Aos três anos, Rafinha Viscardi iniciou sua trajetória no ballet e, desde então, nunca mais parou. Com uma carreira que vai da ginástica olímpica à televisão, ela se tornou uma das coreógrafas mais renomadas do Brasil. Em entrevista exclusiva, Rafinha revela como sua infância dedicada à arte, sua experiência com grandes artistas e as lições de sua mãe a moldaram para comandar palcos e estúdios de TV, além de falar sobre os desafios e aprendizados em sua jornada profissional.
Você começou a estudar ballet aos três anos e não parou mais. Como foi essa jornada inicial e o que te motivou a explorar tantos estilos diferentes de dança?
Eu comecei a fazer balé aos três anos e, aos quatro, iniciei na ginástica olímpica. Na verdade, era um sonho da minha mãe que eu fosse artista, então ela me colocou em várias aulas para que eu experimentasse um pouco de tudo. Com o tempo, também me apaixonei pela dança. Na ginástica olímpica, havia festivais que combinavam ginástica e dança, o que me motivava ainda mais. Minha mãe sempre me ensinou a dar o meu melhor, e isso me levou a me destacar tanto na ginástica quanto na dança.
Fui conciliando as duas modalidades até que, em determinado momento, precisei escolher. Optei pela dança, mas passei por diversos estilos, pois minha mãe queria que eu explorasse todas as possibilidades do mundo artístico. Como ela não sabia exatamente qual caminho eu seguiria, me incentivou a fazer cursos de modelo, violão e canto. No final, acabei me encontrando na dança.
Aos quatro anos, você iniciou na ginástica olímpica e competiu em vários campeonatos, incluindo um Mundial em Berlim. Como essas experiências influenciaram sua carreira na dança e no entretenimento?
Fazer ginástica olímpica influenciou bastante minha trajetória, porque, além da dança, eu tinha o diferencial das acrobacias. Isso me tornava uma bailarina ainda mais completa. Eu era pequena, enquanto a maioria das meninas era mais alta, e o que me destacava era justamente a ginástica olímpica, hoje chamada de ginástica artística. As acrobacias que aprendi fizeram toda a diferença na minha carreira na dança.
Aos 13 anos, você fez teste para o programa “Fantasia” do SBT e foi escolhida entre milhares de candidatas. Como foi essa experiência e de que forma ela impactou sua trajetória profissional?
Aos 13 anos, participei de um teste para o programa Fantasia. Havia milhares de meninas concorrendo; cheguei às 7h da manhã e só consegui fazer o teste por volta das 19h ou 20h. A fila dava a volta no quarteirão! O teste consistia em prestar atenção: um dos avaliadores subiu em uma mesa e explicou que tínhamos que preencher um formulário e, depois, entregar para ele quando chamassem nosso nome.
Quando chegou a minha vez, me apresentei: “Oi, meu nome é Rafaela”. Ele olhou para mim, agradeceu, pegou minha ficha e a separou ao lado. E eu passei! Esse momento fez toda a diferença na minha vida, pois foi o pontapé inicial da minha carreira no ACPT. Sempre ouvi dizer que tenho “mãe de Miss”, e sou muito grata a ela, porque, se cheguei até aqui, foi graças à sua visão e ao seu incentivo para que eu me destacasse. Esse teste no Fantasia foi um marco para mim.
A coreógrafa do SBT, Joyce Kerman, foi uma grande influência para você. Pode nos contar mais sobre como ela te ajudou e no que essa orientação significou para sua carreira?
A Joyce foi tudo para mim naquela época. Foi ela quem me deu a primeira oportunidade. Fui fazer um teste no SBT, e minha mãe insistiu para que eu fosse com uma faixa na testa. Ela dizia: “Ah, vai ser a menina da faixa!”. Então, fui assim para o teste.
No segundo teste, a Joyce olhou para mim e disse: “Você, tira essa faixa agora e faz de novo!”. Eu tirei, e, quando mexi o cabelo, ela comentou: “Nossa, essa aí tem atitude!”. Foi assim que passei para a próxima fase.
A Joyce sempre me deu muitas oportunidades. Uma delas aconteceu porque uma menina se machucou e precisavam de mais uma bailarina. Minha mãe sempre falava: “Aprenda a coreografia! Você não é bailarina? Então pegue a coreografia!”. Eu segui o conselho dela.
No dia em que a menina se machucou, me aproximei da Joyce, que era bem rígida e não costumava dar atenção, pois havia cerca de 70 meninas no Fantasia. Olhei para ela e disse: “Eu sei a coreografia”. Ela respondeu: “Sabe? Então faz!”. Fiz, e, a partir daquele momento, ela nunca mais me tirou do programa. Com o tempo, os programas mudavam, mas eu continuava sempre contando com a ginástica olímpica como um diferencial.
