O livro “Poesia Caminho Pra Deus”, do poeta Marcelo Rocha, convida os leitores a encontrar força e cura nas incertezas da vida por meio da espiritualidade e do amor. A obra, uma coletânea com 52 poemas, aborda temas como autoconhecimento e esperança, destacando a poesia como um caminho de transformação interna e pacificação. Marcelo, idealizador do projeto “Poesia sim, violência não”, busca promover a paz e a conexão com o mundo interior através das palavras, oferecendo aos leitores lições sobre a importância da gentileza e simplicidade no cotidiano.
O que te motivou a escrever Poesia Caminho Pra Deus e transmitir essa mensagem de resiliência e aceitação das incertezas da vida?
Minha poesia é escrita em meio às problemáticas do cotidiano. Cada poema do livro nasceu no dia a dia das tribulações, desafios, boletos a pagar, prazos a cumprir. Mas é uma poesia em sintonia com a esperança e que caminha de mãos dadas com as possibilidades de atravessar o deserto da incerteza e ser alcançado pelas belas surpresas da vida.
Como você acredita que a poesia pode ser uma ponte para a espiritualidade e o autoconhecimento, independentemente de crenças religiosas?
Em todo o meu tempo de dedicação à poesia, aprendi que o poema pode ser uma mensagem de espiritualidade e trazer uma linguagem impregnada de fé. Aprendi que a poesia transforma pelo afeto, que a poesia agasalha as emoções humanas e fala diretamente ao que existe de melhor dentro do ser humano. Por essas características, penso que a poesia pode pra sempre ser uma ponte para a espiritualidade e para o autoconhecimento, independentemente de crenças religiosas.
Seus poemas falam muito sobre encontrar esperança nas ações do cotidiano. Como essa filosofia pessoal influencia sua própria vida e prática diária?
Meu contato com essa poesia que transforma pelo afeto e pelo encantamento causou uma reviravolta em minha vida. Paralela a outras atividades profissionais, todos os dias dedico um pouco do meu tempo à poesia: à poesia fora do livro, à poesia olho no olho, à poesia como performance, à poesia como ferramenta de construção de espaços de convivência. Atualmente estou à frente de 8 projetos literários. E essas práticas cotidianas com a poesia exercem uma clara e forte influência na minha forma de lidar com os desafios nas diversas áreas de minha vida.
No livro, você compara o amor a uma árvore que sustenta e protege o ecossistema. Como surgiu essa analogia e como ela se reflete em seus outros trabalhos?
No livro tem o verso “o amor é uma árvore que a gente planta pros passarinhos fazerem morada”. Isso pode dizer muitas coisas, mas é uma tentativa de deixar claro que a poesia é um alimento que deve ser servido para todos, que a poesia transforma pelo afeto, e é no afeto que precisamos fazer morada.
A iniciativa “Poesia sim, violência não” tem transformado a vida de muitos jovens. Como foi a experiência de implementar esse projeto e o impacto que ele teve nas escolas públicas?
O projeto “Poesia sim, violência não” já beneficiou 14 mil jovens estudantes. Desde 2019, visito escolas públicas do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, para através da poesia declamada convidar jovens aos caminhos não-violentos no intuito de fazer com que esses jovens se sintam motivados a dizer não aos caminhos violentos e sim aos caminhos da paz. O projeto nasceu e é realizado na cidade de Governador Valadares, a cidade com a maior taxa de homicídios em Minas Gerais. Assim o projeto se tornou o maior parceiro das escolas públicas na construção de uma cultura de paz.
Você menciona que a poesia é uma forma de curar a alma e solucionar insensibilidades. Como você escolhe os temas que abordará em suas poesias?
Um poema não é feito apenas de palavras, mas de vivências, de tempo de vida. E as experiências vividas falam de muitos temas e assuntos. Todos os temas cabem na poesia. Com isso os poemas que escrevo são um reflexo do cotidiano. A poesia é uma maneira que me possibilita sentir os sabores e dissabores do dia a dia e vestir cada verso com uma energia que agasalhe de afeto as consequências dessas vivências.
Ao organizar o projeto “Um poema em cada árvore,” o que mais te surpreendeu na resposta do público e no alcance dessa iniciativa cultural?
O projeto “Um poema em cada árvore” convida pessoas à leitura através de poemas pendurados em árvores. Esta iniciativa nasceu na esquina da minha casa em Governador Valadares e já foi realizada em 156 cidades das cinco regiões do Brasil. E essa replicabilidade do projeto feita por poetas, educadores, estudantes, universidades, prefeituras é a maior surpresa nesses 14 anos de projeto.
Com 5 livros publicados e prêmios importantes ao longo da carreira, quais são os próximos passos para você? O que ainda deseja realizar na literatura?
A literatura é um exercício de humildade. Por mais degraus que a gente suba, por mais fronteiras que a gente ultrapasse, a literatura sempre me coloca no meu lugar, que é continuar servindo à poesia e levando a poesia ao maior número de pessoas possível.
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