A cantora, escritora, poeta, compositora e produtora cultural Mel Duarte, conhecida por suas brilhantes performances de “spoken word”, celebra o quinto aniversário de seu álbum de estreia “Mormaço – entre outras formas de calor” com uma série de apresentações na capital paulista. Os shows, gratuitos e abertos ao público, foram contemplados pelo Edital de Culturas Negras da Prefeitura de São Paulo e oferecem uma combinação de versões repaginadas de faixas já lançadas pela artista e novas composições que irão fazer parte de seu próximo trabalho musical.
Acompanhada por sua banda, Mel Duarte promete um espetáculo sensorial que explora ritmos variados como MPB, reggae, soul, rap, funk, trap e pagodão baiano. Além dos cinco shows que compõem essa circulação, a artista convida o público para participar ativamente do projeto “Mormaço – palavras incendiárias”. Este projeto é uma experiência que mistura música e poesia em encontros repletos de reflexão, com rodas de conversa e performances poéticas dedicadas à expressão das mulheres. Artistas como Jéssica Campos, Jô Freitas, Bia Doxum, Indy Naíse, entre outras, farão participações especiais.
Aproveitando o momento de finalização do próximo álbum “Colmeia”, Mel Duarte apresentará em cada show uma faixa nova deste trabalho, começando por “Querem nos Calar” e “Fagulha”. Este projeto reafirma o compromisso da cantora com a arte da palavra, agora expandida pela musicalidade, abordando temas como amor, paixão e afeto, combinados com uma dose de provocação social.
Como tem sido a jornada desde o lançamento do seu álbum de estreia “Mormaço – entre outras formas de calor” até agora? Quais foram os pontos altos e desafios ao longo desses cinco anos?
Tem sido uma jornada complexa, mas muito bonita, ainda sigo em dúvida do que é mais difícil, fazer música ou literatura no Brasil, mas ambas me proporcionam experiências e aprendizados únicos que tem feito o meu trabalho amadurecer.
Os pontos altos são os shows que de 2019 para cá ganharam outro corpo, esse ano estou trabalhando com o formato de banda que sempre quis o que me permite explorar mais a minha musicalidade já os desafios são muitos desde a gravação até a veiculação das músicas, chamar o público do virtual para o show presencial, fechar contratações e no fim fazer arte é a parte mais fácil e prazerosa, agora rentabilizar ela é que é difícil.
O que significou para você receber o apoio do Edital de Culturas Negras da Prefeitura de São Paulo para realizar estes shows comemorativos? Como isso influenciou sua trajetória artística?
O Edital me possibilitou realizar o sonho de produzir não só um show completo, mas um evento com toda uma programação pensada para celebrar vozes de mulheres ocupando as 5 regiões da cidade de São Paulo e dessa forma também dar oportunidade de trabalho para muitas artistas, principalmente periféricas. Através do edital eu pude acessar ferramentas e serviços que nunca tinha tido a oportunidade antes e isso reflete na entrega da qualidade do meu trabalho.
O que o público pode esperar dos seus shows em São Paulo, que combinam versões repaginadas de suas músicas antigas com novas composições? Há alguma surpresa preparada para essas apresentações?
O público pode ir preparado para se surpreender com um show intimista e sensorial, as canções do Mormaço ganharam novas versões cheias de swing além da surpresa de apresentar uma faixa inédita do meu próximo álbum a cada show, convidando assim as pessoas a adentrarem em um universo lítero musical cheio de boas energias.

