Eleita a melhor jogadora de handebol do torneio Mundial de 2013, Eduarda Brasil nasceu em Blumenau – SC, onde começou a jogar por influência de sua irmã mais velha, Ana Amorim, ex-integrante da seleção brasileira de handebol. Sempre ativa, Duda sempre participou das brincadeiras e esportes com sua mãe, que era professora de educação física.
Entre 2013 e 2014, se tornou a primeira brasileira a conquistar o título da Liga dos Campeões da Europa, jogando pelo Gyõri da Hungria. No ano passado, conquistou medalha na modalidade, participando dos Jogos Pan-Americanos de 2019, realizada em Lima, no Peru. Confira mais sobre a trajetória da jogadora!
Para quem ainda não a conheça Duda, você poderia nos falar um pouco mais sobre sua relação com o esporte?
Comecei a jogar em Blumenau, por causa da minha irmã. Minha família sempre foi muito ativa, minha mãe foi professora de educação física. As brincadeiras, esporte em geral faziam parte da minha infância.
Jogando pela Europa, você foi eleita no ano passado como a melhor jogadora da liga. Como foi receber esse reconhecimento?
Sempre fico muito feliz de ser reconhecida, foi um logo caminho pra chegar no topo, e um desafio maior ainda se manter nele. Então me sinto muito grata e satisfeita com meus feitos.
Infelizmente, o machismo é algo que ainda existe no mundo inteiro. Como é a sua visão das mulheres no handebol e como é representar essas guerreiras do sexo feminino?
Existe um longo caminho até conseguirmos igualdade no esporte feminino. Fico feliz de representar as mulheres fazendo e lutando pela qualidade e desenvolvimento do handebol. Mas num futuro talvez gostaria de contribuir mais efetivamente na discussão do assunto, como visibilidade, equidade de salários, maternidade, falta de patrocínios individuais.
Sabemos que você começou a jogar ainda aos 11 anos no colégio em Blumenau, e nas idades amadoras consagrou-se como campeã dos Jogos Abertos da Juventude de Recife. A partir de que ponto o jogo deixou de ser algo pessoal e se tornou a sua profissão?
Acredito que com 14/15 anos ficou claro que eu gostaria de me tornar profissional. Foi um processo muito natural para mim. Os meus técnicos também me incentivam e falavam que eu tinha talento, e aos poucos fui sonhando e me dedicando mais.
Quais são as suas maiores inspirações no atletismo? E quais são seus maiores sonhos na carreira?
Tem o exemplo da Maureen Magi, que conseguiu a primeira medalha de ouro pro Brasil, um feito impressionante e inspirador. Eu acredito que conquistei a maioria dos meus sonhos. Hoje me sinto feliz e realizada. Talvez gostaria de ganhar a medalha olímpica em Tóquio, que é a que falta para mim. E também conseguir o recorde de ser a atleta com maior número de vitórias na Champions. Trabalho para esses objetivos no momento como atleta. No pós-carreira tenho o sonho de trabalhar com gestão esportiva, ajudar a desenvolver e promover o handebol de alguma maneira. Espero ter oportunidades para isso.
Uma de suas incentivadoras foi sua irmã mais velha, Ana Amorim e o seu professor Fausto Steinwandter. Qual a importância deles para a construção de quem você é hoje?
Eles que me ingressaram no handebol. Fausto acreditou em mim, me incentivou bastante. Minha irmã abriu portas pra mim e foi de grande apoio enquanto estávamos em São Paulo e Macedônia.E tem outras pessoas que posso citar de Blumenau além da minha família lógico, como o Graciano e Robson, que me ajudaram na iniciação e formação como atleta e pessoa.
Como foi conquistar os títulos do Mundialito Juvenil em Portugal (2003) e o Sul-Americano Juvenil em 2004? Qual é o segredo para a sua preparação nos campeonatos?
Foi uma sensação incrível, minha primeira viagem internacional e era uma época de bastante diversão, onde nos preocupávamos menos com resultados. Analisar vídeos, me preparar fisicamente, taticamente e mentalmente, e definir meus objetivos individuais e coletivos para o jogo/campeonato.
Mesmo jogando na categoria Junior, em 2002 tivemos o vice-campeonato pela Metodista na Liga Nacional. Conte-nos um pouco sobre essa experiência jogando ao lado de profissionais na época?
Era um momento muito especial, jogar com jogadoras mais experientes é sempre positivo. Teve um momento em SP que joguei as 3 categorias no mesmo momento, juvenil, Júnior e adultos. Era um grande aprendizado para mim, de como me dedicar e organizar minha vida com estudos e carreira.
Durante 2013 e 2014, a tivemos como bicampeã europeia no Gyõri ETO KC da Hungria. Essa foi uma época importante para sua carreira?
Sim, porque foi a conquista da primeira champions, que tentávamos conquistar a vários anos, ano que ganhamos o Mundial e ano que recebi a Melhor do Mundo, além de ser o ano do meu casamento. Foi um momento épico da minha vida pessoal e profissional.
Nos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008, você auxiliou o Brasil a obter a nona colocação. Como foram essas competições?
É o sonho de todo atleta participar da primeira olimpíada e foi a única que por exemplo presenciei a abertura dos jogos. Foi uma honra representar meu país num evento tão importante e uma alegria muito grande fazer parte desses jogos com um grupo de atletas mais experientes. Também foi onde recebi a oportunidade de jogar aqui na Hungria, devido a um jogo que fiz 11 gols contra eles. Na época minha participação nos jogos era mínima, e esse jogo foi onde participei mais e que acabou me trazendo esse convite tão importante para o desenvolvimento da minha carreira.
Quais as dicas você gostaria de passar aos jovens que desejem poder jogar profissionalmente um dia?
Que sonhem grande, criem objetivos de curto e longo prazo, se dediquem, treinem bastante e que tenham pessoas ao redor que acreditem em você e te suportem na busca desses sonhos.