Lucas Portilho e Dra. Anelise Dutra do Nascimento Ramos falam sobre projeto conjunto com dermatologista que permite proteção das luzes emitidas por telas

Luca Moreira
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Foto: Divulgação

Durante a pandemia, as recomendações para o isolamento social intensificaram o trabalho em home office, as aulas virtuais, os encontros a distância e, com isso, aumentaram de forma significativa o tempo em que se passa diariamente diante das telas dos celulares, dos computadores e também da televisão. Estes equipamentos eletrônicos, observa o especialista em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lucas Portilho, emitem luzes que, entre outros danos, enfraquecem as células responsáveis por sintetizar colágeno e elastina.

Segundo o especialista, da mesma forma em que se utilizam filtros solares como medida efetiva para proteção contra os efeitos danosos dos raios UVA e UVB, é essencial aplicar uma barreira que bloqueie as luzes emitidas pelos monitores. À frente de uma equipe de formuladores, Portilho desenvolveu o Sérum antiluz de telas. Específico para ambientes indoor, o produto é inovador por oferecer proteção não apenas contra a radiação azul, como os filtros que estão no mercado, mas também sobre as luzes verde e vermelha, que provocam efeitos devastadores na pele.

Conversamos com o desenvolvedor do filtro Lucas Portilho e a dermatologista Dra. Ane sobre o assunto. Confira:

Lucas Portilho (farmacêutico):

Com a pandemia avançando cada vez mais, as pessoas estão consumindo cada vez mais conteúdos nas redes sociais. O mercado para criação de filtros tem se aumentado durante esse último ano, consequentemente com o fato das pessoas terem passado a consumir mais conteúdo?

Com certeza os conteúdos em redes sociais acabam levando as empresas a criarem filtros. Alguns estudos científicos têm mostrado que alguns componentes presentes nos protetores são potencialmente tóxicos e com essa informação desfilando nas redes sociais, é normal que as empresas corram pra tirar esses ingredientes das suas formulações. Outro exemplo é o potencial de filtros em causar a morte de corais. Isso fez com que empresas investissem em produtos “reef safe”, garantindo que seus produtos não contém os ingredientes potencialmente nocivos aos corais.
A luz visível já é um alerta em diversos veículos de redes sociais e muitos protetores foram lançados com proteção contra esse tipo específico de luz.

Visando a busca por uma alternativa de proteção, você e sua equipe desenvolveram uma nova técnica que bloqueia as luzes emitidas pelos monitores intitulada Sérum. Como foram os estudos para sua criação e como ela funciona na prática?

Preferimos o sérum por se tratar de um base que espalha fácil na pele, seca rápido, pensando que esse produto deve ser aplicado antes do protetor e pela noite. Adicionamos ativos que são capazes de neutralizar parte da luz visível emitida pelos equipamentos eletrônicos. Todos os ativos possuem estudo de eficácia contra esses tipos de luzes. Um dos ativos, foi desenvolvido por uma empresa francesa, que criou um aparelho que emite a mesma intensidade da soma das luzes emitidas pelos celulares, tablets, computadores e TV que ficamos expostos diariamente. Eles comprovaram que ocorrem danos às células que produzem colágeno e com o uso do ativo, esse efeito é bem menor. Utilizamos também a luteína, que impede o contato da luz azul, a mais danosa (porque a verde e vermelha são menos energéticas). Em nosso laboratório, somos especialista em pesquisa e desenvolvimento de produtos, e a partir de matérias primas disponíveis no mercado brasileiro, criamos o sérum para retardar o efeito dessas luzes na pele.

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Formulado em farmácia de manipulação, para quem foi criado o Sérum e qual é sua importância de utilização?

Como o lançamento através das farmácias de manipulação é mais rápido, pois tem menos burocracia envolvida, eles serão os primeiros a lançarem, mas em breve muitas indústrias certamente lançarão. Foi criado principalmente para pessoas que ficam muito tempo a frente de equipamentos eletrônicos, mas também a classe dermatológica vai usar, pois sabemos que muitos pacientes que passaram por tratamentos feitos em consultório como peeling, laser e microagulhamento podem ter mais manchas de pele estimulados por luzes visíveis de ambientes internos e aparelhos eletrônicos. Portanto o sérum é uma ferramenta efetiva para prevenir esse tipo de mancha.


Dra. Anelise Dutra do Nascimento Ramos (dermatologista):

A respeito do enfraquecimento das células responsáveis por sintetizar o colágeno e elastina causando o envelhecimento precoce, muitas vezes esses alertas costumam ser ignorados por boa parcela dos consumidores da tecnologia. Em uma estimativa, como existem pessoas que já vivem desse contato há anos, quanto tempo uma pessoa demoraria para perceber sinais sérios que devem começar a se controlar?

Para avaliar danos e envelhecimento da pele quando exposta a radiações, temos que levar em conta vários fatores, dentre eles (fototipo, fatores genéticos, fatores externos e ambientais, hábitos e estilo de vida, cuidados individuais com pele ao longo dos anos…) e levando em conta tudo isso, avalia se o real dano ao longo do tempo de exposição.
É complexo estimar com precisão tempo de exposição e danos, visto que tais fatores influenciam em tudo isso, o que podemos dizer para exemplificar é que a pele morena sofre menos com radiações do que a pele muito clara, logo o tempo para ver danos será mais longo na primeira.

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Durante muitos anos, vários estudos surgiram querendo desmistificar os efeitos causados pelas radiações dos smartphones, micro-ondas, computadores, e diversos equipamentos os apontando como diversos vilões até mesmo mortais. Você acredita que parte da população já esteja condenada a esses danos? Como poderíamos comprovar de vez a existência e periculosidade desses danos?

O que podemos inferir com relação a radiações de luzes brancas é que estão relacionadas com fotoenvelhecimento e fotodano, que são representados pelo surgimento de rugas, manchas e envelhecimento da pele; mas não há comprovação científica de que as luzes brancas causem cânceres de pele. E sim, grande parte da população que não usa filtros solares e até protetores em telas sofrem tais danos sim. Para comprovação da periculosidade desses danos seriam necessários mais estudos e pesquisas na área, que aborde parte médica e tecnologia.

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Por ficarem bem mais tempo em casa, as pessoas não tem buscado muito a utilização dos filtros. Qual é a importância do uso deles mesmo em casa, principalmente o intitulado Sérum?

Como sabemos que as luzes brancas causam envelhecimento e danos a pele, marcados por rugas, manchas, perda da elasticidade e turgor da pele, os filtros solares devem ser usados de maneira adequada também dentro de casa.

A consistência do filtro solar deve ser avaliada de acordo com o tipo de pele, o sérum é marcado pela consistência entre creme e o gel e dá sensação de leveza para quem usa, deve ser repassado como qualquer filtro solar, mais indicado para peles oleosas e tem sido boa opção para dia dia, pois não deixa sensação pegajosa. Mas vale ressaltar que para escolha de um filtro solar cada paciente deve ser avaliado para saber seu qual tipo de pele, suas preferências com fragrância ou não, hipersensibilidade e reações alérgicas e se tem alguma patologia dermatológica que demande filtro para tal (exemplo melasma, rosácea…).

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