IIGOR explora limites da realidade através de “miragem”, unindo indie pop e eletrônica latina

Luca Moreira
10 Min Read
IIGOR (Cassiano Geraldo e Clara Parker)

O cantor, compositor e produtor musical carioca IIGOR reflete sonhos e expectativas, contrapondo o momento de paz em que se encontra com o caos do mundo em “miragem”, faixa que antecipa seu disco de estreia. A canção une synths e violões com beats inspirados no reggaeton, trazendo uma abordagem contemporânea e latinoamericana. Este é um lançamento do selo Eu Te Amo Records.

IIGOR, que anteriormente assinava como Kanagawa, está em uma nova fase de sua carreira, explorando a sonoridade em língua portuguesa e bebendo da fonte de clássicos da MPB e da cena contemporânea. Atualmente ele finaliza o álbum “casa”, onde o artista unirá sua formação em arquitetura para criar uma metáfora dos diferentes momentos da vida, cada faixa representando uma parte deste lar.

Com produção musical de Pedro Serapicos, “miragem” é a música que fecha o álbum e resume este conceito. “casa” será lançado em breve pelo selo e produtora independente paulista Eu Te Amo Records, label de nomes do indie como Meyot, Roterdan e André Ribeiro. O trabalho de IIGOR está disponível em todas as plataformas de música digital.

Você passou de assinar como Kanagawa para IIGOR e está explorando a sonoridade em língua portuguesa. De que forma essa mudança de nome e foco afetou sua abordagem musical e sua identidade como artista?

Antes de tudo gostaria muito de agradecer ao PopSize United Kingdom, El Madrid, Joie de Vivre pelo espaço de poder falar mais sobre a minha arte. Ter mudado de assinatura virou minha vida artística de cabeça para baixo. Atualmente percebo que ter um pseudônimo e cantar em uma língua que não é a materna me afastava de entender e transmitir o que eu estava sentindo ou pensando.

Ter escolhido o meu próprio nome e a minha língua mãe, fez com que eu pudesse enxergar uma propriedade maior sobre a minha carreira e isso permitiu que pudesse escrever de forma muito mais sincera.

“Miragem” parece ser uma música que reflete profundamente sobre sonhos e realidade. Você pode compartilhar a inspiração por trás da letra e da música?

“miragem” foi a primeira música que escrevi depois que percebi que eu precisava fazer música em português, talvez por isso tenha um apego tão grande a ela. Quando cito na música ‘se o sol me olhar, paro de buscar estrelas’, era a forma que eu me sentia, como se tivesse no escuro, sem saber qual direção seguir e só procurando um feixe de luz para me tirar dali, é tudo sobre sentir o calor do sol.

Seu álbum “casa” parece é uma metáfora dos diferentes momentos da vida. Pode nos dar um vislumbre de como você usa a música para representar essas diferentes partes desse “lar” metafórico?

Eu gosto de criar muitas analogias sobre o que é o álbum ‘casa’, no geral é um álbum de 9 músicas que hoje percebo que eu estava “devendo” para mim mesmo, quando era mais novo e pensava em fazer música, eu lembro que almejava fazer a sonoridade que eu consegui alcançar nesse álbum, é uma síntese bem clara de tudo que eu ja ouvi, atualmente enxergo que essa casa é uma metáfora pro meu coração.

“Miragem” é uma música que parece refletir uma dualidade entre momentos de paz pessoal e o caos do mundo. Pode compartilhar mais sobre a inspiração por trás dessa faixa e como ela se relaciona com o tema do seu álbum “casa”?

quando fiz essa música era um momento turbulento, não sabia muito bem o que fazer com o meu som, eu ainda era apegado a alguns padrões antigos que já achava que não cabiam mais. A partir disso comecei a escrever, e fluiu tão bem que eu percebi que podia ser uma direção, dentro de todas as dúvidas eu achei qual caminho seguir, principalmente em sonoridade, e me fez investigar mais o que era essa sonoridade, ainda bem que eu fiz isso porque me fez ter esse disco em mãos.

