Dudu Camargo fala sobre quebra de preconceito no jornalismo televisivo e a experiência de ser o primeiro âncora de 18 anos em rede nacional

Luca Moreira
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Dudu Camargo
Dudu Camargo

Dudu Camargo, apresentador, ator e radialista, começou sua carreira de maneira surpreendente como modelo mirim de passarela. Aos 9 anos, venceu um desfile e ganhou um curso de teatro, que foi fundamental para sua entrada no mundo artístico. Em sua trajetória, destacou-se inicialmente como ator em diversas emissoras, incluindo Rede Família, NGT e TV Um, mas foi no SBT que consolidou seu nome, especialmente com o personagem Homem do Saco no programa Fofocando. Este papel não só lhe garantiu um contrato com a emissora, mas também solidificou sua imagem no meio artístico.

A entrada de Dudu no Primeiro Impacto, aos 18 anos, foi um marco na televisão brasileira, quebrando tabus ao se tornar o âncora mais jovem de um telejornal nacional. A mudança de nome do Primeiro Impacto para SBT Notícias foi breve e não alterou o formato e horário do noticiário. Camargo, que se registrou profissionalmente como jornalista sem diploma, ressalta que a prática e o trabalho contínuo foram seus principais aprendizados, superando a necessidade de um curso formal.

Além da TV, Dudu experimentou a radiofonia, passando pela Super Rádio, onde enfrentou desafios devido a uma pesquisa de audiência defasada, revelando as complexidades desse meio. Fora do jornalismo, Dudu se destacou em realities shows, como o Bake Off Brasil, onde surpreendeu com suas habilidades na culinária, chegando até a fase final.

Como foi o seu início de carreira como apresentador e ator? Quais foram os desafios que enfrentou nesse período?

Meu início de carreira foi como modelo mirim de passarela. Participei de um desfile sem pretensão nenhuma e, para minha surpresa, acabei ganhando o primeiro lugar, superando o segundo colocado por apenas um voto. Esse resultado me surpreendeu muito na época e me trouxe vários benefícios. Ganhei os cartões da agência e um curso de teatro, o que me ajudou a perder a timidez e iniciar meus primeiros trabalhos artísticos.

Na televisão, comecei como ator quando ainda era muito jovem. Minha mãe sempre me acompanhava desde os 9 anos, em 2007. Naquela época, eu ainda não tinha decidido que seguiria a carreira artística, mas estava tendo meu primeiro contato com esse mundo.

Você ficou conhecido por interpretar o personagem Homem do Saco no programa Fofocando. Como surgiu essa oportunidade e como foi a experiência de interpretar esse papel?

O personagem Homem do Saco foi muito importante para mim, pois através dele conquistei meu primeiro contrato como ator no SBT, já que na época eu tinha o DRT de ator. Em 2016, esse personagem uniu meu trabalho de atuação com meu conhecimento na área de celebridades e colunismo social, que eram os temas abordados pelo programa. Antes de interpretar o Homem do Saco, eu já havia trabalhado em emissoras como Rede Família, NGT e TV Um (afiliada à Rede Minas) com colunismo social e cobertura de notícias sobre televisão e famosos.

Sua entrada como âncora do telejornal Primeiro Impacto causou bastante repercussão, principalmente devido à sua pouca idade e falta de experiência jornalística. Como você lidou com as críticas e desafios desse momento?

Essa repercussão na época fez com que as emissoras passassem a olhar de forma diferente para os telejornais e superassem o preconceito de dar oportunidades a âncoras mais jovens. Fico muito feliz quando sou parado na rua ou quando alguém me manda mensagem dizendo que sou uma inspiração no jornalismo, especialmente por ter sido o primeiro a estar à frente de um jornal em rede nacional aos 18 anos.

Os bons resultados do jornal, tanto em faturamento, visibilidade, quanto em audiência, contribuíram para que não se colocasse limitação em um profissional por conta da idade, mas sim pelo talento, competência e profissionalismo. Televisão é uma empresa como qualquer outra que necessita de resultados. Claro que, por ser o primeiro, enfrentei muitas críticas da imprensa por ser uma novidade, mas hoje vejo jovens à frente de noticiários, como o Nilson Clava na GloboNews, entre outros.

Dudu Camargo
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Após o cancelamento do Primeiro Impacto, você foi transferido para o SBT Notícias. Como foi essa transição e como você se adaptou a essa nova posição?

Na verdade, pouco mudou nessa época. A transição de Primeiro Impacto para SBT Notícias foi apenas uma mudança de nome; o horário e o formato continuaram os mesmos. Na época, o título foi trocado porque o Silvio Santos quis padronizar o jornalismo com os mesmos títulos, grafismos e cenários. Meses depois, o Silvio voltou com o título Primeiro Impacto, que era forte e repercutia muito bem, mas manteve a padronização das vinhetas, trilhas e grafismos para todos os jornais da casa, como acontece em canais de notícias do exterior.