Mesmo quando a Joyce ficou muito doente – ela teve câncer –, continuei ao seu lado, ajudando na criação das coreografias. Ela me ensinou muito, inclusive sobre ser coreógrafa. Foi ela quem me incentivou a tirar o DRT, explicando que era a autorização necessária para atuar profissionalmente como coreógrafa.
Ela me disse: “Tira o DRT, porque um dia você vai comandar isso aqui. Você é muito nova para estar apenas atrás das câmeras”. Eu tirei, mas nunca imaginei que, cerca de nove anos depois, realmente voltaria como coreógrafa. No fim, foi exatamente o que aconteceu. Joyce me influenciou de forma muito positiva em vários aspectos da minha vida.
Você se apresentou em shows de artistas famosos como Eliana, Harmonia do Samba, Gian e Giovani, e Leonardo. Quais foram os momentos mais marcantes dessas apresentações e o que você aprendeu com essas experiências?
Sim, me apresentei em vários shows de artistas famosos. Acho que aprendi um pouco com cada um deles, mas o que mais marcou minha experiência foram as viagens. Tive a oportunidade de conhecer o Brasil inteiro enquanto fazia o que mais amava: dançar – e ainda sendo remunerada por isso.
Além de viajar por todos os estados e capitais do Brasil, também conheci outros países, como Japão, Suíça e Inglaterra, entre outros. A dança me proporcionou experiências incríveis e me levou a lugares que talvez eu nunca imaginasse conhecer.
Sempre digo que essa vivência fez toda a diferença na minha vida. Estar em contato com tantas pessoas, culturas e lugares só aumentou minha paixão por viajar. Hoje em dia, viajo menos do que antes, porque meu trabalho está mais focado aqui, mas, se pudesse, estaria sempre com o pé na estrada.
Viajar pelo Brasil e exterior com esses artistas deve ter sido uma experiência incrível. Pode compartilhar algumas das histórias ou desafios que enfrentou durante essas turnês?
Tive momentos incríveis em viagens pelo Brasil. Sempre digo que cada lugar teve seu momento especial. Uma vez, ficamos hospedados em um mosteiro e achávamos que era mal-assombrado. Diziam que não havia trem por perto, mas, se ouvíamos um barulho de trem passando, brincávamos que era assombração. Todo mundo saía correndo para o quarto de uma das bailarinas mais velhas. Era tudo muito engraçado!
Outra experiência marcante foi quando conheci o Japão. Na época, ainda não tínhamos câmeras digitais com visor aqui no Brasil, mas lá já existiam celulares que tiravam fotos! Foi uma novidade incrível para mim.
Além das grandes cidades, também conheci lugares menores pelo Brasil. Em uma dessas viagens, passei um sufoco porque tenho pavor de bichos. Havia muito sapo, e eu só conseguia atravessar o caminho de olhos fechados, correndo e gritando enquanto alguém me guiava. Em outra ocasião, encontrei uma barata no banheiro e entrei em desespero! Essas cidades menores sempre traziam experiências inesquecíveis.
E as praias? Os dias de sol que aproveitei? Foram momentos maravilhosos! Se eu parasse para lembrar de tudo, ficaria até amanhã contando histórias.
Outro sonho realizado foi conhecer a Suíça. Eu esperava tanto por essa viagem! Quando chegamos, pegamos um ônibus do aeroporto para o hotel, e eu, empolgada, acabei deixando minha bolsa — com todo o meu dinheiro — em cima de um pequeno muro do lado de fora do hotel, numa rua movimentada. Entrei no hotel e comecei a brincar, deitar no chão, correr… parecia uma criança!
Só percebi que tinha esquecido a bolsa horas depois, quando fui pegar algo dentro dela. Corri desesperada para fora e, para minha surpresa, a bolsa ainda estava lá, intacta, no mesmo lugar! Fiquei chocada. Isso é Suíça, né? Se fosse em outro lugar, talvez a história fosse diferente!
Essas são só algumas das muitas histórias que vivi viajando. Foram experiências incríveis!
Como foi a transição de bailarina para assistente de palco do Gugu Liberato no “Domingo Legal”? Quais foram os maiores desafios e aprendizados nesse novo papel?
Quando a Joyce faleceu, houve uma mudança de coreógrafa. Essa nova coreógrafa começou a trocar as bailarinas e não tinha o mesmo carinho que a Joyce tinha por nós, nem a mesma conexão com a história que vivemos juntas.
Mas Deus é tão bom que, pouco depois, surgiu um teste piloto para um novo quadro do programa do Gugu. Participei e fui muito bem! Sempre fui muito esperta e atenta, e o desafio era um labirinto onde precisávamos correr de um lado para o outro. Eu bati o olho e já sabia exatamente onde estavam as pessoas. Fiz o teste e fui selecionada.
