Universos compartilhados: a tendência dos crossovers na cultura pop

Andrezza Barros
8 Min Read

Você já deve ter visto aquele momento mágico em que personagens de mundos diferentes se encontram, como quando os Vingadores se reúnem em um único filme ou quando Mario aparece ao lado de Sonic em competições olímpicas. Esse tipo de encontro, conhecido como crossover, virou uma verdadeira febre na cultura pop. E mais do que uma moda passageira, ele reflete uma mudança na forma como consumimos e nos relacionamos com o entretenimento.

Neste texto, vamos explorar como os universos compartilhados se tornaram uma tendência forte nos filmes, nas séries, nos games e até nos quadrinhos. E claro, vamos mostrar por que os crossovers são tão cativantes para o público.

A ascensão dos crossovers no cinema e nas séries

Foi com o sucesso do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) que os crossovers ganharam força na era moderna. A ideia de apresentar heróis em filmes próprios, para depois reuni-los em aventuras coletivas, mostrou que era possível construir uma narrativa de longo prazo com retorno financeiro impressionante. De Homem de Ferro (2008) até Vingadores: Ultimato (2019), o público se envolveu com as histórias justamente porque elas se conectavam e davam a sensação de fazer parte de algo maior.

Outros estúdios tentaram seguir o mesmo caminho, como a DC Comics, com o universo da Liga da Justiça, e até a Universal, com o fracassado “Dark Universe”, que prometia reunir monstros clássicos como Drácula, A Múmia e Frankenstein. Mas o sucesso não é garantido: exige planejamento, coesão narrativa e personagens cativantes.

Nas séries, o exemplo mais conhecido talvez seja o “Arrowverse”, que começou com Arrow e foi expandido com The Flash, Supergirl, Legends of Tomorrow e outros títulos. As séries da Netflix ambientadas no universo Marvel, como Demolidor e Jessica Jones, também caminharam nesse sentido, culminando em Os Defensores.

Crossovers nos games: onde tudo é possível

Se nos filmes o crossover exige um cuidado narrativo e contratos milionários, no mundo dos games a liberdade criativa é ainda maior. Jogos como Super Smash Bros. são verdadeiras celebrações do crossover: colocam personagens de diferentes franquias da Nintendo (e além!) lutando entre si, sem a menor cerimônia.

Um exemplo notável é Kingdom Hearts, que mistura personagens da Disney com os da série Final Fantasy, criando um universo original e cheio de nostalgia. Outro caso marcante é o de Fortnite, que se tornou uma plataforma cultural, com aparições de heróis da Marvel, vilões de Star Wars, atletas da NBA e até shows virtuais de artistas famosos.

Além disso, há títulos como Zelda, que além de jogos de videogame, como o clássico The Legend of Zelda™: Link’s Awakening, que, embora não seja um crossover direto, brinca com referências a outros jogos e personagens, criando uma experiência que surpreende até os fãs mais antigos.

Quadrinhos e livros: o berço dos encontros improváveis

Muito antes dos filmes de heróis lotarem os cinemas, os quadrinhos já promoviam encontros entre personagens de diferentes universos. Batman e Superman dividem páginas há décadas, e editoras como Marvel e DC já fizeram até crossovers entre si. Sim, já houve uma batalha entre Wolverine e Lobo, e até um embate entre Capitão América e Batman.

Nos livros, autores como Stephen King criaram universos interconectados entre suas obras. Personagens de A Torre Negra aparecem ou são mencionados em diversos outros livros do autor, criando um verdadeiro “Kingverso”. Esses detalhes recompensam os leitores mais atentos e constroem uma sensação de profundidade que ultrapassa o livro individual.

Por que gostamos tanto de crossovers?

A resposta pode estar no senso de recompensa e familiaridade. Quando personagens que amamos aparecem juntos, sentimos que tudo aquilo valeu a pena. É como ver velhos amigos se reencontrando em uma nova aventura. Além disso, os crossovers despertam a curiosidade e abrem espaço para o famoso “e se…?”. E se Gandalf encontrasse Darth Vader? E se Lara Croft unisse forças com Nathan Drake?

Esse tipo de narrativa também ativa o lado mais lúdico do público, pois quebra regras e permite combinações inesperadas. Além disso, crossovers ampliam o apelo comercial das obras, atraindo fãs de diferentes nichos para um mesmo produto.

Os riscos dos universos compartilhados

Nem tudo são flores. Quando mal executados, os crossovers podem parecer forçados ou confusos. A ânsia por criar grandes eventos pode comprometer a narrativa principal de uma obra ou enfraquecer personagens importantes. Um exemplo é o universo cinematográfico da DC, que foi criticado por apressar a reunião dos heróis sem antes construir suas histórias individuais com profundidade.

Outro ponto de atenção é o excesso de fan service. Embora seja legal ver personagens interagindo, isso não pode ser o único motivo para a existência da obra. É preciso ter uma boa história por trás, que justifique o encontro e sustente o interesse além da nostalgia.

O futuro dos crossovers e dos universos compartilhados

Com a popularização do streaming e o avanço da tecnologia, é provável que vejamos cada vez mais crossovers e universos compartilhados. Plataformas como Disney+ e HBO Max já investem pesado nesse modelo, aproveitando suas propriedades intelectuais para criar conteúdo interligado e exclusivo.

Nos games, o metaverso pode ser o próximo passo. A ideia de mundos interconectados, onde seu personagem transita entre diferentes realidades e experiências, é sedutora tanto para empresas quanto para jogadores. Imagine um jogo em que você começa como um herói da Marvel, atravessa um portal e vai parar no universo de The Witcher, tudo sem sair da mesma plataforma.

Crossovers também têm se expandido para o marketing, com campanhas publicitárias que misturam personagens de marcas distintas, ou mesmo linhas de brinquedos, roupas e colecionáveis que reúnem universos improváveis.

Nova forma de contar histórias

Os crossovers e os universos compartilhados deixaram de ser apenas momentos especiais para se tornarem uma estratégia sólida de narrativa. Eles permitem explorar novas possibilidades, renovar o interesse do público e, acima de tudo, criar experiências memoráveis.

Seja nos cinemas, nos games, nas páginas dos quadrinhos ou nos livros, esse tipo de abordagem veio para ficar. E o mais interessante é que, mesmo com toda essa conexão, cada história ainda pode brilhar por conta própria. Afinal, a mágica do crossover está justamente em juntar forças sem perder a identidade.

Portanto, da próxima vez que vir personagens de mundos diferentes dividindo o mesmo espaço, aproveite. Você está testemunhando uma das tendências mais empolgantes da cultura pop atual.

Share this Article

Você não pode copiar conteúdo desta página