Oito em cada dez brasileiros estão endividados, revela uma pesquisa do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia. Segundo o administrador de empresas Tiago Tozzi Nunes, autor do livro “Educação financeira e reflexões sobre a verdadeira riqueza”, o descontrole financeiro, muitas vezes ligado à instabilidade emocional e crenças limitantes, é um dos principais fatores por trás desse cenário. Para reverter essa situação, Nunes sugere uma abordagem que envolve tanto o gerenciamento consciente das finanças quanto o apoio espiritual.
Você destaca a importância do controle interno para evitar o descontrole financeiro. Como você sugere que as pessoas desenvolvam esse controle interno e superem crenças limitantes que podem levar ao gasto impulsivo?
Muitas pessoas tentam em vão preencher o vazio interior com coisas para sustentar uma imagem de “bem-sucedido”. Ao longo da vida, elas receberam palavras mentirosas, como “você é inútil e incapaz”. A saída para esse ciclo é ir a Jesus, perdoar, descobrir seu valor e potencial. Entre tantos benefícios, o autocontrole é vital para frear vontades e gastos.
Quais são os sinais iniciais de que uma pessoa está começando a perder o controle das suas finanças, e como ela pode reconhecer esses sinais antes que se torne um problema maior?
Os sinais iniciais são a insatisfação ou vazio interior, as comparações com outros indivíduos e com as “pessoas perfeitas” das redes sociais, que pode ocasionar em atrasos no pagamento das contas e no uso do dinheiro sem estar ciente dos impactos futuros dessa decisão… Para evitar que se torne um problema maior, o recomendado é que as pessoas anotem as entradas e saídas do dinheiro mensalmente, com o intuito de ter noção do que se pode gastar e do que é preciso poupar.
Você menciona a importância de priorizar necessidades básicas e planejar economicamente. Poderia dar exemplos práticos de como alguém pode reavaliar e ajustar seu orçamento para atender a essas necessidades?
Tudo começa com disciplina e decisão. Em uma regra geral, as despesas fixas, como aluguel, água e luz, devem compor 30% da renda total. Já o restante do orçamento deve ser dividido em quatro ou cinco vezes – pensando na quantidade de semanas do mês – e utilizado em gastos mais variáveis, como alimentação, transporte e lazer. Sempre é possível buscar opções mais econômicas em tudo. Também é importante guardar pelo menos uma parte do dinheiro para poupança, investimentos e segurança financeira.
Qual a sua opinião sobre o impacto de aspectos emocionais e espirituais na gestão financeira? Como você acha que a fé pode influenciar a forma como alguém lida com suas finanças pessoais?
A fé ajuda nas finanças pessoais porque preenche o vazio interior, além de proporcionar o perdão e o autoperdão. Também auxilia a encontrar um valor próprio e um potencial interno, como também combate a ansiedade, que nos faz sofrer por antecipação e dificultar a disciplina com as contas. A fé anula esse medo causado pela ansiedade.
Você sugere criar uma reserva financeira e planejar para despesas anuais. Quais são suas recomendações para pessoas que têm dificuldades em manter uma reserva ou que estão começando do zero?
É preciso criar o hábito de poupar. Estudos apontam que um hábito pode ser criado em 21 dias, caso seja colocado em prática. O importante é começar com o que tem: separe uma quantia reserva como se fosse uma conta que precisa ser paga todo mês. É possível, quem quer faz! Com planejamento, podemos ajustar receitas e despesas extras que temos ao longo do ano.
No seu livro, você fala sobre a verdadeira prosperidade. Como você define a verdadeira prosperidade e de que maneira isso se diferencia da riqueza material?
A riqueza material é apenas uma parte do conjunto chamado prosperidade. Também fazem parte disso a paz e a alegria interior encontradas em Jesus, na saúde, na família unida e ajustada. A prosperidade também é encontrada quando existe uma provisão para as suas necessidades, para realização de sonhos e para os objetivos maiores de generosidade.
Em relação às orientações do release, qual você considera a mais desafiadora para a maioria das pessoas, e como você aconselharia a superação desse desafio?
O maior desafio é vencermos as emoções e as vontades. A vontade é algo muito forte em nós: quando nós deixamos nos levar por ela, podemos nos destruir com o descontrole nos gastos e suas terríveis consequências. Também podemos buscar em Jesus e na fé nossa alegria, identidade e autocontrole.
Você também menciona a importância da honestidade e da união familiar nas finanças. Como essas qualidades podem ajudar a construir uma base financeira sólida e a evitar problemas futuros?
Os maiores princípios de prosperidade são a união e a honestidade. Família e finanças estão interligadas, assim a disciplina financeira é vital para ambas. Quando se deixa de pagar uma conta, alguém está sendo lesado; e o desonesto atrai problemas, nunca prospera!
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