A atriz gaúcha Hana Kolodny, de 30 anos, está ganhando destaque no cenário artístico com sua ascensão no teatro e na televisão. Após uma participação na aclamada série “Reis”, da Record, Hana é a protagonista da peça “Lotte Zweig: A Mulher Silenciada”, onde interpreta Charlotte, esposa do escritor Stefan Zweig. O espetáculo, dirigido por Carlos Vereza, a consagrou com uma indicação ao 19º Prêmio Jovem Talento APTR 2025.
A obra, que ficará em cartaz no mês de junho, aborda a misteriosa morte de Lotte e seu marido, em 1942, em Petrópolis. A história real ganha novos contornos no palco, com uma possível teoria de assassinato ligada ao Terceiro Reich e à ditadura do Estado Novo. Hana, que sempre valorizou o aperfeiçoamento constante, celebra sua indicação como uma verdadeira virada em sua carreira, destacando seu compromisso com o trabalho e seus valores pessoais.
Você cresceu cercada por arte em Porto Alegre, filha de uma bailarina — e hoje trilha seu próprio caminho no palco e na TV. Quando você percebeu que também queria fazer da arte o seu destino?
Desde que eu me entendo por gente, talvez desde quando me apresentei pela primeira vez no Ballet, quando tinha 4 anos, me recusei a sair do palco e comecei a coreografia de novo depois que acabou.
A indicação ao Prêmio Jovem Talento da APTR por interpretar Lotte Zweig marcou uma virada na sua trajetória. Como foi receber esse reconhecimento tão importante e o que ele representa para você neste momento da sua carreira?
Foi um dos dias mais felizes da minha vida, e uma grande surpresa. Às vezes a vida presta, como diria Fernanda Torres. Nessa profissão ganhamos 99% de nãos e 1% de sim, se tivermos sorte, ou muito esforço. Eu me esforcei e alguém testemunhou. Me sinto honrada, muito grata e com mais força para continuar melhorando no meu ofício.

Em “Lotte Zweig: A Mulher Silenciada”, você dá vida a uma personagem real que passou décadas à sombra de um grande nome da literatura. Como foi o processo de mergulhar na história da Lotte e dar voz a essa mulher que a história quase apagou?
É uma jornada conhecer Lotte Zweig, dar voz a ela. Carlos Vereza me supriu com todo material que podia para me ambientar no contexto da peça, viajamos para Petrópolis, visitamos o bangalô onde o Zweig moraram e faleceram. Mas o que mais me faz mergulhar na Lotte é o olhar dela nas fotos, e o obvio carinho e devoção que ela transmite pelo seu marido, Stefan.
Você divide o palco com Carlos Vereza, uma lenda do teatro e da TV brasileira — e também é dirigida por ele. Como tem sido essa troca com um artista tão experiente e o que você mais tem absorvido dessa parceria?
Ter como diretor, mentor e colega essa figura lendária é uma honra imensurável. Vereza é muito gentil, me ensinou muito em pouco tempo, sobre a vida, o teatro, atuação, história, literatura. Ele é absurdamente inteligente, um intelectual, um artista em tudo que faz e fala. Eu absorvo tudo que posso, tento ver com a lente dele, mas é um processo. Aprendo muito todos os dias com ele.

O espetáculo levanta questões profundas sobre silêncio, invisibilidade feminina e até conspirações históricas. Esses temas ressoaram pessoalmente em você? Houve algo na construção da personagem que mexeu emocionalmente com você?
Com certeza. A Lotte me dói muito. Tanto pelo que ela sofreu de discriminação e por não ser valorizada como gostaria pelo marido, por sentir que tem que se esforçar além do admissível para conseguir alguma oportunidade. Não tem ninguém que não se comova com a Lotte.
Além do teatro, você também esteve na série “Reis”, uma das mais aclamadas da Record. Como foi transitar entre esse universo televisivo grandioso e a intimidade do palco?
Eu sempre admirei e respeitei o trabalho da Seriella e desde que comecei a trabalhar como atriz queria uma oportunidade na emissora, pelas histórias cheias de valores que representam, e com as quais tenho muita afinidade. Foi uma temporada maravilhosa, tanto em resultado como no processo, nas relações. Tudo é concretizado com carinho e perfeição.

Você mencionou que a sua trajetória é marcada pelo preparo e pela busca constante por evolução. Quais estudos, práticas ou rituais fazem parte do seu processo como atriz?
Me dediquei a muitos métodos diferentes até compilar meu “ritual” de hoje em dia, que inclui aquecimento físico, vocal, mental. Passei por muitas escolas de atuação, as que mais me ajudam é estudar máscaras balinesas, rasabox e método Grotowski.
Agora vivendo esse momento especial da carreira, entre indicações e papéis de destaque, quais sonhos artísticos você ainda quer realizar — e que histórias sente que precisa contar como atriz?
Eu quero muito fazer parte de outra novela. É incrível sentir o personagem crescendo numa trajetória longa. Também quero ter oportunidade no cinema. Nosso cinema ainda vai crescer muito mais e quero fazer parte disso. Toda história merece ser contada, toda história é válida.
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