Explorar a sonoridade em língua portuguesa e incorporar elementos da MPB é uma escolha interessante. Como você vê essa nova direção afetando sua música?

Eu sempre escutei música brasileira, mas nunca soube como incorporar nas músicas que eu fazia em inglês, de forma que ficasse genuíno, foi escolhendo escrever em português que percebi como encaixar os fonemas, as rimas, aí que se abriu um novo campo pra ser explorado, todas as referências que eu tive começaram a fazer sentido no que eu estava fazendo.

Você mencionou que o álbum “casa” será lançado em breve. O que os ouvintes podem esperar deste trabalho em termos de estilo e mensagem?

É um álbum que me senti completo no processo dele, eu consegui aliar a minha formação profissional de arquiteto com as artes visuais do disco, e fazendo isso eu entendi que esses dois lados meus são movidos pela força de ‘criar’, conseguir sintetizar as minhas referências e reflexões para elaborar narrativas.

Eu me permiti ser vulnerável como nunca fui antes, eu falei sobre amor, expectativas, reflexões, está tudo registrado ali, foi um processo longo de amadurecimento e autoconhecimento emocional, artístico e até mesmo técnico.

IIGOR

A sua formação em arquitetura desempenha um papel na concepção do álbum “casa”. Pode nos contar mais sobre como essa formação influenciou sua música e sua abordagem artística?

Eu sempre tive dificuldade em entender como eu poderia conectar essas duas áreas que são tão presentes na minha vida, e a partir das ferramentas que arquitetura me deu que eu consegui pensar nesse conceito dessa casa, a proposta é que cada música possui um cômodo como representante visual, dessa forma as músicas ganharam mais uma ferramenta visual para contar essa história.

Sabe quando você recebe uma visita e a primeira coisa a ser feita é apresentar toda a casa? Então, era exatamente como eu queria apresentar o meu álbum, só que nesse caso eu apresento os meus sentimentos. Trocadilhos a parte, me senti “em casa” elaborando essa ideia.

Fale um pouco sobre sua parceria com o selo independente Eu Te Amo Records. Como essa colaboração aconteceu e o que ela significa para você?

Eu sou um grande admirador da Eu Te Amo Records já faz muito tempo, tanto do trabalho que eles fazem quanto dos artistas que colaboram com eles. Tive a sorte de fazer amizade com o pessoal e de cara tivemos uma conexão genuína. Quando eu comecei a ter indícios do que viria a ser o álbum e comecei a mostrar para eles, eu percebi que eles criaram um carinho muito grande pelo projeto, então eu acreditei que iríamos ter uma troca sincera e justa ao fazer esse processo juntos. E eu estava certo.

Como você descreveria o cenário musical independente no Brasil hoje? Quais são os desafios e oportunidades para artistas como você?

Acho o cenário atual turbulento para artistas independentes, hoje em dia temos muita informação na palma das nossas mãos e se faz cada vez mais necessário o artista entender todos os processos e ser muito versátil. É uma faca de dois gumes pois ao mesmo tempo que temos tanto recurso também corremos o risco de facilmente nos perder no meio disso tudo. Nada é garantia de nada, mas eu acredito que ser sincero com a própria arte ainda é o caminho que mais joga a favor do artista.

O que o futuro reserva para IIGOR? Existem outros projetos ou colaborações emocionantes que você gostaria de compartilhar conosco?

Eu estou sempre produzindo, inclusive para projetos futuros, mas por enquanto quero dar atenção total para esse trabalho, lançar todas as músicas com o carinho que elas merecem, produzir clipes e claro, me apresentar ao vivo, mas isso fica para daqui a um pouquinho. Queria muito agradecer o espaço para poder conversar melhor sobre esse projeto que significa tanto para mim. Espero que já eu possa retornar aqui com novas informações para compartilhar com vocês.

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