Idealizador do Fight Music Show, Mamá Brito revela bastidores das lutas de exibição e fala da assenção do público em relação ao entretenimento

Luca Moreira
11 Min Read
Mamá Brito
Mamá Brito

Empresário visionário e faixa preta de jiu-jítsu, Mamá Brito tem se destacado como o criador do Fight Music Show (FMS), evento inovador que combina lutas, música e entretenimento em um formato inédito no Brasil. A ideia surgiu após uma viagem à Tailândia, onde ele conheceu os bastidores de eventos de muay-thai e, com o apoio de grandes nomes como o influenciador Whindersson Nunes e o boxeador Acelino “Popó” Freitas, o FMS ganhou força, reunindo celebridades e atletas em uma plataforma única. Com a sexta edição marcada para 17 de maio, Mamá segue expandindo os horizontes do entretenimento esportivo no país.

Você transformou uma paixão pessoal pelo jiu-jítsu em um dos eventos esportivos mais inovadores do país. Como foi o momento em que você percebeu que poderia misturar luta, música e entretenimento e fazer disso uma marca de sucesso?

Minha paixão pelas artes marciais, pelo boxe e pelo jiu-jitsu vem desde os primórdios, quando o Rodrigo Minotauro lutava no Pride no Japão ou no UFC. Nós viajávamos o mundo gravando um programa de artes marciais chamado Viver para Lutar, no qual fomos a diversos países praticar as artes marciais locais. Fomos ao Japão, para Tóquio e Osaka, praticamos judô na Ilha de Okinawa, gravamos karatê, gravamos sambô na Rússia, taekwondo na Coreia do Sul e wrestling nos Estados Unidos. A produção desse evento me fez aprender sobre como organizar e produzir eventos. E, pela minha trajetória como músico e DJ, que vivi tocando em festas e festivais, sempre tive muito apreço por shows e entretenimento. Lembrando do antigo Pride, que tinha muita pirotecnia, eu criei algo que marcasse um diferencial no mercado de artes marciais, que pudesse atingir toda a família através do entretenimento. Ou seja, não são apenas atletas e amantes de artes marciais que curtem o evento, mas também fãs de entretenimento, muito em função dos artistas que contratamos para o espetáculo.

A ideia do FMS nasceu após sua vivência com Minotauro e uma viagem à Tailândia. O que mais te impactou naquela experiência e como esses elementos orientaram a identidade do Fight Music Show?

Na Tailândia, estávamos gravando um programa sobre Muay Thai, vivendo a vida de atletas locais. Teve até um incidente que ficou marcado, com um dos atletas que participou, que infelizmente faleceu depois do programa devido ao excesso de treino e pancadas na cabeça. Que Deus o tenha. O sistema na Tailândia é brutal. Lá, conheci um produtor de eventos chamado Tolly Macris (T-O-L-Y), que organizava eventos diferenciados de Muay Thai, com música, luz e muito LED. Achei sensacional! Peguei a atmosfera e pensei: “Não existe nada parecido no Brasil, vou tentar fazer algo assim”. Coincidentemente, ele estava em Dubai fazendo um evento de luta entre tiktokers e youtubers. Fui ao evento e vi o formato de sofás ao redor do ringue, o que me inspirou a criar um evento com a minha visão. Só não gostei da qualidade das lutas, o que eu sabia que precisaria melhorar.

Mamá Brito
Mamá Brito

Você apostou alto ao bater na porta do Whindersson Nunes para convencê-lo a lutar, mesmo sem experiência prévia em organizar eventos. O que te deu coragem naquele momento e o que você aprendeu com esse primeiro grande desafio?

Esse episódio com o Whindersson Nunes é emblemático porque mostra como precisamos agarrar as oportunidades no momento certo, ou elas irão passar. Se eu não tivesse tomado a iniciativa de ir até o camarim dele em um show de comédia e convencido ele, em 30 segundos, de que seria uma boa ideia lutar contra um grande nome como o Popó em um evento inovador, eu teria perdido uma grande chance. Isso foi o mais importante. Uma coisa é começar gradualmente, outra é fazer algo impactante no mercado, algo diferente e inusitado. Aproveitei a oportunidade que o Whindersson estava treinando bastante para se curar da depressão, então ele estava bem afinado no boxe. Porém, era uma faca de dois gumes: se o Popó o vencesse rapidamente, ele seria o “comediante que apanhou em 20 segundos”, e isso seria um fiasco na percepção do público. Mas, como vocês viram, foi um espetáculo, o Whindersson deu tudo no show.

