Brandi Burkhardt estreia novo EP autoral e volta às telas com filme da A24 ao lado de Paul Rudd

Luca Moreira
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Brandi Burkhardt (Ryan West Photo)
Brandi Burkhardt (Ryan West Photo)

Após se destacar na série Hart of Dixie como a carismática Crickett, Brandi Burkhardt retoma sua trajetória musical com um EP inédito previsto para maio de 2025. A artista, que também já brilhou nos palcos da Broadway, apresenta agora canções autorais que exploram temas como empoderamento, vulnerabilidade e autodescoberta. Além da música, ela integra o elenco do longa Friendship, novo filme da A24 com estreia marcada para o mesmo mês, ao lado de Paul Rudd.

Você já brilhou na Broadway, na TV e no cinema, mas agora está retornando à música com um trabalho autoral muito pessoal. Como foi redescobrir sua voz musical depois de tantas experiências em outras formas de arte?

Foi como voltar para casa — mas para uma versão de mim que eu ainda não conhecia. Sempre contei histórias por meio de personagens — no palco, nas telas — mas compor é diferente. É sem filtro. Depois de anos interpretando palavras de outras pessoas, redescobrir minha própria linguagem musical foi ao mesmo tempo apavorante e eletrizante. Eu precisei ser muito honesta, abrir mão da perfeição e deixar a vulnerabilidade me guiar. Esse projeto se tornou uma forma de reivindicar minha arte nos meus próprios termos. É pop, mas é pessoal. Cada melodia carrega uma memória. Cada letra é uma verdade que nem sempre soube como dizer em voz alta.

Seu novo EP parece ser mais do que um projeto musical — soa como uma espécie de jornada emocional e pessoal. O que te motivou a transformar esse momento da sua vida em canções e compartilhar isso com o mundo?

O EP começou como uma forma de entender tudo o que eu estava sentindo — e acabou se tornando uma tábua de salvação. Foi o meu jeito de me libertar. Fala sobre estar presa em um ciclo emocional — dividida entre o que foi, o que poderia ter sido e o que eu continuava fingindo que ainda poderia ser. Acho que todo mundo já passou por momentos em que repete uma situação mil vezes na cabeça, esperando por um final diferente. Essas músicas se tornaram a trilha sonora do meu processo de finalmente deixar ir. Não começou como um projeto conceitual, mas quando ouvi tudo depois, ficou claro: cada faixa é um passo em direção à versão de mim que não precisa mais se apegar. Compartilhar isso pareceu ser o passo final — e talvez alguém ouça e se sinta um pouco mais pronta para quebrar o próprio ciclo também.

Você descreve esse trabalho como uma história de uma super-heroína pessoal, em que a vulnerabilidade se transforma em força. Em que momento percebeu que assumir suas fragilidades seria justamente o caminho para se empoderar artisticamente?

Sempre achei que estava sendo vulnerável — mas, na verdade, eu só estava com medo. Vulnerabilidade real significa abrir mão do controle sobre o resultado, e isso é algo que ainda estou aprendendo a fazer. A virada aconteceu quando parei de “atuar” meus sentimentos e comecei realmente a senti-los. Quando me permiti não ter todas as respostas, a música simplesmente fluiu. Eu não estava escrevendo a partir de um lugar polido e perfeito — eu estava escrevendo do meio do turbilhão. Acho que é daí que vem a força. Não de fingir que está tudo bem, mas de continuar aberta apesar de tudo. Esse é o coração do projeto: uma heroína que não é invencível, só corajosa o suficiente para seguir em frente.

Brandi Burkhardt
Brandi Burkhardt

Além da música, você em breve estreia no filme Friendship, da A24. Como foi equilibrar esse mergulho emocional do EP com o processo de dar vida a uma nova personagem nas telonas?

Foi o melhor tipo de reviravolta. Um dia eu estava no estúdio escrevendo sobre dor e cura, e no outro estava no set trocando piadas e mergulhando no caos com o Paul Rudd e o Tim Robinson. Friendship foi uma loucura no melhor sentido — e, honestamente, me deu espaço para respirar. O EP me pediu para ir fundo, enquanto o filme me deu permissão para me soltar e simplesmente brincar. Ter os dois me salvou, de certa forma. Um equilibrou o outro e me lembrou que ser artista não significa escolher um único caminho. Eu posso ser as duas: a garota que despeja o coração no estúdio e a que faz piadas no set.

Muitas artistas passam anos tentando encontrar uma linguagem própria — e agora você apresenta um trabalho que parece ter nascido do instinto e da escuta interior. O quanto confiar em si mesma mudou a forma como você cria?

A maior mudança foi aprender a não performar — mas a sentir. Passei boa parte da minha carreira cantando alto, com potência, atingindo notas que fazem as pessoas pararem e ouvirem. E eu ainda amo isso — faz parte de mim. Mas esse disco não é sobre provar nada. É sobre contar a verdade. Capturar um momento. Deixar que um sussurro diga mais do que um agudo poderia dizer. E isso foi difícil — resistir à vontade de impressionar e mergulhar em algo mais cru, mais íntimo. Não é perfeito. E nem deveria ser. É isso que o torna real.

Estamos acostumados a te ver em personagens fortes, decididas, encantadoras. O que as pessoas vão descobrir sobre a Brandi real ao ouvirem esse EP? Costuma existir muita semelhança entre você e suas personagens?

Já interpretei uma variedade enorme de mulheres — algumas leves e doces, outras ousadas e sensuais, outras ainda bagunçadas, ansiosas, simples, intensas, até um pouco vilãs. E amei todas elas, porque cada uma me permitiu experimentar uma versão de mim que eu ainda não estava pronta para assumir na vida real. Para ser honesta, eu costumava pegar emprestada a confiança das minhas personagens. Era mais seguro me sentir poderosa sendo outra pessoa. Mas esse EP não é uma personagem. Sou eu. As histórias não estão amarradas com laços nem escritas para aplausos. São fragmentos de sentimentos reais — momentos que eu realmente vivi. Então talvez o que as pessoas descubram nessa música seja alguém que ainda está se descobrindo, ainda está crescendo. E talvez essa seja a personagem mais corajosa que eu já interpretei.

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