A atriz Maria Paula Marini está no elenco de Alguma coisa falta aqui, espetáculo dirigido por Stella Rabello e com texto de Bernardo Coimbra, que estreia no dia 3 de outubro no Teatro Domingos Oliveira. Em cartaz até o dia 26, com sessões às sextas e sábados às 20h e domingos às 19h, a montagem propõe uma linha do tempo desorganizada para abordar excessos de informação e ausências que permeiam a vida contemporânea.
Maria Paula, “Alguma coisa falta aqui” nasceu de encontros criativos entre amigos e foi se transformando ao longo de anos. Como esse processo colaborativo impactou sua visão como atriz e como pessoa?
Impactou profundamente. Acho que fazer teatro de grupo é fundamental para qualquer ator. Esse processo conjunto, de só existir através e por causa do outro, de acumular funções, torcer junto, sofrer junto, é o que mais me motiva e mais me brilha os olhos em atuar.
O texto da peça lida com excesso de informação e as faltas da vida moderna. Houve algo nesse processo que te fez refletir sobre as suas próprias “faltas” ou excessos?
Claro! O processo artístico sempre acaba nos tocando pessoalmente e o texto foi sendo criado pelo Be (Bernardo Coimbra) através das nossas conversas e percepções do mundo. Então, muito do que falamos no texto já foi discutido ou pensado entre nós em algum momento.
Você comentou que trabalhar com seus melhores amigos é algo muito especial. O que mais te emociona ou te diverte nos bastidores ao dividir essa peça com Bernardo, Carol e Sued?
Tudo! Temos um conhecimento muito profundo de cada um, e isso transparece em cena. Foi muito bonito, no processo de criação e improviso das cenas, a forma como a gente se escuta e se conhece. E, claro, é maravilhoso ter eles para poder dividir as angústias de tirar um projeto do papel.
Quais foram os maiores desafios para manter a peça viva durante esse processo tão longo de criação e ensaio?
Além de atores, somos os idealizadores e, por isso, um pouco produtores da peça. Então. o mais difícil foi lidar com todas as burocracias externas. A gente achou que ter o texto, os atores e a direção eram suficientes (risos). E não deixar essas pequenas e grandes burocracias do mundo real nos desanimarem, foi bem desafiador.
Você tem experiência em TV, cinema, teatro e dança. Como cada uma dessas linguagens influencia a outra na sua atuação?
São indissociáveis. Claro que cada linguagem requer modos e nuances diferentes, mas sou sempre Eu ali na presença e no jogo. Então, qualquer experiência, independente do formato, influencia diretamente nas outras, porque são mais experiências que esse mesmo corpo está acumulando e trocando.
O que a Letícia de “Um Lobo entre os Cisnes” e a Andrea de “Matches” te ensinaram como atriz que você leva hoje para o palco?
Ambas são personagens ousadas, destemidas e que sabem o que querem. E acho que elas me deram uma confiança e um “borogodó” que tive que procurar dentro de mim e que me faz muito bem até hoje!
Você diz que o teatro é sua primeira paixão. Há algum momento específico no palco que te fez ter certeza de que essa seria a sua vida?
Sim! Minha primeira peça, com 8 anos. Minha personagem chamava Maria Amélia e até hoje lembro das falas e da sensação que senti com a risada e reações do público. Lembro de a cortina fechar e eu pensar que queria fazer isso pra sempre.
O que você espera que o público leve para casa depois de assistir “Alguma coisa falta aqui”?
Acho essa peça um ode ao teatro, à linguagem teatral. Fazemos muitas interferências e quebras de quarta parede, metalinguagem. Eu particularmente adoro quando o teatro se lembra que é teatro e gosto quando a peça tira o espectador de um lugar passivo. Esperamos fazer isso com o público na nossa peça. E claro, gostaria que eles fossem atravessados por essas histórias e reflitam sobre a própria vida e o mundo.
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