Romance que mostra os anos de chumbo pelo olhar dos personagens diversos em suas humanidades
Uma história de leitura fácil porém marcante, traduzindo o estilo da autora que ultrapassa fronteiras por boas histórias, nos formatos impresso e e-book
“Edifício Seabra, Praia do Flamengo, Guanabara, Rio de Janeiro. Construído em 1931 pelo comendador Gervasio dos Santos Seabra, seria considerado o Dakota brasileiro e marca uma época de ascensão da classe média carioca, que irá ao longo de toda a existência do imóvel, ter duas certezas: ele é feio e é bonito.”
Desde a primeira frase de “O General Estava Nú”, a escritora Flávia Hartmann revela o feio e bonito, o lado bom e o mau de cada personagem, deixando claras as suas personalidades. Sua escrita provoca e captura desde o início, deixando ao final lembranças de uma época real, de horrores sofridos, mas também da realidade de pessoas que lutavam por suas humanidades e por desnudar aquilo que o general representava. O livro pode ser encontrado nos formatos impresso e e-book.
Como descrito na sinopse, o cenário é o Rio de Janeiro. A época, os anos de chumbo. Nesse contexto, uma família de classe social elevada vivencia seus pequenos dramas cotidianos permeados por um clima de violência que se revela de inúmeras formas. Uma história de vítimas e algozes, em que personagens frágeis em estado de extremo sofrimento podem se transformar em predadores ou vítimas silenciosas. Em O General estava nu a autora, sem emitir juízo de valor, desnuda fatos que a sociedade busca ocultar, por vergonha, por medo, ou por convicção, assim como a natureza secreta de cada pessoa que, olhando de fora, é diferente do que imaginamos. Mas não é só isso. A narrativa, leve em sua maioria, nos instiga a conhecer o cotidiano, os desejos, a trajetória dos personagens, cujas histórias de vida se compõem de uma riqueza, traduzida nos detalhes minuciosos que nos são apresentados.
‘O General Estava Nú’ por Taiasmin Ohnmacht
“Que o Estado brasileiro é violento, todos sabemos. E é especialmente violento com alguns grupos, sendo, em geral, mais brutal quando se trata de pobres, negros, mulheres e aqueles que estão fora do espectro heteronormativo de gênero e sexo. Tudo isso está neste romance. Mas também sabemos que esse mesmo Estado de tempos em tempos transborda sua violência para grupos que não costumam ser diretamente atingidos. Flávia Hartmann avisa: em um estado totalitário, ninguém está à salvo. Assim foi nos 21 anos de ditadura militar que tiveram início com o golpe de 1964.
O romance de Flávia Hartmann retoma este momento passado e tão presente da influência militar ditando a vida civil. Para tanto, conta a história de uma presença militar familiar. O familiar indesejado por todos nós, que desorganiza os laços fraternos e altera caminhos. O General Estava Nu, não deixa de ser uma metáfora do que conhecemos. E traz um final alucinado e catártico que desejamos.
São muitos os personagens que tropeçam e se enredam, tentando lidar com o poder que procura humilhar para submeter, mas a história também é sobre estratégias de resistência à violência avassaladora que toma suas vidas. Uma das principais personagens é uma menina que surge como a catalizadora da força do grupo e do resgate da solidariedade, única forma de fazer frente ao verde-oliva mortífero.
O General Estava Nu chama a atenção pela hábil construção de diálogos internos que fluem em harmonia na narrativa, as vozes mudam entre narrador e personagem de modo quase imperceptível e bastante eficiente.
Flavia Hartmann desnuda a vulnerabilidade de nossa cidadania perante a tutela militar que permeia a sociedade brasileira, mas também aponta e sonha com algumas saídas.”
(Taiasmin Ohnmacht é psicóloga, psicanalista e escritora. Participa de várias antologias e contos. Venceu o Prêmio AGES – Livro do Ano 2022 na categoria Narrativa Longa com Vozes de Retratos íntimos. O romance já havia sido finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti. )
Sobre Flávia Hartmann
Carioca, Flávia Hartmann faz parte do coletivo de escritores ‘Só Uma Sugestão’ que escrevem em blogs e redes sociais. Publicou em 2021, com outros oito cronistas do grupo Santa Sede Canela, o livro ‘Não Olhe Para Trás’. Flávia navega entre a crônica, o conto, a poesia e agora deságua seu ímpeto literário neste romance. Cidadã do mundo, a escritora ultrapassa fronteiras e territórios em busca de boas histórias.
Ficha Técnica
Livro: O General Estava Nu
Autora: Flávia Hartmann
Editora: Penalux
Impresso e e-book
ISBN 978-65-5862-238-3
Guaratinguetá – SP, 2021 (1ª edição)
146p, 21cm
Romance
Literatura brasileira
Onde comprar:
https://www.amazon.com.br/General-estava-nu
https://www.magazineluiza.com.br/o-general-estava-nu/p/fa5fd5ef1c/li/otli/
Instagram: https://www.instagram.com/angratur_flaviahartmann/
Site: https://www.soumasugestao.com.br/
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