No início, fiquei um ano nesse quadro do labirinto. Depois, surgiu uma vaga para assistente de palco. Quando me chamaram, me avisaram: “Vamos te colocar, mas é só por enquanto, até encontrarmos alguém definitivo.” Mas eu me esforcei ao máximo, demonstrei agilidade e dedicação, e acabei ficando.
Foi uma grande mudança, porque eu já não dançava mais. Agora, minha função exigia muita atenção e responsabilidade ao lado do Gugu. Naquela época, ele era um dos maiores apresentadores da TV, logo depois do Silvio Santos – para mim, os dois estavam empatados com o Faustão. Então, estar ali ao lado dele era uma enorme responsabilidade e um grande desafio.
Muitas pessoas duvidaram de mim, principalmente porque eu era pequena e comecei junto com a Helen Ganzarolli. Ninguém achava que eu ficaria por muito tempo. Mas, como minha mãe sempre me ensinou, tudo o que eu fizer, devo fazer dando o meu melhor. E foi isso que eu fiz. Meu esforço foi reconhecido, e consegui agarrar essa oportunidade.
Acredito muito que, na vida, tudo gira em torno de saber aproveitar as oportunidades que aparecem.
Acompanhando o Gugu para a Record, você assumiu também o papel de coreógrafa do balé no “Programa do Gugu”. Como foi essa experiência de liderar e criar coreografias para um programa ao vivo?
Essa foi uma experiência muito bacana! Acompanhei o Gugu na ida para a Record e, depois de cinco anos sendo apenas assistente de palco no SBT, assumi também a função de coreógrafa na nova emissora. Foi como uma grande escola para mim, como se Deus estivesse me preparando para algo ainda maior.
Além da responsabilidade, eu me sentia preparada, porque tive uma excelente formação com a Joyce. Mas, ao mesmo tempo, foi um desafio novo. Eu já tinha experiência dando aulas, mas em academias e escolas de dança. Coreografar para a TV era completamente diferente.
Felizmente, tive uma grande professora, que me ensinou todos os truques necessários para esse universo. Porque, na TV, tudo acontece muito rápido. É diferente de montar coreografias para academias ou escolas de dança. Os ensaios são curtos, então tudo precisa ser funcional e ágil.
Foi uma experiência incrível!
Você foi assistente de palco do “Programa do Ratinho”. Como é seu processo criativo para desenvolver coreografias para um programa de televisão? Quais são as maiores recompensas e desafios dessa função?
Hoje, não faço mais parte do programa do Ratinho, onde trabalhei por 10 anos. Atualmente, sou coreógrafa do programa Silvio Santos e assistente de palco da Patrícia, além de coreografar o Domingo Legal, o programa da Virgínia e o The Noite (quando há balé). Basicamente, todos os programas que envolvem dança passam por mim.
Também trabalho no Sítio do Pica-Pau Amarelo e faço algumas participações em novelas. No fim das contas, faço um pouco de tudo! Inclusive, também atuo no digital, criando conteúdos para essa área.
A maior recompensa do meu trabalho? Ver o resultado! Sou imensamente grata a Deus por tantas oportunidades incríveis. Quando assisto ao meu balé dançando, penso: “Nossa, fui eu que montei isso!” É uma sensação tão gratificante que nem consigo explicar.
Ao longo da minha trajetória, vivi momentos inesquecíveis. Como quando Silvio Santos me convidou para dançar no meio do palco dele! Hoje, sou coreógrafa e assistente de palco da Patrícia, mas lembro com carinho das brincadeiras que ele fazia comigo. São tantas histórias que, quando paro para pensar, me emociono. Estar ali, segurando a gravata do Silvio Santos… Não é para qualquer um, né?
Além disso, faço algumas reportagens tanto para o digital quanto para programas de TV. Recentemente, apresentei os ganhadores da Tele Sena! Também já participei como atriz no A Praça é Nossa – sempre que precisam de alguém, me chamam para alguma participação.
Sou muito grata ao SBT por todas essas oportunidades!
Além do trabalho na televisão, você realiza coaching e participa de eventos de sucesso. Pode nos contar mais sobre esses projetos e como eles se encaixam na sua carreira?
Além do meu trabalho na TV, também atuo de forma independente. Faço direcionamento artístico para vários cantores, direção de shows, DVDs e eventos. Também fecho comerciais, coordeno balés, coreografo clipes e participo de diversas produções.
No meio dos eventos, atuo de várias formas: apresentando, palestrando e organizando. Faço um pouco de tudo! Sou daquelas que, se alguém me pergunta: “Você sabe fazer isso?”, minha resposta é: “Se eu não souber, eu aprendo e darei o meu melhor!” Pode ter certeza disso.
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