Nathalia Bacci dá exemplo de fuga de padrões em nova música: “Tranquila”

Luca Moreira
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A cantora e compositora paulista Nathalia Bacci lançou nesta quinta-feira, dia 23, o videoclipe de seu novo single “Tranquila”.

Dirigido por Mess Santos, o conceito dramático está relacionado à letra da música, enquanto a artista representa um fantoche, expressando sua insatisfação e indignação com a tendenciosa pressão impositiva e estética do mercado musical.

Nathalia Bacci usa trajetórias musicais entre competições e reality shows, como Jovem Talentos de Raul Gil e Fábrica de Estrelas de Multishow, usando períodos de isolamento social como forma de retornar ao trabalho sem demora. Após o lançamento de “Differente” e “Quando Cê Volta”, “Tranquila” se juntou ao seu primeiro EP.

Lançada agora no final de setembro, a música “Tranquila” trata um assunto bastante delicado, que mostra o conceito de uma pessoa que vive um personagem inventado durante tanto tempo, mais que no final, consegue sua libertação de si mesmo. O que te inspirou a chegar nesse roteiro? Esse personagem existiu em você?

Existiu, Luca. Eu fui essa pessoa durante um bom tempo, por toda minha ingenuidade e por aceitar o que pessoas “entendidas” diziam e fazer aquilo que me pediam, mesmo sem ser a minha verdade, sem ser o que eu queria fazer. 

Não foi fácil entender quem eu era de verdade e recuperar minha personalidade depois disso, a cabeça fica confusa com tantas opiniões, mas agora eu sinto que me reencontrei, me livrei das amarras e estou pronta pro mundo.

Foto: Mess Santos

O videoclipe que teve direção de Mess Santos, trouxe uma representação que além de curiosa, conseguiu trazer um protesto muito intenso sobre as imposições que o mercado musical e a estética aplicam sobre nós. Sendo uma profissional do mercado, poderia nos contar um pouco mais sobre esses abusos que os artistas passam e como isso afeta o público?

Nós sempre recebemos críticas, de pessoas que entendem e que não entendem também. Uma arte, uma voz, não deve ser comparada com outra. Cada pessoa tem um dom específico, um timbre de voz específico. E essas comparações, além das famosas “críticas construtivas”, detonam a gente por dentro. Se o artista não tem uma cabeça madura, ainda mais quando se é muito jovem (que foi o meu caso), essas opiniões se sobressaem e, quando você vê, está fazendo aquilo que os outros querem que você faça e não o que você quer fazer. 

O público muitas vezes não sabe sobre essas coisas… porque ele só vê aquilo que nós colocamos no mundo, não vê o que sentimos. E aí cabe a nós sairmos dessas amarras e cantar para o mundo sobre o que sentimos. Que é o caso de “Tranquila”. 

Foto: Mess Santos

Em muitas situações, as pessoas se sentem sempre pressionadas a ter que estar sempre em uma posição de estar agradando aos outros e muitas das vezes apoiando suas vontades. Em sua opinião, porque as pessoas acabam se colocando nessas cobranças para conseguirem se relacionar com os outros?

Ninguém quer ser rejeitado. As pessoas buscam formas de se sentirem amados o tempo todo. E isso, muitas vezes, faz você fazer coisas que você nem quer, só para “entrar na moda” ou “agradar” as expectativas do outro. (Não só no meio artístico, como na vida mesmo). 

Mas eu garanto a todas as pessoas que estão lendo aqui: a sua verdade vai atrair e agradar pessoas de verdade, fãs que vão aos seus shows e vão estar ali por você, porque eles sabem que aquilo é você. Já se você mentir para você mesmo, mentir para sua arte, as pessoas vão saber e você só vai atrair pessoas de mentira para sua vida. Vale mais pessoas verdadeiras e você tranquilo com suas escolhas, do que pessoas de mentira apoiando suas mentiras. 

O melhor elogio que eu recebo hoje em dia é: “nossa isso é tão você”. Quando você se encontra, todos a sua volta percebem. 

Foto: Mess Santos

Quais são as suas expectativas a respeito do público com o projeto? Como artista, acredita que seja uma responsabilidade promovermos novos olhares para esses temas que possam intervir, muitas vezes de forma sorrateira, no dia a dia do público?

Minha expectativa é fazer da minha música a cura para os dias difíceis e ser a soma da alegria nos dias agradáveis. Eu quero trazer só energia boa para quem escuta. 

Quando eu desabafo sobre o tema da manipulação, quem me acompanha já sabe que isso me sufoca, eu nunca fui de seguir regras. E a carga que eu quero carregar é essa: mostrar que nenhum artista pode ser comparado com o outro, a sua voz e a sua arte são únicas! Não deixe que ninguém o/a compare ou te diminua em relação a alguém. Nem queira ser outra pessoa para tentar ser algo que outra pessoa espera. 

Foto: Mess Santos

Em um depoimento, você disse querer a partir desse projeto que as pessoas pudessem conhecer de forma verdadeira. Você se considerava uma “pessoa fantasma” antigamente? O que te deu coragem para se libertar?

Fantasma não, mas perdida sim haha. Eu sabia o que eu queria, mas tinha medo de não ser compreendida. Ouvir críticas de pessoas do meio, sobre suas músicas autorais, pode te desencorajar muito, ou te dar mais coragem ainda. 

E foi o que aconteceu. Cansei das críticas e “dicas” vindo de pessoas que nem me conhecem a fundo. Com isso, resolvi me libertar, perder o medo e mostrar quem eu sou.

Foto: Mess Santos

Caminhando para o lançamento de seu EP de estreia, essa pandemia acabou se tornando um bom momento para se concentrar em seu desenvolvimento profissional. Agora com o lançamento de “Tranquila’, “Diferente” e “Quando Cê Volta”, o que as pessoas podem esperar de você em um futuro próximo?

Eu quero que elas esperem muito de mim, porque eu tenho muito para entregar! Meu próximo single, pra fechar o EP com chave de ouro, sai agora no mês de outubro! É um featuring internacional. E a produção do próximo álbum já está a todo vapor! Quero ver todo mundo sorrindo e dançando nos shows. Não vejo a hora de fazer esse EP ao vivo!

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