ontem se transforme, o quanto antes, no exemplo de reconciliação que só o esporte é capaz de ensinar.
“Wand, estou e sempre estarei, aqui, pronto, para apertar suas mãos, te abraçar e fazer a minha parte das desculpas na pacificação e na preservação do boxe e do esporte. Esse é o nosso papel como referências, ídolos de gerações. Espero que tenhas a grandeza de seguirmos juntos nesse propósito que é muito maior do que nós! E de revivermos a liderança para conter, vez por todas, cada um dos times e quiçá de terceiros outros aproveitadores.” Popó Freitas
“Somos gigantes e quaisquer diferenças se resolvem dentro do ringue, apenas entre nós como de fato foi. Nenhum de nós queria o final que se sucedeu. Mas podemos ainda construir, ainda no presente, o futuro de paz, harmonia e muito espírito esportivo! Que todos respeitem a nossa história a minha e a sua” Popó Freitas.