Camila Santanioni brilha em “Paulo, o Apóstolo” e expande carreira com audiolivro e literatura infantil

Luca Moreira
7 Min Read
Camila Santanioni (Helmat Hossman)
Camila Santanioni (Helmat Hossman)

A atriz mineira Camila Santanioni, que interpreta Beula na série bíblica “Paulo, o Apóstolo” — já disponível no streaming Univer Video e com estreia prevista para julho na Record TV —, segue em plena ascensão artística. Além da produção religiosa, Camila empresta sua voz ao audiolivro ambiental “Fora de Si”, dirigido pelo ator Caio Graco, e é autora do livro infantil “Princesa Abelha e Rainha Jabuti”, lançado na Bienal de São Paulo em 2023. Com formação sólida em teatro, dança e artes circenses no Brasil e na Europa, a atriz coleciona trabalhos em televisão, teatro e cinema, consolidando uma carreira multifacetada e promissora.

Você interpreta Beula em Paulo, o Apóstolo, uma figura bíblica mencionada de forma sutil nas escrituras. Como foi dar corpo e alma a uma personagem com referências tão delicadas e ainda assim carregadas de significado espiritual?

Foi um trabalho gratificante. Consultei o livro de Atos para entender não apenas sobre a personagem, mas também sobre o conceito histórico. Beula ouviu os ensinamentos de Paulo, apesar de ter ficado encantada em um primeiro momento, ela contribuiu para que muitas  dúvidas e questionamentos sobre o caráter Paulo e Barnabé fossem levantados, resultando no expulsão deles da cidade.

No audiolivro Fora de Si, você empresta sua voz a uma bananeira que, curiosamente, viveu entre os humanos. Como foi o desafio de interpretar uma personagem tão simbólica dentro de uma fábula com temática ambiental?

A preservação ambiental é um assunto urgente, e as fábulas são uma maneira de dar voz à natureza. Em “Fora de Si”, a bananeira Nanica que cresceu entre os humanos, foi replantada na floresta, e tenta explicar por que os humanos são superiores a todos eles. Ela se perde nas explicações, repensa. Ouviremos momentos cômicos e um final emocionante.

Seu livro infantil Princesa Abelha e Rainha Jabuti fala sobre imaginação, amizade e superação. De onde veio a inspiração para criar a personagem Fifi e suas aventuras no jardim? Você vê ecos da sua infância nessa história?

Sim, podemos dizer que eu escrevi um livro infantil baseado em fatos reais, pois a casa mencionada realmente existiu, assim como as personagens humanas e silvestres.

Camila Santanioni (Helmat Hossman)
Camila Santanioni (Helmat Hossman)

Você tem uma trajetória artística internacional, com passagens pela Suíça, Suécia e República Tcheca, além do Brasil. Como essas experiências multiculturais impactaram sua visão sobre arte e o seu modo de atuar?

De norte a sul, o Brasil é riquíssimo culturalmente. A gente precisa de mais teatros abertos o dia inteiro como tem lá fora e geralmente cheios. Na República Tcheca eu fui gravar um comercial, e consegui assistir ao teatro de luz negra, tradicional do país, em pleno horário de almoço. Experiências como essas tornam nosso dia a dia mais interessante e nos proporcionam referências criativas.

Seu espetáculo 32kg, contemplado pela Funarte, e sua atuação em S’Blood que concorreu ao prêmio Shell mostram que você também se dedica a projetos autorais e intensos. O que te move a criar suas próprias narrativas e como você escolhe os temas que deseja explorar?

Eu tinha acabado de voltar de uma longa viagem quando produzi “32 kg”foi sobre uma mala extraviada e as memórias afetivas que envolvem cada objeto. O cotidiano me inspira bastante, se a gente parar um pouco e prestar atenção, é muito rico em ações, diálogos, personalidades. Já “S’Blood” foi uma releitura de “Otelo, o mouro de Veneza” de Shakespeare, e eu interpretei a Desdêmona. A gente nunca sabe quando vai surgir uma inspiração inusitada, mas amo quando acontece, e desejo interpretar grandes clássicos.

A série Paulo, o Apóstolo estreia em um momento em que o público busca por histórias com propósito. O que mais te tocou pessoalmente durante esse projeto e o que você espera que o público leve da sua personagem?

As obras bíblicas me emocionam muito e me alegra acompanhar o sucesso que tem feito! Percebo que a Beula representa a jornada espiritual de muitas pessoas, ela é questionadora e contribui para que uma multidão se levante contra Paulo, mas se arrepende, reconhece a integridade dos discípulos de Jesus e aceita os ensinamentos que foram levar mesmo quando já foram embora da cidade, isso nos mostra que enquanto vivermos não será tarde para buscar aproximação com Deus.

Camila Santanioni (Helmat Hossman)
Camila Santanioni (Helmat Hossman)

Entre teatro, audiovisual e literatura, você construiu uma carreira que transita por linguagens distintas, mas sempre com profundidade. Como você escolhe seus papéis e projetos? Existe um fio condutor entre eles que você sente como missão artística?

Obrigada! O que tem feito sentido para mim hoje é falar sobre assuntos edificantes, como ecologia e fé, que mencionamos acima. O audiovisual faz um ótimo trabalho de alcance, está acessível a grande parte da população e me sinto lisonjeada por ter integrado produções tão grandes. Em paralelo, gosto de trabalhar para que o teatro e a literatura alcancem mais pessoas também; desde outubro, quando meu livro foi publicado, além das Bienais, tenho divulgado também fora do circuito cultural tradicional através de uma apresentação teatral, muitas crianças que assistem, nunca tiveram acesso ao teatro antes.

Além da atuação, você está atualmente cursando licenciatura em teatro. Como é voltar à sala de aula com uma bagagem tão ampla e o que você busca ao unir o fazer artístico com a educação?

Arte e educação andam de mãos dadas. Gosto muito de estar em sala de aula e incentivo as pessoas a estudarem. Além de ser ótimo para me aprofundar em diversos assuntos, é um ótimo espaço para experimentação. Muitos dos meus projetos foram desenvolvidos antes no espaço acadêmico, inclusive o meu livro infantil.

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