Novo romance de Solange Ocker explora a dor e a resiliência das comunidades pesqueiras

Solange Ocker
Solange Ocker

O romance “Não Se Esqueça de Mim!”, da autora Solange Ocker, revela um retrato sensível e impactante das vidas afetadas pela pesca e pelas perdas no litoral catarinense. Ambientada nas décadas de 1960 e 1970, a narrativa mergulha nas profundezas da dor e da saudade, explorando como famílias inteiras são moldadas pelo luto e pela força necessária para seguir em frente. A história gira em torno de Amélia, uma jovem que, após o desaparecimento de seu pai em um trágico acidente no mar, enfrenta as adversidades ao lado de sua mãe, desafiando os padrões de uma sociedade dominada por homens.

A trama se complica com a chegada de um jovem do exterior, que retorna sem memórias e precisa se readaptar à sua nova realidade ao lado de seus pais. O reencontro das duas famílias, que se entrelaçam por meio de suas respectivas histórias de perda e adaptação, adiciona camadas emocionais à narrativa. Solange Ocker, inspirada por suas próprias experiências e influências literárias que vão de Jane Austen a Nicholas Sparks, usa sua escrita para capturar a essência da vila de Armação da Piedade e a riqueza cultural da região, incluindo a histórica Igreja Nossa Senhora da Piedade e tradições açorianas.

Com um enfoque na resiliência e empoderamento feminino, Não Se Esqueça de Mim! aborda questões como a síndrome do ninho vazio e o assédio sexual, enquanto celebra a força e a comunidade das pessoas que vivem da pesca. Solange Ocker, professora e empreendedora natural de Governador Celso Ramos, traz à tona as memórias e a cultura local em uma obra que reflete a luta e o amor que permeiam a vida das famílias pesqueiras.

O que inspirou você a escrever sobre a dor e a resiliência das famílias afetadas pelo desaparecimento de entes queridos no mar?

Nascida e criada em uma região costeira, o mar sempre exerceu forte fascínio em mim.  Casada com um pescador, aprendi que o mar com sua força e mistério que representam tanto a beleza quanto os perigos da natureza, pode trazer alegrias, mas, também, tristezas.

Como você desenvolveu a personagem de Amélia e quais foram os desafios ao retratar sua evolução ao longo da história?

Esse ambiente seguro e saudável deu a ela estrutura, mesmo com tão pouca idade, para enfrentar as adversidades com resiliência pois sua base era sua família.

O romance explora a luta da mãe de Amélia contra o assédio e a misoginia. Como você pretende que os leitores se conectem com essa temática atual através da história?

A exploração da luta da mãe de Amélia contra o assédio e a misoginia é uma forma poderosa de abordar temas contemporâneos, pois convida os leitores a refletirem sobre questões sociais relevantes, a sentirem as dores e os medos sofridos pela personagem, mas que personificam as lutas diárias de muitas mulheres.

Pode falar sobre como a cultura açoriana e a vila de Armação da Piedade influenciaram a criação do cenário e dos personagens em “Não se esqueça de mim!”?

O cenário da vila com suas praias, paisagens naturais e uma comunidade intimamente conectada ao mar, serviram de inspiração para a ambientação da história. A proximidade com o oceano foram cruciais no desenvolvimento do clima emocional da narrativa simbolizando tanto a beleza, quanto os desafios para quem vive próximo ao mar.

De que maneira a tradição da pesca e os locais emblemáticos da região moldaram a narrativa e a experiência dos personagens no livro?

Locais emblemáticos, como o Mercado Público de Florianópolis e o canário paradisíaco como a praia de Santo Antônio de Lisboa, são retratados como cenário chave onde eventos importantes da trama acontecem.

Solange Ocker
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A história inclui temas profundos como empoderamento feminino e síndrome do ninho vazio. Como você equilibrou esses temas com a trama principal?

Integrar esses temas profundos na trama exigiu uma abordagem cuidadosa para garantir que todos os elementos se integrassem de maneiro coesa e significativa. Os mesmos, foram inseridos nos desenvolvimentos dos personagens principais explorados através da trajetória dos personagens que enfrentam desafios pessoais e sociais.

Como a literatura clássica e contemporânea influenciou sua escrita e a estrutura de “Não se esqueça de mim!”?

No caso da literatura clássica a influência se deu sobre temas universais como a perda, a identidade e a luta contra as forças da natureza. Além disso, a construção dos personagens complexos permeados por momentos trágicos remete a esse período. Quanto a influência contemporânea vê-se na abordagem mais direta e realista dos problemas sociais e emocionais, incluindo questões de gênero e comunidade.

Quais são suas esperanças para o impacto do livro sobre a percepção das dificuldades enfrentadas por comunidades litorâneas e a força das mulheres nessas situações?

Nossa proposta espera aumentar a conscientização enfrentadas pelas comunidades litorâneas e destacar a resiliência e a força das mulheres nessa situação.  Além de expor os leitores às realidades muitas vezes duras das comunidades costeiras, como a dependência da pesca, a vulnerabilidade às forças da natureza e os desafios econômicos e sociais que essas comunidades enfrentam.

Esperamos que o livro não apenas ressoe emocionalmente com os leitores, mas também, os leve a refletir sobre suas próprias percepções em relação às comunidades litorâneas e o papel das mulheres. Queremos uma narrativa que além de entreter, tenha o poder de transformar perspectivas e gerar um impacto positivo e duradouro.

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