Você pode nos contar um pouco mais sobre o projeto “Mormaço – palavras incendiárias”? Como foi concebido e qual o impacto que você espera alcançar com esses encontros de música e poesia?
Eu escrevi esse projeto porque sentia a necessidade de promover encontros com mulheres da escrita, que utilizam suas palavras como meio de sobrevivência e minha proposta também foi mudar um pouco a perspectiva de algumas coisas, então resolvi fazer um show onde canto os meus poemas e convidar mulheres que cantam para falar em rodas de conversas, dessa forma o projeto foi organizado em 5 edições, todas com convidadas diferentes e cada uma irá ocorrer em uma região de SP, em Junho realizamos na Zona Sul e nesse mês de Julho faremos na Zona Leste e assim seguimos até Outubro.
Como tem sido o processo de criação do seu próximo álbum “Colmeia”? Quais são as principais inspirações por trás deste novo trabalho?
O título do álbum Colmeia vem do meu mais recente livro que é uma publicação celebrativa onde reuni toda a minha obra de 2012 a 2020, nele tem os meus ‘’poemas hits’’ como costumamos chamar nas rodas de slam, ou seja, poemas que viralizaram ao longo da minha carreira e que agora, resolvi musicar e apresentar de uma nova forma para o público, vale lembrar que são 5 faixas e todas também vão ganhar a versão em spoken word, ou seja, só declamada.
Você mencionou explorar novos ritmos como funk e pagode baiano neste novo disco. Como foi essa experiência de experimentar estilos musicais diferentes do seu álbum anterior?
Eu já flertava com esses estilos quando pensava o ritmo para declamar alguns poemas, mas adaptá-los para a versão musicada é um desafio a parte e inclusive agradeço muito o Felipe Parra, meu produtor musical e diretor do meu show que tem trabalhado comigo novos caminhos e me ajudado muito a entender a minha musicalidade e as nuances da minha voz, tem sido um processo incrível!

Suas composições frequentemente abordam temas sociais e pessoais. Como você vê o papel da arte, especificamente da música e da poesia, na reflexão e transformação social?
Eu me entendo como uma comunicadora com propósito, uma pessoa que acredita nessa ferramenta que é a palavra para ampliar os acesso e democratizar os debates, ao longo de 15 anos de carreira eu já presenciei a importância da arte na vida de tanta pessoas que é impossível quantificar, ela nos ajuda a acessar lugares em nós que por vezes estão adormecidos e ser artista nada mais é do que estar o tempo todo convidando as pessoas a enxergar um pouco além, a recuperar um pouco mais sua humanidade e ser sensível em meio ao caos.
Qual é a importância de criar espaços de expressão dedicados às mulheres, como você está fazendo no projeto “Mormaço – palavras incendiárias”?
Sinto que nós mulheres da escrita seja na música ou na literatura, estamos sempre produzindo algo, mas por vezes temos poucos espaços (principalmente remunerados) para apresentar o nosso trabalho e esse projeto vem como uma pequena fração do que eu gostaria que acontecesse em grande escala que é promover o debate da importância da palavra e do registro dela feita por mulheres, além de proporcionar para o público um encontro inspirador.

Como sua formação em letras e música influencia sua abordagem artística e composicional? Quais foram os principais aprendizados ao longo de sua carreira até agora?
Eu escrevo desde os 8 anos de idade e hoje, aos 35 olhando pra traz percebo o quanto amadureci na forma como me comunico, meus poemas sempre carregaram um ritmo, um flow que encontrei ao longo da minha formação como uma artista da palavra e por viver fazendo arte na rua eu aprendi a me despir de certas travas que me ajudam de forma absurda para entregar o tipo de trabalho que faço hoje em dia, nesse processo aprendi que mais do que passar uma mensagem é preciso ter responsabilidade com as palavras que cabem na minha boca.
Além dos shows e do novo álbum, quais são seus planos futuros na música e em outras áreas artísticas? Há novos projetos ou colaborações que você pode compartilhar conosco?
Olha os shows e o novo álbum já dão trabalho para um ano inteiro, é muita coisa para gerenciar e estou bem focada na entrega delas, em paralelo sigo escrevendo novos projetos porque as ideias são muitas e ainda quero realizar outros trabalhos tanto musicais como audiovisuais.
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