Na época da troca de nome, também se pensou que o SBT Notícias era um jornal da madrugada, que já vinha a cada uma hora trocando de apresentador. Então, por que, ao chegar às 6h00 da manhã, mudar o nome do noticiário, se podia permanecer o mesmo da madrugada?

Você se registrou profissionalmente como jornalista mesmo sem ter formação na área. Como surgiu essa decisão e como você vê a importância da formação acadêmica para a prática jornalística?

Por lei, desde 2010, o jornalista pode exercer a função sem ter o diploma de faculdade. O que ele precisa, eu tenho: o registro no Ministério do Trabalho como jornalista, através do MTB, pelos trabalhos feitos desde quando eu tinha 14 anos. As autoridades entendem que não é necessário o diploma. Eu acredito que aprendi muita coisa na prática. Não que a faculdade não seja importante, mas creio que quanto mais você pratica a sua profissão, mais você fica apto a exercer aquela função, e foi exatamente o que eu fiz durante a minha carreira.

Em seguida, você teve a oportunidade de apresentar um programa na Super Rádio. Como foi essa experiência e quais foram os principais aprendizados desse período?

Essa não foi minha primeira oportunidade em rádio. Antes da Super Rádio em São Paulo, estive, aos 16 anos, na Líder FM, uma rádio na cidade de Ubá, em Minas Gerais. Atuei em um grupo de comunicação ao qual essa rádio fazia parte. Na época, trabalhei na rádio FM, e fiquei muito feliz com essa oportunidade, pois o rádio também é uma forma de comunicação.

Dudu Camargo
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Você mencionou que foi dispensado da Super Rádio devido à baixa audiência. O que você acredita ter contribuído para esse resultado e o que aprendeu com essa experiência?

A pesquisa de audiência de rádio é muito defasada. Para quem está acompanhando a nossa entrevista ter uma noção, a pessoa do Ibope de rádio pergunta para uma pessoa na rua: “Que rádio você ouviu ontem?” Se essa pessoa responder “Eu ouço o programa do Dudu”, essa resposta é desconsiderada na pesquisa, porque ela precisaria falar “Eu ouço a Super Rádio de segunda a sexta-feira, das 20h às 22h”. Isso é diferente do método usado para pesquisa de audiência de TV.

Na pesquisa de audiência da TV, se você estiver assistindo, será contabilizado automaticamente no Ibope. Já a pesquisa de audiência de rádio não funciona assim. O horário em que eu entrava na rádio era transmitido após um programa chamado “Hora do Brasil”. Esse programa é obrigatório, e as rádios o exibiam como se fosse um horário eleitoral. Isso, infelizmente, deixava a audiência da rádio muito abaixo do normal. Então, quando meu programa começava, os primeiros minutos de audiência eram um pouco difíceis.

Já na TV, pela manhã, eu estava garantindo a vice-liderança no horário para o SBT, com o dobro da audiência da nossa concorrente. Era um horário em que o SBT às vezes ficava em quarto lugar por alguns minutos. Na rádio, à noite, a pesquisa defasada não mostrava a realidade do momento.

Você participou de programas de reality. Como foi a sua experiência em reality shows e o que você destaca de mais marcante em cada um deles?

O único reality de culinária que eu participei foi o Bake Off Brasil, quando já apresentava o jornal no SBT. Bake Off Brasil é um reality de bolos, estilo MasterChef, só que de bolos e doces, do SBT, onde me saí muito bem. Cheguei até a passar de fase e, além disso, foi o Bake Off Brasil Celebrities, uma edição com elenco de famosos, dos quais eu fui um dos participantes. Foi exibido apenas em duas edições, um especial que chegou a 12 pontos de pico, um sucesso absoluto e vice-líder absoluto nas noites de sábado do SBT.

Quais são seus planos e projetos futuros na carreira? Existe algo em específico que gostaria de realizar ou explorar?

Eu sempre me preocupei com o próximo. Não é à toa que, quando eu fiz o noticiário policial de prestação de serviço e popular nas manhãs da TV, foi justamente para mostrar o que está acontecendo, incluindo os problemas, para tentar alertar as autoridades e mudar essas questões. Só que eu vi que não basta apenas ficar falando na televisão. Eu falo na TV há mais de 8 anos, e outros colegas de jornalismo há tantos anos estão falando na televisão e nada de melhorar. Por isso, pretendo, na prática, ajudar cada vez mais as pessoas. Não sou muito de expor as ajudas que já fiz no âmbito pessoal e social porque acredito que o que uma mão faz, a outra não precisa saber, mas pretendo, de forma executiva, fazer algo acontecer para esse povo que, como eu, pagamos impostos e pouco vemos nosso dinheiro sendo bem representado em serviços para a população. Chega de reclamar; pretendo ir para a prática e ver no que posso colaborar, ajudando o máximo de pessoas possíveis.

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