A presença do Popó no FMS foi um divisor de águas, tanto para o evento quanto para a imagem dele nas redes. Como você enxerga essa parceria e a força que ela tem para unir gerações e públicos diferentes?

A participação do Popó foi fundamental porque dá mais credibilidade a um evento de boxe. Seria uma coisa se eu começasse com influenciadores lutando entre si, principalmente porque não havia muitos influenciadores que praticassem boxe ou estivessem dispostos a entrar em um campeonato, num torneio com exposição nacional para lutas. Quando você tem um exponente como o Popó, tetracampeão mundial de boxe, ele dá mais peso e credibilidade aos nossos anunciantes e patrocinadores. E o mais legal é que essa geração, a geração Beta e Z, conhece ícones da geração X, como o Popó e o Minotauro, que se transformam em celebridades nas redes sociais. Agora é comum ver crianças tirando fotos com o Popó, algo que seria praticamente impossível se ele não tivesse se inserido na internet e nas redes sociais.

Mamá Brito
Mamá Brito

Em meio a tantos formatos de luta tradicionais, o FMS trouxe algo novo e arriscado. O que você acredita que o público mais valoriza nesse formato que mistura espetáculo, emoção e cultura pop?

Para o nosso público-alvo, sim. Para alguém extremamente cético em relação às artes marciais, talvez não. Mas para o nosso público, que trabalha a semana toda e quer se divertir no fim de semana, nada melhor do que ter luta, show e música, tudo junto em um espetáculo de seis horas. No começo, tivemos muitas críticas de pessoas céticas sobre artes marciais, mas isso não foi um problema. Aos poucos, eles viram como influenciamos a nova geração e lotamos as academias com praticantes de artes marciais, principalmente do boxe. Foi um risco, mas só muda o mundo quem corre riscos.

Você uniu duas linguagens intensas — esporte e música — em um mesmo palco. Como é equilibrar esses dois universos e garantir que cada edição mantenha essa energia única?

Com testes e ensaios. Isso é fundamental, porque já testamos alguns modelos na parte de show e entretenimento que deram certo, e outros que não deram. Inclusive, testamos o tempo de exposição ao entretenimento e os intervalos em que utilizamos entretenimento. Não podemos perder o foco de que as pessoas vão ali para ver o artista lutar, então damos um overdelivery com os shows, luzes e música. O objetivo é que todo mundo saia feliz e contente, especialmente aqueles que não gostavam de luta ou achavam que não gostavam. Simplesmente porque o modelo tradicional deles é muito amarrado, cronometrado e previsível. Quando chegamos com algo inusitado, o público se sente à vontade. É muito comum, principalmente as mulheres, dizerem que não gostavam de lutas até irem ao Fight Music Show.

Mamá Brito
Mamá Brito

Em relação a lutas de exibição, elas já têm se tornado uma tendência enorme do entretenimento e da mídia em geral, além dos casos do Fight Music Show, outras personalidades como Mark Zuckerberg, Logan Paul, entre outros. Na sua opinião, o que explica esse fenômeno e quais são as medidas de segurança que devem ser tomadas nesses eventos, onde apesar de preparo, muitos desses desafiantes não possuem experiência profissional prévia no esporte?

A partir do momento que uma celebridade se torna adepta das artes marciais, ela influencia outras, especialmente grandes influenciadores digitais. Foi o que aconteceu no Fight Music Show, quando, após o Whindersson Nunes fazer sua apresentação, várias celebridades começaram a treinar. É uma bola de neve, o poder que os influenciadores têm. No entanto, é muito importante que eles treinem com pessoas capacitadas e experientes para evitar lesões. E falando sobre o nosso sistema de cuidados e proteção nos eventos, é fundamental que tenhamos uma federação que cuide dos nossos artistas. Usamos a CNB, que exige uma série de exames minuciosos, incluindo exames de fundo de olho e de crânio, para garantir que, caso aconteça um golpe mais forte, o artista não sofra uma lesão grave ou consequências.

Acompanhe Mamá Brito no Instagram

TAGGED:
Share this Article

Você não pode copiar conteúdo desta página