Zay Domo Artist é um ator jovem e versátil, conhecido por seus papéis impactantes tanto no cinema quanto na televisão. Zay estrelou projetos notáveis como A Quiet Place: Day One (2024) e The Last of Us (2023), mostrando sua capacidade de lidar com papéis diversos e desafiadores. Sua carreira começou como artista de voz em videogames como Call of Duty: WWII e Overwatch 2, onde deu vida a personagens com suas performances vocais dinâmicas.
Você teve papéis significativos tanto no cinema quanto na televisão. Quais desses formatos você acha mais desafiador e por quê?
Em um momento, eu teria dito que a televisão era mais desafiadora, devido à grande quantidade de diálogos para memorizar e ao tempo gasto filmando uma série. Mas agora, com a criatividade dos diretores de hoje, acho que o cinema é mais desafiador. As séries têm tempo para construir suspense e desenvolver a história gradualmente, enquanto os filmes precisam prender a atenção do espectador imediatamente. Nos filmes em que trabalhei, isso geralmente significa ação sem parar desde o primeiro dia no set, o que pode ser intenso. Há também um senso de escrutínio maior no cinema, adicionando pressão para entregar sua melhor performance a cada vez.
O que você pode nos contar sobre sua experiência trabalhando em “A Quiet Place: Day One” e “The Last of Us”? Há algo que tenha se destacado durante essas produções?
Ambos os projetos foram incrivelmente divertidos, mas também muito desafiadores. Em A Quiet Place, você precisa depender inteiramente da comunicação não verbal—tudo é sobre expressão. Contar uma história apenas com linguagem corporal e expressões faciais, mantendo o público envolvido, não é uma tarefa fácil. Por outro lado, com The Last of Us, eu tinha uma vantagem porque era um grande fã dos jogos. Foi um sonho atuar na série, mesmo em um papel menor, e entender o material original me ajudou a saber exatamente o que era esperado do meu personagem.
Como você escolhe os papéis que deseja interpretar? Existe algum tipo de projeto ou personagem que você sonha em interpretar?
Minha equipe conhece os tipos de papéis que me atraem e aqueles que não estou disposto a aceitar, especialmente os que conflitam com meus valores. Estou aberto a experimentar coisas novas, mas também sou seletivo em relação a projetos que se alinham com quem eu sou. Um papel dos sonhos para mim seria em um filme de Pantera Negra. Chadwick Boseman foi uma grande inspiração, e eu até já pratiquei o sotaque dos filmes na esperança de que um dia apareça uma audição para mim. Então, sim, Pantera Negra seria o sonho.
Você começou sua carreira como artista de voz em video games. Como essa experiência ajudou a moldar suas habilidades como atriz?
A maioria dos atores começa no cinema ou na TV e faz a transição para a dublagem, mas eu comecei pelo caminho inverso. A atuação de voz foi essencial para mim, porque me ensinou como transmitir emoção através do tom, do ritmo e da entonação. Essa experiência me deu uma vantagem, especialmente com sotaques e imitações, que uso muito nos meus papéis em tela hoje.
Juntamente com “Euphoria”, “The Last of Us” foi um dos grandes sucesso que a HBO lançou no ano passado. Na época da produção, você já imaginava o alcance e aclamação que esse projeto teria em relação ao público?
Eu tinha uma forte sensação de que seria um sucesso. Com minha experiência no trabalho de dublagem para videogames, sei o quanto os fãs são apaixonados pelos jogos que amam. Trazer The Last of Us à vida em uma série de TV naturalmente atraiu essa base de fãs leais, e os visuais impressionantes da série trouxeram ainda mais espectadores da comunidade cinematográfica.
Além das produções televisivas e cinematográficas, você teve a oportunidade de trabalhar como artista de voz em videogames como Call of Duty: WWII e Overwatch 2. Como foram essas experiências, principalmente em um trabalho onde se tem o desafio de se passar toda a emoção do personagem apenas através da voz?
Foram experiências incríveis. O bom dos jogos é que eles vivem para sempre. Mesmo anos depois, as pessoas ainda estão jogando e falando sobre eles. A dublagem em jogos pode ser complicada porque tudo se resume a transmitir emoção apenas com a voz, mas é uma questão de entender as nuances no tom e na entonação. Esses elementos podem contar uma história inteira.
“A Quiet Place” foi um filme que conseguiu se consagrar como uma grande referência quando se fala de produções do gênero de terror e apocalítico. Como foi trabalhar com o diretor Michael Sarnoski, além de viver a personagem Bryan na juventude?
Michael é um diretor incrivelmente talentoso e inovador. Ele é o tipo de pessoa que está disposto a adaptar a visão junto com os atores, o que cria uma atmosfera dinâmica no set. Parecia que o roteiro estava vivo, evoluindo conforme trabalhávamos. Interpretar um personagem jovem no meio de um apocalipse foi surreal—foi como fazer parte de uma história que eu só imaginava ao crescer. Isso definitivamente me tirou da minha zona de conforto, mas da melhor maneira possível.
Zay, é impossível te entrevistar e não comentar sobre a ação social que você mais apoia em sua trajetória – a defesa de crianças em acolhimento, sendo que inclusive você chegou a ser a primeira criança em acolhimento a ingressar na indústria da atuação aos 16 anos. Você pode nos contar um pouco mais dessa parte de sua história e como você utiliza de sua vivência para auxiliar outras crianças na mesma situação?
Entrei no sistema de adoção aos 12 anos, e atuar nem estava no meu radar até eu completar 15. Quando estava crescendo, não tínhamos muito, mas sempre tínhamos filmes. Eu devo ter assistido a mais de 2.000 filmes, e eles se tornaram meu refúgio. Quando fui colocado no sistema de adoção, não podia imaginar me tornar ator—parecia impossível. Mas uma noite, a ideia surgiu na minha cabeça e eu não consegui mais deixá-la ir.
O que as pessoas não percebem é o quão difícil é perseguir uma carreira de ator estando no sistema de adoção. Há pouco ou nenhum apoio—nenhum financiamento, nenhum mentor. Mas eu tinha um plano. Me formei no ensino médio aos 16 anos, trabalhei em tempo integral no McDonald’s por dois anos, e investi tudo o que ganhei na minha carreira. Não fiz aulas formais de atuação, mas assistir a tantos filmes me ajudou a desenvolver meu próprio entendimento sobre atuação.
Quero inspirar outras crianças adotivas a acreditarem que sua situação pode ser uma vantagem. Somos algumas das pessoas mais criativas e engenhosas, mas nos falta uma plataforma para expressar isso. Quero abrir portas para crianças de famílias de baixa renda e de adoção para que elas possam perseguir seus sonhos. Se eu consegui, isso mostra que é possível, e sempre orei por uma oportunidade de criar uma mudança real. Fomos colocados em uma situação difícil, mas isso não significa que somos menos capazes de alcançar a grandeza.
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*Com Andrezza Barros