Em um mundo devastado pela guerra, onde a humanidade vive na escuridão e no medo, a historiadora Celina Bazzi descobre uma caixa repleta de libélulas douradas, que leva à escrita de Todas as Minhas Libélulas, obra da autora Gabrielli Casseta. Com uma narrativa epistolar, a história se desenrola através de cartas que revelam o impacto do Milchamah, um conflito que há 50 anos assola os povos do continente de Aware. Em meio a um cenário de desesperança e destruição, a autora utiliza elementos do terror cristão para simbolizar o pecado, o mal e a escuridão da alma humana. Ao lado de personagens como Joana Watanabe, uma missionária com a missão de proteger o livro sagrado El Berith, o leitor é convidado a refletir sobre a importância da fé em tempos de adversidade. Neste primeiro volume de uma trilogia, Gabrielli Casseta nos conduz por um enredo de batalhas, sacrifícios e escolhas difíceis, onde a voz de Deus se revela como a única luz capaz de guiar aqueles dispostos a enfrentar as trevas.
Ao optar pelo formato epistolar, você dá voz aos personagens de maneira íntima e direta. Como foi construir essa narrativa e por que escolheu esse estilo para contar essa história?
Em 2021 eu li o conto Evidencias de uma traição, da autora Taylor Jenkins Reid, que é narrado por meio da troca de cartas de dois personagens e fiquei encantada com o formato. Optei por ele porque Todas as minha libélulas seria apenas uma série de postagens para o Instagram e cartas era uma forma curta de trazer textos para aquela rede em específico. Porém, a história cresceu tanto que precisei transformar em um livro (na verdade uma série *risos*).
Sua obra utiliza o medo e a escuridão para simbolizar o pecado e os desafios da humanidade. Como você acredita que o terror pode ser um instrumento poderoso para transmitir mensagens de fé?
Histórias de terror trazem em seu cerne o embate entre bem e mal. Se eu acredito que Jesus é o bem supremo, por que não mostrar ele vencendo as trevas? Os elementos de terror são ótimas metáforas para nossos pecados e demônios, mostrar que eles podem ser derrotados por Deus é enfatizar a vitória da luz sobre as trevas, ainda que parte da jornada seja assustadora.
O continente de Aware carrega cicatrizes profundas da Milchamah. Você acredita que a guerra na sua história reflete aspectos das realidades que vivemos hoje?
Com certeza! Eu nunca vivi em um ambiente de guerra, mas vivo, assim como todo cristão, uma guerra espiritual. Queria retratar as dificuldades dessa guerra que vivemos dentro de nós de uma maneira impactante. Afinal, eu luto contra meus monstros todos os dias. Assim como muitas pessoas o fazem.
Joana Watanabe lida com um conflito entre sua fé e seus sentimentos. Como foi criar essa personagem e como sua trajetória pode inspirar leitores que também enfrentam dilemas na vida real?
Esse é o conflito mais comum de todo cristão e eu já o vivi algumas vezes. Então, foi quase que um desabafo escrever a Joana. Sei que a igreja não fala tanto quanto deveria do tema principal do livro – jugo desigual – e que assim como eu não tive quem me instruírem na adolescência sobre o assunto, muitas garotas e garotos ainda não tem ninguém que o faça. Escrevi o livro para essas pessoas que, como a Gabi do passado (aos 17 anos), estão perdidas.
A caixa cheia de libélulas é um elemento misterioso na trama. Qual o significado desse símbolo para você e para a construção da história?
As libélulas são o principal elemento mágico da história. Elas levam as cartas escritas até Malkiur (a divindade do meu livro que representa Jesus). Para mim, um lembrete da importância da oração.
Seus personagens vivem em situações extremas, mas ainda assim, dedicam suas vidas ao acolhimento e à proteção da fé. O que essa missão representa dentro da sua própria visão sobre o propósito humano?
Como cristã, acredito que fomos criados para servir a Deus e ao nosso próximo, independente das circunstâncias. Meus personagens apenas fazem isso.
Este é apenas o primeiro volume da saga. Como foi planejar uma história que se desdobra em três livros e o que os leitores podem esperar dos próximos capítulos dessa jornada?
Foi mais fácil planejar do que é escrever. Eu mandei um áudio para uma amiga contando a ideia completa e depois de ficar mais de 30 minutos falando, me dei conta que essa história precisava ser uma trilogia. Sobre os próximos livros, os leitores podem esperar muitas cenas de ação e mais batalhas contra monstros, romance e algumas reviravoltas.
Mesmo com um cenário fictício, Todas as minhas libélulas carrega emoções e dilemas muito reais. Há algo na história que foi inspirado em experiências ou reflexões pessoais suas?
Quase tudo! No geral, cada personagem tem algum traço e/ou dilema que vivo ou já vivi. Em especial a história da Joana. Eu vi as consequências de um casamento em jugo desigual muito de perto dentro da minha família e senti a necessidade de alertar jovens como eu sobre esse assunto.
Um dos pontos centrais do livro é a ideia de que a voz de Deus deve ser ouvida antes do coração. Como você enxerga essa questão na vida prática e que mensagem deseja passar com isso?
Vou responder com um versículo que resumo o que eu penso do assunto: Jeremias 17:9, NAA “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem poderá entendê-lo?”. A mensagem que queria passar com o livro é que sempre vale mais confiar em Deus do que nos nossos sentimentos.
Seu livro traz uma mensagem de luz em meio ao caos. O que você espera que os leitores levem consigo ao terminarem essa leitura?
Que não importa quão pecadora a pessoa é ou quão sombria é a situação que o leitor está vivendo, o Espírito Santo de Deus estará com ele.
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