Inspirada por anos de trabalho com vítimas de violência, a assistente social mineira e autora best-seller da Amazon, Cláudia Castro, lança o romance Nos braços do meu protetor. A obra mistura paixão, crime e investigação ao narrar o improvável encontro entre Fabrizio Flauzi, um jovem delegado promissor, e Mariana Vaz, uma garota determinada a provar a inocência do pai enquanto enfrenta uma perigosa rede de tráfico humano. Além da trama envolvente, o livro destaca a realidade do tráfico sexual no Brasil e oferece informações práticas para conscientizar e proteger leitoras.
Sua experiência com vítimas de violência deve ter sido transformadora e desafiadora. Como surgiu a ideia de canalizar essa vivência para a literatura e, especificamente, para histórias que mesclam romance e temas tão delicados como o tráfico humano?
Atender pessoas vítimas de violência exige do profissional habilidade técnica, estudo, e antes de tudo sensibilidade e respeito à vítima. Em 2014, senti a necessidade de alcançar mulheres de todos os lugares e as alertar sobre as questões de violência cometidas. Nesta época, meu marido me sugeriu escrever. Escolhi o romance porque as histórias de amor conectam às mulheres, e desta maneira eu conseguiria atingir meu propósito.
“Nos braços do meu protetor” traz uma mistura intensa de paixão e denúncia social. Como você equilibra essas duas dimensões na narrativa, garantindo que o romance e a conscientização caminhem juntos?
Equilibro por meio de situações cotidianas no enredo do romance. Os personagens, apesar de serem fictícios, sentem dores, se atrasam, perdem a paciência, passam aperto financeiro, tudo muito parecido com a vida real. Desta maneira, consigo relacionar os dois temas.
O Brasil tem números alarmantes em relação ao tráfico humano, especialmente de mulheres. Como você espera que o seu livro possa impactar a consciência pública sobre esse tema e até mesmo ajudar vítimas em potencial?
Espero impactar a consciência coletiva trazendo o assunto para dentro da casa das pessoas. Uso uma linguagem em meus livros de romances que comunicam com todas as classes sociais. Tenho o cuidado de transformar a leitura em uma experiência agradável para o leitor. Durante o desenvolvimento da história, coloco o modus operandi das quadrilhas, locais de denúncia, e principalmente me inspiro na realidade.
No ano de 2024, meu livro Nos Braços do meu Protetor foi traduzido para o Espanhol e está disponível na Amazon da Espanha.
A relação entre Mariana e Fabrizio é marcada por conflitos emocionais e morais. Como foi criar personagens tão complexos e envolvê-los em um cenário de crimes e investigação?
Quase sempre uso referências de pessoas que conheço, me inspiro em fatos, lógico, com todo o cuidado para preservar o anonimato. Além disto, como assistente social sempre atuei em situações muito complexas. Sobre a ambientação de crimes e investigação, como atendemos vítimas de violência, atuamos muito junto das forças de segurança, então esse é um meio fácil para transitar e criar com a devida licença poética.
Você incluiu dados estatísticos e informações úteis ao final do livro. Que mensagem você gostaria de deixar para as leitoras que podem estar enfrentando situações de abuso ou vulnerabilidade?
Nunca se cale diante de quaisquer situações que as deixe desconfortável. Procure alguém de sua confiança e peça ajuda. Há vários dispositivos que auxiliam às mulheres a se proteger. Lembrando, que cada mulher tem seu tempo. Precisamos educar melhor nossos filhos e filhas, porque somente com educação e exemplo conseguiremos avançar na diminuição da violência nos lares. Deixo sempre minhas redes sociais em aberto para que as mulheres entrem em contato comigo.
Como autora de um romance com cenas sensuais e ao mesmo tempo de denúncia, você transita por um território bastante desafiador. Houve alguma preocupação ou dificuldade em abordar temas tão diferentes no mesmo enredo?
Partindo do princípio de que escrevo romances para adultos, não tenho dificuldade em abordar cenas sensuais. Sempre me preocupo em deixar o livro com cenas amorosas, sensuais e sem grandes performances extraordinárias, uma vez que gosto de personagens com características muito próximas do real. Além disto, primo pelo respeito às pessoas, e para mim é limite rígido situações que incentivam a romantização da violência.
Seu trabalho já impactou muitas pessoas tanto como assistente social quanto como escritora. Qual foi o feedback mais marcante que você recebeu de uma leitora até agora, e como isso te motiva a continuar escrevendo?
Nestes dez anos de carreira já ouvi muitos depoimentos que me marcaram, seria até difícil citar um. No entanto, citarei uma situação que aconteceu comigo na Bienal Internacional de SP de 2024. Durante a exposição, uma leitora me perguntou se eu podia a atender. Bastou ela me pedir, que já imaginei do que se tratava: ela era vítima de violência, e precisava de um atendimento técnico. Saí do meio das pessoas com ela, encontramos um canto e eu a acolhi.
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